Rodrigo Vieira   |   22/04/2022 02:43
Atualizada em 22/04/2022 02:50

Ausência no Summit WTTC realça fragilidade do Brasil como destino global

México e Colômbia são competidores latino-americanos com relevância maior do que a do Brasil no evento


Divulgação/WTTC Global Summit
Presidente da Colômbia, Ivan Duque participou virtualmente do evento
Presidente da Colômbia, Ivan Duque participou virtualmente do evento

MANILA (FILIPINAS) - A ausência do Brasil no Global Summit 2022 do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) é gritante. Mostra o tamanho do desafio que o País tem para que sua oferta turística de natureza, sobretudo de praia e sol, tenha, no Exterior, o reconhecimento ao qual tem potencial. Escancara o atraso de uma das maiores nações do mundo em relevância nesta indústria em termos de chegadas de visitantes internacionais.

Sim, o fluxo doméstico foi o socorro que fez um agonizante Turismo brasileiro sobreviver durante a pandemia, mas um evento do porte do summit realizado nas Filipinas automaticamente nos leva a um lugar onde é sempre amargo retornar: o da poeira que encrosta nossa vitrine turística global.

Mais de 1 mil participantes, empresários, mulheres e homens tomadores de decisão das grandes corporações globais fazem parte do evento e muito pouco se ouve falar no Brasil. Enquanto isso, concorrentes latinos, sobretudo mexicanos e colombianos, têm presença mais efetiva no evento. Até mesmo a relação da mídia convidada é um demonstrativo: o Portal PANROTAS é o único veículo brasileiro presente, enquanto a Argentina tem Ladevi e outros representantes da grande mídia, como o Clarín, assim como Colômbia e novamente o México têm mais representantes.

Falta de convite ao poder público brasileiro não foi. Mexicana, a vice-presidente sênior do WTTC, Virgínia Messina, explica que o Conselho mantém contato com os encarregados do Turismo no País.

"Temos contato com o governo do Brasil e convidamos seus membros. Como se nota, eles não puderam estar aqui, mas falamos com eles", afirma Virgínia. "A pandemia foi muito difícil no Brasil. Teve números impactantes em termos de casos de covid-19 e mortes pela doença, e o fechamento de suas fronteiras foi impactante. Isso sem dúvida não ajuda a imagem do País. E a economia também foi fragilizada, de maneira que os brasileiros viajaram menos ao Exterior. Com isso, realmente foi dado um enfoque maior ao Turismo doméstico, e efetivamente não temos visto exposição do Brasil no Exterior", completa a vice-presidente sênior do WTTC.

Todavia, nem só de convite se faz uma presença em um evento como o Global Summit do WTTC. Países-sede fazem um grande investimento para receber líderes mundiais do setor, como o fez a Argentina em 2019 e o México em 2020 (adiado para 2021), assim como é custoso ter estandes e espaço na programação do evento, como o faz a Colômbia em 2022. Mas são investimentos estratégicos e é assim que se conquista notoriedade internacional.

Vale lembrar que estamos bem distantes do México no número de visitantes internacionais anuais e antes da pandemia disputávamos lado a lado com a Argentina neste mesmo índice.

Aos brasileiros que tentam se convencer de que o País é potência como destino latino-americano no Turismo, a realização deste summit sem uma presença nacional efetiva seria um balde de água fria. O único painelista que mencionou o Brasil nos dois dias foi Luís Felipe de Oliveira, diretor geral do Conselho Internacional de Aeroportos (ACI), em um exemplo corriqueiro que nem está diretamente ligado ao nosso potencial turístico.

Dados da consultoria ForwardKeys mostram que o Brasil é o 15º país mais resiliente do mundo em termos de reservas aéreas para o verão IATA (julho-agosto) de 2022, 20% abaixo do mesmo período em 2019. Seria um índice animador, mas vê-se que países das Américas, como Costa Rica, Aruba, República Dominicana, Jamaica e México estão bem à nossa frente, não apenas resilientes neste mesmo período comparativo, mas com crescimento efetivo, já superando o pré-pandemia.

"O Brasil tem um potencial de recuperação muito forte como destino e como mercado consumidor para a América Latina. No entanto, o País ainda está atrás de outros da região e isso acontece principalmente pela força de seu mercado doméstico, que faz o Brasil ser menos dependente do viajante internacional, o que ajuda na resiliência da indústria, mas também faz com que a chegada de estrangeiros não seja tão fundamental como o de países do Caribe, por exemplo", destaca o vice-presidente de Insights da ForwardKeys, Olivier Ponti.

A PANROTAS é media partner do WTTC e usa seguro viagem GTA, incluindo proteção contra covid-19.

Tópicos relacionados