Movida

Rodrigo Vieira   |   14/08/2018 18:29

Associações parabenizam e lamentam nova compra da CVC Corp

Air Tkt, Abav Nacional, Braztoa, Aviesp, Unav e Abracorp se posicionam


Divulgação/Air Tkt
Ralf Aasmann, da Air Tkt
Ralf Aasmann, da Air Tkt
A opinião de alguns principais consolidadores do Brasil ziguezagueia entre o otimismo com as possíveis oportunidades do mercado e o receio de um monopólio em detrimento da saudável concorrência.

Com os líderes de associações a situação não é diferente. Tem quem veja a situação com preocupação, principalmente os que defendem o lado "agência de lazer" da história, mas há quem avalie a situação com extrema tranquilidade. É o caso do diretor executivo da Air Tkt, a entidade que defende justamente o interesse dos consolidadores, Ralf Aasmann.

"Aquisições e fusões são normais no mercado, acontecem em outras áreas, basta ver empresas aéreas e outras indústrias fora do Turismo. O que pode acontecer é que algumas agências, clientes dos consolidadores, não necessariamente queiram comprar de uma empresa tão grande. A CVC Corp terá duas consolidadoras debaixo do mesmo guarda-chuva e pode ser que algumas agências optem por consolidadoras menores, em busca de um atendimento diferente. Isso depende do modelo de atuação de cada agência", afirma Aasmann. "Em relação à Air Tkt, a compra não apresenta grande impacto. Nosso presidente do conselho, Carlos Vazquez, da Esferatur, vai permanecer na associação. As duas continuam cada uma como uma associada separada."

Divulgação
Geraldo Rocha
Geraldo Rocha
O proprietário da GR Turismo, de Curitiba, Geraldo Rocha, que é presidente da Abav Nacional, mas prefere falar apenas em nome de sua empresa, diz que muitos de seus colegas estão receosos. "É de fato assustador ficar com essa parcela do mercado na mão de uma única empresa, pois assim se perde a concorrência. Quem comprava na Visual, Trend, Esfera, vai sentir algum impacto em seus negócios. Se isso vai ser bom, não sei dizer. Resta às regionais se sobressaírem com atendimento e produtos, pois tem agentes de viagens físicos que sentirão desamparo com um atendimento possivelmente mais distante. Compras assim nos deixa restritos de opções."

Emerson Souza
Fernando Santos, da Aviesp
Fernando Santos, da Aviesp
Desde que os rumores da aquisição se iniciaram, consolidadoras de outras regiões do País já começaram a bater à porta das agências no interior de São Paulo. "Muitos executivos do Sul e de outras regiões estão circulando por Ribeirão Preto, Campinas, Sorocaba e outras áreas. Era uma coisa muito rara de se acontecer anteriormente", testemunha o presidente da Aviesp, Fernando Santos. "Do lado positivo, vejo o fortalecimento de um grupo que já era enorme. Por outro lado, acabam ficando poucas opções para as consolidadoras independentes. Vai muito, portanto, do tipo de negócio que cada agência procura."


Emerson Souza
Inês Melo, da Unav
Inês Melo, da Unav
Inês Melo, da Stanfer Turismo e presidente da União Nacional de Agências de Viagens (Unav) demonstra preocupação. "Discutimos a compra internamente e há muitos associados receosos, com medo de um possível monopólio, embora ninguém saiba se isso de fato vai ocorrer. Não sabemos como será o futuro disso. Temos cada vez menos opções no mercado, e a concorrência sempre é saudável para ter valores mais acessíveis. A disputa entre as empresas é saudável para o mercado, então quanto menos concorrência existe, menos saudável é."


Marluce Balbino
Magda Nassar, da Braztoa
Magda Nassar, da Braztoa
Em uma visão mais ampla, a Braztoa comemora a movimentação do setor. Sua presidente, Magda Nassar, parabeniza a empresa por mais uma aquisição. "A CVC é um orgulho nacional na nossa indústria. Se eles adquiriram mais uma empresa, seja para aumentar a visibilidade ou por simplesmente acreditar no Turismo, o importante é que estão movimentando o mercado. Não vejo como concorrência desleal, pois as outras consolidadoras se mantêm muito bem, as outras operadoras também, cada uma com seus nichos", pondera Magda. "A CVC é inegavelmente a maior, talvez hoje seja uma das maiores do mundo. Se o grande objetivo deles é estar bem representado na bolsa, essa aquisição vem a calhar. Faz parte de um plano de longo prazo, não é algo que eles têm executado sem planejamento anterior. Parabéns, mais uma aquisição de mais uma empresa. Que eles sejam cada vez maiores e mais fortes. É importante ter empresas com esse nível de representatividade mundial."

Estende a opinião o presidente da Abav-SP, Edmilson Romão. "A compra da Esferatur pela CVC Corp é a prova cabal do prestígio que a maior empresa do setor na América Latina dedica aos agentes de viagens."

O past president da Abav Nacional e da Abracorp, Edmar Bull, também não vê a movimentação como monopolizadora e desleal. "O Turismo está crescendo com velocidade muito boa, e essas aquisições vêm para somar forças e abrir novas oportunidades. Compras assim também geram oportunidades para novos entrantes. É uma concorrência é salutar para todos os mercados."

CORPORATIVO

Jhonatan Soares
Jahy Carvalho, da Abracorp
Jahy Carvalho, da Abracorp
Pouco muda para as agências de viagens corporativas. Segundo o diretor executivo da Abracorp, Jahy Carvalho, a compra "representa um movimento natural de mercado e que não interfere no core business das TMCs, uma vez que a proposta de valor de uma consolidadora difere daquela que as agências de viagens corporativas proporcionam às corporações".

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