Filip Calixto   |   29/07/2025 18:45
Atualizada em 29/07/2025 19:05

Turismo cresce com planejamento e força do setor, avalia Guilherme Dietze

Setor resiste à instabilidade econômica e mantém alta com base em dados e estratégia

PANROTAS / Filip Calixto
Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP
Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP

CUIABÁ (MT) - Mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador, com inflação persistente, juros elevados e incertezas fiscais, o Turismo brasileiro tem demonstrado resiliência e exige, mais do que nunca, planejamento estratégico. Essa foi a principal mensagem da palestra de Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, durante o PANROTAS Next Cuiabá, realizado hoje (29) em Cuiabá.

Com base em dados atualizados e uma análise crítica da conjuntura econômica, Dietze destacou que o setor segue crescendo acima da média da economia nacional. No primeiro quadrimestre de 2025, o Turismo registrou um faturamento de R$ 90,4 bilhões - um crescimento de 7%, frente aos 3,5% de expansão do PIB nacional no mesmo período.

"O turismo é resiliente. Cresce mais do que o comércio e do que outros setores. As pessoas e as empresas não deixam de viajar, mesmo em tempos difíceis"

afirmou Guilherme Dietze.

Agricultura forte, Turismo fortalecido

Aproveitando o local de realização do evento, o palestrante sublinhou a conexão entre o agronegócio e o Turismo. O Estado, com forte vocação agrícola, tem se beneficiado do crescimento da safra de grãos - que deve atingir 333 milhões de toneladas em 2025, segundo ele.

Esse cenário se traduz em mais renda, empregos e viagens corporativas. Segundo Dietze, o aumento da renda regional impulsiona não só o Turismo de lazer, mas, sobretudo, o corporativo, criando um ciclo virtuoso de consumo.

Crédito, renda e consumo em alta

Apesar dos juros ainda elevados, o crédito ao consumidor cresceu 4,3% entre janeiro e maio, somando R$ 62 bilhões em novos financiamentos. Isso é reflexo da segurança no emprego, outro fator que sustenta o consumo e, consequentemente, as viagens.

Além disso, a massa de rendimentos da população - ou seja, o total da renda disponível corrigida pela inflação - alcançou seu maior nível da série histórica, proporcionando maior capacidade de consumo às famílias.

Redução no preço das passagens amplia acesso ao Turismo

Outro ponto positivo para o setor e especificamente para os agentes que participam do encontro foi a queda no preço médio das passagens aéreas saindo de Mato Grosso. Em abril, por exemplo, o valor médio ficou em R$ 658, o que favorece tanto o Turismo emissivo quanto o receptivo.

"Essa queda no preço cria oportunidades. Abre espaço para novos mercados e para mais consumidores viajarem", pontuou Dietze.

Tarifaço e o cenário internacional: impactos no médio prazo

Em relação ao chamado tarifaço - possível imposição de tarifas de até 50% sobre produtos exportados aos Estados Unidos -, Dietze foi cauteloso. Segundo ele, a medida ainda não está definida, mas já gera instabilidade e pode afetar o comércio internacional e a inflação brasileira.

"Esse é um cenário altamente político e pouco técnico. Se acontecer, o impacto será sentido na oferta, nos investimentos e até no preço de alimentos no médio e longo prazo".

Ele também alertou para os riscos de isolamento do Brasil no comércio internacional, em um momento em que outros países, como EUA e União Europeia, avançam em acordos bilaterais sem o país.

Planejamento como chave para a estabilidade

Para Dietze, o Turismo é uma atividade que exige previsibilidade, especialmente em um ambiente macroeconômico incerto. Ele lembra que as decisões de viagem são tomadas com antecedência - e que mudanças de última hora, como novos impostos ou instabilidades políticas, não impedem eventos ou viagens já programadas, mas afetam o futuro.

"O turismo é feito de planejamento. O segundo semestre já está praticamente contratado. O impacto de medidas como o tarifaço virá no médio prazo, por isso é essencial pensar com visão de longo prazo".

Em suma, o presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP reforçou que, apesar das incertezas e riscos à frente, o turismo segue sendo um dos motores mais resilientes da economia. Mas para manter essa força, o setor precisa de estabilidade, crédito acessível e políticas públicas que fomentem a mobilidade, a conectividade aérea e o consumo responsável.

O PANROTAS Next Cuiabá é patrocinado por Bahia Turismo, Copa Airlines, CVC, Europ Assistance, Governo da Bahia, Turismo de Curaçao, Turismo do Paraná, Setur-ES com Sebrae, Visual Turismo, com o apoio do Deville Cuiabá e Trade Turismo.

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