Laura Enchioglo   |   09/09/2025 09:56

FecomercioSP: Turismo busca novas estratégias para reter talentos e atrair jovens

Na reunião de agosto do Conselho de Turismo da FecomercioSP, especialista destaca práticas de gestão


PANROTAS / Filip Calixto
Guilherme Dietze preside o Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)
Guilherme Dietze preside o Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP)

O Turismo brasileiro enfrenta um dilema silencioso, mas estratégico — como tornar o setor mais atrativo para novos profissionais e, ao mesmo tempo, reter talentos em um ambiente cada vez mais competitivo e instável?

Essa foi a provocação central da reunião de agosto do Conselho de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), presidido por Guilherme Dietze, que contou com a participação especial de Juliana Aranega, especialista em gestão de pessoas, membro do Conselho de Turismo da Federação, diretora da Eco Eventos e vice-presidente da MPI Brasil.

Em sua apresentação, Juliana compartilhou dados, experiências e reflexões sobre o tema “Mudanças em movimento: Turismo, liderança e retenção de talentos”. Segundo a conselheira, o problema começa ainda na formação dos profissionais.

“Deixou de ser uma profissão de desejo. Os cursos técnicos e superiores de Turismo foram extintos em muitos lugares por falta de demanda. O setor sequer aparece no radar dos jovens do Ensino Médio como uma opção de carreira”

Juliana Aranega, especialista em gestão de pessoas, membro do Conselho de Turismo da Federação, diretora da Eco Eventos e vice-presidente da MPI Brasil

Desafios na base

Pixabay
Crise de atração, de acordo com Juliana, está relacionada à imagem que o setor projeta para o mercado
Crise de atração, de acordo com Juliana, está relacionada à imagem que o setor projeta para o mercado

A crise de atração, de acordo com Juliana, está relacionada à imagem que o setor projeta para o mercado. “É preciso promover o Turismo como uma área rica em possibilidades, e não apenas como sinônimo de carga horária exaustiva e de baixa remuneração. Temos contato com pessoas do mundo todo, oportunidades de viajar e trabalhar em ambientes diversos — isso precisa ser valorizado”, ressaltou.

A conselheira também destacou a importância de políticas de employer branding (gestão da marca empregadora) e de ações internas que fortaleçam o vínculo entre colaborador e empresa. “Na MCI, criamos squads [equipes multifuncionais] de recursos humanos com representantes de diferentes áreas. O objetivo é descentralizar as decisões e estimular a escuta ativa, gerando pertencimento e engajamento”, explicou.

Outro ponto fundamental apontado foi a mudança de postura das empresas: “A fidelização do talento não deve ser uma cobrança. A empresa precisa ser fiel aos sonhos do colaborador. É como um casamento: a conquista precisa ser diária”, apontou Juliana.

Retenção em foco

Juliana apresentou dados de pesquisas que reforçam a necessidade de rever práticas de gestão. “A rotatividade no Turismo é a maior entre todos os setores, superando até a publicidade, que já tem histórico de alta evasão. E não é apenas o salário que pesa. Benefícios, liderança, plano de carreira e escuta ativa são fatores decisivos para reter talentos”, pontuou.

A conselheira enfatizou, ainda, o impacto de contratações apressadas e onboarding falho. “Às vezes, por pressa, contratamos sem clareza de perfil ou KPIs [indicador-chave de desempenho], o que gera altos custos de reposição e perda de produtividade. O ideal é investir mais tempo na escolha certa e na integração do colaborador”, aconselhou.

Visão coletiva

A apresentação gerou ampla participação dos conselheiros. Gregorio Polaino, diretor executivo do Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP) e membro do Conselho de Turismo da Federação, destacou o desafio nas pequenas empresas: “Com 90% do setor formado por agências com até cinco funcionários, nem sempre é viável ter RH estruturado. Mas é possível inovar com pequenas ações de capacitação e escuta”, afirmou.

Eladio Paniagua Júnior, presidente do Sindicato da Empresas Locadoras de Veículos Automotores do Estado de São Paulo (Sindloc-SP) e vice-presidente do Conselho de Serviços da Entidade, chamou atenção para a urgência de adequações diante do novo perfil de trabalhador: “Hoje, o colaborador quer mais do que salário. Quer sentido, flexibilidade e reconhecimento. Se não houver adaptação, perdemos mão de obra qualificada para outros setores”, observou.

Ações futuras

A FecomercioSP segue comprometida com o debate e o fortalecimento do setor, promovendo encontros para ampliar o diálogo entre empresas, instituições de ensino e lideranças.

“Sabemos que o setor é heterogêneo e as soluções não serão padronizadas. Mas podemos avançar na construção de um ambiente mais humano, inovador e atrativo para quem quer construir uma carreira no Turismo”, concluiu Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP.

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