Fabíola Bemfeito   |   29/04/2022 15:48
Atualizada em 29/04/2022 15:52

Canal do Panamá recebe o navio Canival Spirit

Com o objetivo de fazer a travessia para o Pacífico, o Spirit passa pelo Canal do Panamá


PANROTAS / Fabíola Bemfeito
CIDADE DO PANAMÁ - Inaugurado em 1914 e ainda hoje considerado uma das maravilhas da engenharia no planeta, o Canal do Panamá costuma ser a primeira coisa que vem à mente de quem pensa em visitar ou passar pelo Panamá. Pois é tudo isso. Responsável por ligar o Oceano Pacífico ao Atlântico, via Mar do Caribe, e vice-versa, a estrutura agregou muito à economia global quando passou a permitir que os navios não tivessem que circular ao sul do continente americano para atravessar para o Pacífico, para países da Ásia ou o lado oeste de Estados Unidos e Canadá, por exemplo.

O caminho, que levava duas semanas para ser percorrido, com o canal e seus 80 quilômetros de extensão, caiu para dez horas. Hoje, 170 países usam o Canal do Panamá, que opera 24 horas por dia e atravessa em média mais 14 mil embarcações por ano entre os dois oceanos.

E não há grandes tecnologias como base da operação para subir ou descer os imensos navios que passam pelo canal: é tudo por gravidade. Cada embarcação precisa vencer uma altura de cerca de 26 metros, equivalente a um prédio de oito andares, que é a diferença para passar de um oceano e outro. A ligação é feita por meio de lagos artificiais, como Gatun e Miraflores, criados para evitar escavações de terra. E é por isso que os navios precisam subir e descer - os lagos, que foram inundados, estão acima do nível do mar.

ELEVADORES AQUÁTICOS
As câmaras de água das eclusas funcionam como gigantescos elevadores aquáticos. Para subir, enchem-se as eclusas até que o navio chegue à altura necessária para entrar no lago. Quando as câmaras têm o mesmo nível de água, as comportas se abrem e o navio pode passar e seguir seu fluxo.

Para descer, faz-se o processo inverso: as eclusas são esvaziadas até que cheguem ao nível do mar, oito andares mais baixo. Os navios vão abaixando e quando as câmaras têm o mesmo nível de água, novamente as comportas se abrem e os navios passam. Esse processo de enchimento e esvaziamento das eclusas para subir e abaixar o navio leva cerca de dez minutos.

Com a curiosidade em torno da obra, foi preciso criar centros de visitação para que moradores e turistas pudessem acompanhar a operação. O mais antigo deles é o de Miraflores, situado a cerca de 20 minutos da capital panamenha. Outro é o Centro de Água Clara, em Colón, no lado Atlântico, mais distante, a cerca de uma hora da Cidade do Panamá. Em Miraflores, o ingresso para o turista adulto custa US$ 10. A visita é composta por filmes, projeções, fotos históricas e textos que remetem à construção e explicam a operação do canal. E, ainda, dois mirantes para observação da passagem dos navios. Há até um cinema Imax e, claro, uma lojinha à saída.

SAUDAÇÕES
Depois de acompanhar a passagem de dois imensos navios, um de porte médio, três veleiros e duas pequenas embarcações locais, a reportagem do Portal PANROTAS foi surpreendida por um navio de passageiros da Carnival Cruise Line, o Carnival Spirit, com capacidade para cerca de 2,1 mil passageiros e mais de 900 tripulantes que, no fim da tarde, chegava à eclusa de Miraflores para fazer sua travessia rumo ao Pacífico.

Como já se aproximava o encerramento da operação do centro de visitação, as etapas finais da passagem não puderam ser vistas em sua totalidade, mas foi possível acompanhar sua chegada e a passagem pelas eclusas. A travessia foi uma festa, com todos celebrando o momento - passageiros, tripulantes e até mesmo os visitantes do centro, que saudavam alegremente os que estavam no navio.

Todas as áreas comuns do Spirit, bem como as cabines com varandas, estavam cheias de gente acompanhando a operação - o navio praticamente parou também para vê-lo ser abaixado para adentrar o Oceano Pacífico.

Ao passar as fotos que registraram os momentos, observe a chegada do navio; o esvaziamento das eclusas, já que o Spirit ia do Atlântico ao Pacífico em trajeto descendente; a quantidade de gente nas áreas abertas do navio; a saudação de passageiros, tripulantes e dos turistas do centro de visitação; e ainda como o navio passa bem rente às paredes do canal ajudado por pequenas locomotivas prateadas criadas exclusivamente para o local.

CURIOSIDADES
Para fazer a travessia, cada embarcação deve ter um capitão prático do Canal do Panamá em seu interior. Cada navio leva de oito a dez horas para passar por toda a extensão do canal, que é de 80 quilômetros, distância entre os dois oceanos. E mais: a água usada para encher as eclusas são originárias de rios e chuvas. São 100 milhões de litros jogados em cada câmara para enchê-las.

O preço da travessia, que sustenta o funcionamento do canal, pode chegar ao milhão de dólares, dependendo do tamanho e tonelagem da carga. Mas houve quem já tivesse pagado US$ 0,36, um homem que em 1928 decidiu atravessar nadando.

Ampliado apenas em 2016, com mais de um século de operação, até hoje o Canal do Panamá usa as comportas produzidas para sua inauguração no início do século 1920, que foram produzidas na Pensilvânia, nos EUA. Na eclusa de Miraflores, por exemplo, cujo centro de operação foi construído em 1913, todas as comportas originais ainda estão em uso, o que mostra o acerto da estratégia usada na construção.

O canal, inicialmente, seria construído pelos franceses. Eles já haviam feito o Canal de Suez, mais simples, já que não há diferentes níveis no caminho entre os mares Mediterrâneo e Vermelho, unidos pela estrutura. Os franceses, no entanto, não foram capazes de lidar com as doenças tropicais.

Os norte-americanos então assumiram a tarefa e foram administradores da estrutura, sozinhos ou em parceria com o Panamá, até 1999, quando a Autoridade do Canal do Panamá assumiu totalmente sua administração.

Viagem a convite da Sandals, voando Copa Airlines

Veja abaixo as fotos da passagem do Spirit e de um cargueiro gigante pelo canal.

Tópicos relacionados