Em meio a turbulência política, EUA "perdem" 1,3 mi de turistas de janeiro a julho de 2025
Entre maio e julho, as chegadas aéreas internacionais caíram 5,5% em relação ao mesmo período de 2024

Os Estados Unidos enfrentam uma queda significativa nas chegadas de estrangeiros em 2025, em contraste com a recuperação global do setor, que movimentou quase 700 milhões de turistas internacionais no primeiro semestre.
Dados da International Trade Administration, repercutidos pela The Economist, mostram que, entre maio e julho, as chegadas aéreas internacionais caíram 5,5% em relação ao mesmo período de 2024, acumulando uma retração de 3,8% no ano (o que representa 1,3 milhão de visitantes a menos).
O recuo ocorre em meio às turbulências políticas criadas pelo governo Donald Trump, marcadas por cortes em departamentos federais, atritos com aliados, novas tarifas comerciais e deportações em massa. O cenário afetou diretamente o setor de viagens, responsável por cerca de 3% do PIB americano.
O vizinho Canadá lidera queda
O impacto mais forte veio do Canadá, com redução de 7,4% no acumulado do ano e de 13,2% no verão (maio a julho). Além das chegadas aéreas, as travessias terrestres pela fronteira também despencaram, reflexo de boicotes após tarifas impostas contra exportações canadenses e até declarações de Trump sugerindo anexação territorial. No total, foram 841 mil turistas canadenses a menos no período.
Outras regiões também registraram retração: Oriente Médio (-327 mil), América do Sul (-54 mil), Ásia (-57 mil), Europa (-108 mil) e Oceania (-13 mil). Grandes aeroportos como Boston/Logan, Chicago.O’Hare e Nova York/JFK tiveram quedas entre 7% e 8% nas chegadas internacionais, enquanto destinos de lazer na Flórida, como Orlando e Tampa, conseguiram atrair mais visitantes, amenizando parcialmente o impacto.
Déficit de viagens em alta
Apesar da queda no Turismo receptivo, hotéis e resorts americanos têm compensado parte das perdas com maior gasto de viajantes domésticos de alta renda. No entanto, esses mesmos americanos estão viajando mais ao Exterior: as saídas internacionais cresceram 2,9% no ano.
O movimento ampliou o déficit de viagens, com mais gastos de americanos fora do país do que de estrangeiros dentro dele: o saldo negativo passou de 22% em 2024 para 27% em 2025. Para um presidente que tem no desequilíbrio comercial uma de suas principais bandeiras, os números representam um sinal de alerta.