A Travelport está prestes a ser vendida por US$ 4,4 bilhões. Valor este “muito acima do que vale no mercado”, segundo o próprio diretor executivo da Travelport para as Américas, Simon Ferguson. A informação foi revelada nesta semana pelas próprias empresas de ativos privados que fizeram a proposta, Siris Capital Group LLC e Evergreen Coast.

De acordo com Ferguson, a negociação ainda não foi fechada apenas por questões regulatórias da Bolsa de Nova York; “Como temos nossas ações na bolsa, algumas regras devem ser seguidas, entre elas manter-se aberta por 45 dias para novas propostas de aquisição. Mas acho bem difícil aparecer alguém que supere os US$ 4,4 bilhões”, aponta o executivo.

O valor é referente a 88% das ações da Travelport, já que 12% já são da Elliott Associates, grupo que engloba a Evergreen Coast, que está realizando a nova aquisição. Com a aprovação do conselho de diretores, após os 45 dias de espera a votação para aprovação da venda passará para a mão dos acionistas - os shareholders da empresa de soluções tecnológicas para o Turismo receberão US$ 15,75 por ação.

ONE STOP BUY PARA AGENTES

Por mais que ainda falte uma aprovação por parte dos acionistas, Simon Ferguson vê a venda como certa. O dinheiro oferecido em suas palavras é quase irrecusável.

E o fato de ser acima do mercado não surpreende o diretor da Travelport para as Américas. Pelo contrário, ele acredita que o valor exorbitante reflete uma aposta no crescimento do uso da tecnologia para automatizar cada vez mais os processos de compra e pós-compra no Turismo.


O executivo aponta que o direcionamento da Travelport é exatamente crescer neste sentido, e não apenas no segmento aéreo, mas em ferramentas e conteúdo de todas as partes da compra de uma viagem.

“Hoje a maioria absoluta da nossa receita vem do aéreo. Mas nós temos visto a passagem como um mel. O agente que usar nossa plataforma, atraído pelo bilhete aéreo e com o intuito de comprar apenas ele, vai olhar em volta, para todos produtos que reunimos em nossa prateleira, e fazer a compra. Melhora a experiência do agente, a velocidade de atendimento de seu cliente final. É o one stop buy para agentes de viagens”, descreve o executivo.

BLOCKCHAIN PARA REUNIR HOTÉIS

Como exemplo deste investimento em diversificação, a diretora sênior de Soluções e Alianças da Travelport, Jasmeen Kaur, revelou uma das próximas inovações que deve trazer para a plataforma: o uso do blockchain para reunir informações de meios de hospedagem de pequeno porte.


“E estamos pensando especificamente na América Latina e Brasil ao desenvolvermos isso”, adianta Jasmeen. “O número de propriedades pequenas, pousadas, acomodações em países latinos que ainda não aparecem na maioria das plataformas de distribuição hoteleira é enorme. Com o blockchain, queremos captar essas milhares de opções a mais, para colocar na plataforma à disposição do agente. Isso pode até aumentar a competitividade e contribuir para tarifas mais acessíveis, já que de certa forma coloca mais oferta no mercado”, resume Jasmeen.

OPERAÇÕES MANTIDAS

Simon Ferguson fez questão de encerrar a conversa com o Portal PANROTAS garantindo que nada irá mudar nas operações da Travelport no Brasil com a venda da empresa. “E se mudar, vai ser para melhor. O que vai mudar é que ao invés de muitos acionistas, teremos duas empresas especializadas em tecnologia tocando as ações. E elas vêm com vontade de investir, a própria compra por US$ 4,4 bilhões mostra isso. A expectativa é só de crescer depois de concluída a aquisição”, conclui o diretor executivo nas Américas da empresa que cada vez mais quer investir e inovar em soluções tecnológicas para o Turismo