Artur Luiz Andrade   |   16/11/2020 11:58   |   Atualizada em 16/11/2020 12:03

Para Braztoa, alta temporada não chegará a 50% de 2019

Dados de outubro revelam preferência por viagens curtas, voos de até duas horas e resorts


Artur Luiz Andrade

Oitavo levantamento mensal da Braztoa, para medir a recuperação das vendas nas operadoras associadas e o impacto da covid-19 nos negócios aponta para “uma trajetória de retomada mais robusta para o setor de Turismo, mesmo diante de um cenário de faturamento menor que um ano atrás”.

Em outubro, 92% das operadoras realizaram vendas, o dobro das empresas que tiveram comercialização em abril, que se consolidou como o pior mês de 2020. Para 90% das operadoras, outubro foi melhor ou similar a setembro.

Quando o assunto é volume de vendas, 18% das operadoras apontaram ter tido um faturamento equivalente a 50% a 100% se comparado a outubro de 2019 e 4% já tiveram um faturamento maior que no mesmo período do ano anterior (em setembro eram 2%). O número de empresas cujo faturamento ainda é 90% menor do que em 2019 está em 35% (em abril, foi 80%), mesmo percentual que o das empresas que faturaram entre 11% e 50%, no mesmo período.

A tendência de aquisição de viagens com maior antecedência permaneceu em outubro. Não há clareza dos fatores que estão por detrás desse comportamento do brasileiro, mas especula-se que pode estar atrelado à oferta limitada de serviços e preços altos no curto prazo, expectativa de estabilidade da crise, surgimento da vacina, entre outros fatores.

No levantamento de outubro, 76% das operadoras disseram ter comercializado viagens cujos embarques se concentram no primeiro semestre de 2021, seguidas de roteiros que se realizarão em dezembro (63%), consolidando o Natal e o Réveillon entre os principais produtos do setor, mostrando que as alterações no calendário de férias parecem não ter comprometido as viagens da alta estação. Os embarques para o segundo semestre de 2021 fizeram parte das vendas de 45% das operadoras.

NORDESTE À FRENTE
Mais uma vez, a região Nordeste se destacou, fazendo parte das vendas da maior parte das operadoras. A região Sul aparece em segundo lugar, seguida do Sudeste. As regiões Norte e Centro-Oeste figuram em quarto e quinto lugares, respectivamente. Entre os destinos nacionais mais comercializados em outubro, destacam-se Salvador, Porto de Galinhas, Fortaleza, Serra Gaúcha, Gramado, Estado de São Paulo (com os destinos do interior), Rio de Janeiro e Amazonas.

No internacional, grande líder entre os destinos internacionais, o México, com destaque para Cancún, e República Dominicana, também vendida com Cancún, asseguraram a preferência pela região do Caribe. Na América do Sul, a Argentina lidera, seguida pelo Peru e pela Colômbia. Já no continente Asiático, Maldivas tem aproveitado a oportunidade para ganhar espaço frente a destinos mais tradicionais e se consolidando, mês a mês, entre os mais vendidos. Também se destacam Espanha, Portugal e Turquia. Os destinos dos Estados Unidos também aparecem com boa procura no mês de outubro, mesmo com as fronteiras ainda fechadas.

PERFIL DO VIAJANTE
Se a crise provocou mudanças no comportamento dos brasileiros, isso não afetou sua preferência pelos destinos de praia - o que tem ligação direta com a permanência do Nordeste e do Caribe como campeões nas vendas de viagens. A tendência de viagens para espaços abertos aparece em seguida, com os destinos do interior de São Paulo ganhando espaço (fazenda, campo e montanha), e logo depois estão os locais de natureza e ecoturismo. Em relação à duração, as viagens mais comercializadas tiveram um tempo médio de cinco a nove dias, seguidas das de curta duração (até quatro dias). As escapadas de final de semana aparecem em terceiro lugar e, na sequência, estão as viagens de longa duração (dez dias ou mais).

Os roteiros com voos de curta distância (menos de duas horas de duração) aparecem entre as preferências, seguidos das viagens com aéreo de longa duração (voos de mais de duas horas). Merecem destaque as hospedagens em longas distâncias ou outros Estados, seguidas das hospedagens em locais de curta distância (até 400 quilômetros).

Os resorts aparecem com maior destaque entre as opções para acomodação, bem próximos das hospedagens em hotéis de grandes redes, o que pode ter relação com a maior disponibilidade de leitos desses empreendimentos, por conta da proporção da sua capacidade ante estabelecimentos menores.

SEGURANÇA
Pela primeira vez, a pesquisa traz dados sobre a aquisição de seguros-viagem. Mais de 60% das operadoras Braztoa apontaram que a aquisição de seguros se manteve estável ou cresceu entre as demandas.

Mesmo levando em conta a melhoria paulatina dos negócios, para cerca de metade das operadoras, o faturamento da alta temporada (Natal, Réveillon, Janeiro) não atingirá 50% em comparação ao mesmo período de 2019.

Em relação à gestão, 22% das operadoras sinalizaram a pretensão de fazer contratações nos próximos dois meses, contando com uma retomada das atividades, volume de trabalho e de faturamento com a alta temporada. Já 59% das empresas pretendem utilizar ferramentas que possibilitem redução de jornada e salários, com o intuito de manter sua equipe.

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