Artur Luiz Andrade   |   22/05/2024 16:35

B2B da CVC Corp vai voltar a crescer, garante Fabio Godinho; saiba como

CEO da empresa conta que a rentabilidade das vendas já voltou e o crescimento virá de forma organizada

PANROTAS / Filip Calixto
Fabio Godinho, CEO da CVC Corp
Fabio Godinho, CEO da CVC Corp

O balanço da CVC Corp para o primeiro trimestre do ano trouxe um número de receita bruta (vendas) 21,4% menor em relação ao mesmo período do ano passado, em parte devido à queda nas vendas do B2B (21,4% também), dividida com uma diminuição de 50% na receita da Argentina. São R$ 800 milhões a menos em vendas, que vieram junto com melhoras significativas no EBITDA e no take rate, que chegou a 13% no B2C, recorde.

O CEO da CVC Corp, Fabio Godinho, falou com a PANROTAS na tarde desta quarta-feira, 22, e disse que o B2B vai voltar a crescer, mantendo a rentabilidade recuperada nos últimos 12 meses, quando retornou para comandar a empresa.

O calcanhar de Aquiles para o retorno do crescimento é a consolidadora Rextur Advance, que sofre ainda o efeito do fim das vendas para as empresas milheiras - o que deve se dissipar por completo a partir de junho. A Trend cresce com uma rentabilidade alta e a Visual deve trazer os resultados esperados e fazer a diferença em 2025. “Mas está em um patamar bom e esperado de vendas”, revela ele.

Confira abaixo alguns trechos da entrevista.

PANROTAS – O que a CVC Corp vai fazer para voltar a crescer no B2B?

FABIO GODINHO – Há diferentes dinâmicas envolvidas nesse fato (da diminuição de vendas do B2B). Primeiro recuperamos a rentabilidade das vendas. No primeiro trimestre do ano passado, o B2B cresceu mas queimando R$ 250 milhões do caixa. Temos um compromisso, desde que assumimos, há um ano, com os acionistas e demais stakeholders da CVC Corp de sermos responsáveis com rentabilidade e crescimento consciente, organizado. Voltar a crescer é uma prioridade no B2B da CVC Corp, e isso virá, mas não de forma explosiva e sim de forma consistente e mantendo a rentabilidade reconquistada. Vale destacar que as vendas gerais B2B caíram, mas a receita líquida cresceu 10% no B2B, são números saudáveis. No B2C esse crescimento foi de 20%.

Mais lojas no B2C

PANROTAS – Por que os resultados do B2C foram melhores? A que você atribui isso?

GODINHO – Abrimos 36 novas lojas no trimestre e vamos recuperar e voltar às 1.400. No segundo e terceiro trimestres as aberturas costumam ser bem mais aceleradas. Investimentos em produto, estamos muito próximos dos fornecedores, incluindo as companhias aéreas nacionais e internacionais. Estamos fazendo no internacional o que já fazemos no doméstico, que é focar em negociações diretas. E estamos mostrando aos parceiros fornecedores que o investimento no figital (físico + digital) e em lojas no interior do País estão trazendo novos clientes. Fazemos um investimento constante e contínuo em produtos, marketing, vendas e operações e em tecnologia estamos fazendo a transição de uma empresa analógica para mais digital e figital. O conhecimento que nossas lojas têm e a expertise regional dos franqueados e master franqueados são irreplicáveis e isso nos dá muita força no B2C.

PANROTAS / Filip Calixto
Bruno Heleno, diretor diretor geral da Trend, e Fabio Godinho, CEO da CVC Corp
Bruno Heleno, diretor diretor geral da Trend, e Fabio Godinho, CEO da CVC Corp

A volta do B2B

PANROTAS – E a força do B2B vem de onde?

GODINHO – Do time de especialistas, do atendimento – e a volta das unidades separadas de cada marca foi fundamental para essa melhoria no serviço –, da relação com os fornecedores... Como eu disse, o primeiro passo era voltar a rentabilidade, especialmente na RexturAdvance. E ela voltou. A Trend vem crescendo bem em 2024, com uma alta rentabilidade, um trabalho brilhante do Bruno Heleno, que neste momento, aliás, está em Orlando no Summit Trendcom os agentes de viagens e nossos parceiros.

Na RexturAdvance voltamos a focar nos clientes, voltamos a ter controle no crédito, derrubamos a inadimplência e com isso melhoramos a resposta aos agentes, temos um time de especialistas para atender as agências, que elas mesmas são grandes especialistas, em forma de respeito ao trabalho dessas empresas. Temos grandes craques na equipe como o Marcelinho, o Stefano, o Marvio... Já em junho, com o fim do impacto da suspensão de vendas às milheiras, que chegaram a R$ 40 milhões por mês, veremos a RA voltar a crescer, não com uma explosão de vendas, mas fruto desse atendimento, e mantendo a rentabilidade recuperada. Sem descontrole de margem ou de crédito. O EBITDA da RA no trimestre foi três vezes o da consolidadora no ano passado.

PANROTAS – Mas existe a pressão de ser a maior em vendas no B2B, já que a CVC Corp é a maior empresa de Turismo do País?

GODINHO – Não existe essa pressão. A pressão é pelo atendimento de qualidade, que sempre foi a marca da CVC, seja no B2C ou no B2B. Uma empresa vive de crescimento, claro, mas com rentabilidade, organização, controle de custos.

Visual e Trend

PANROTAS – A Visual não teve impacto ainda no balanço da empresa, pois foi lançada em janeiro. Quando trará os resultados que você espera?

GODINHO - Em 2025. Mas não quer dizer que já não esteja indo bem, com vendas este ano de R$ 150 milhões a R$ 200 milhões. É uma reconstrução e o Hugo Lagares está fazendo um ótimo trabalho para recuperar esse legado. Mas tecnologia não é da noite pro dia. Mesmo assim, a Visual cresce como esperado, com um tíquete médio 3,5 vezes maior que o da CVC e com 60% vindo do internacional, o inverso da CVC.

PANROTAS – O crescimento da Trend no trimestre passado foi de quanto?

GODINHO – Cerca de 10%, pois a Trend também sofre um pouco do efeito da RA em relação ao fim da venda de milhas. O foco agora é dar continuidade à execução. Estamos com a melhor governança possível.

PANROTAS / Guilherme Alcorta
Gustavo Paulus, investidor na CVC Corp e membro do Conselho, e Fabio Godinho, CEO
Gustavo Paulus, investidor na CVC Corp e membro do Conselho, e Fabio Godinho, CEO

Novo Conselho CVC Corp

PANROTAS – A mudança do Conselho anunciada na semana passada tem a ver com isso?

GODINHO – Sim, anunciamos a saída dos membros ligados ao Opportunity, que fez um trabalho ótimo e cumpriu sua missão com a gente. E que continua acionista. Mas isso abre oportunidades para outros conselheiros também chegarem, como o Tiago Ring, do Absolut, que tem de R$ 30 bilhões a R$ 40 bilhões sob sua gestão. É um grande voto de confiança para a companhia.

Enfim, estamos com o balanço no rumo certo, estratégia decidida, time montado... agora virá a velocidade resultante dessas estratégias. O crescimento já está vindo.

PANROTAS / Filip Calixto
Fabio Godinho
Fabio Godinho

Enchentes no Rio Grande do Sul

PANROTAS – Qual o impacto da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul para os negócios da CVC Corp?

GODINHO – Olha a resiliência do mercado uma vez mais está provada. Nosso master da região, o Mario Guaspari, já está chegando à metade de seu orçamento do mês, mostrando que as vendas estão voltando. Criamos na CVC um botão pelo qual o cliente pode escolher ser atendido por uma loja do Rio Grande do Sul e temos gerado 30 leads por minutos para as lojas do Estado. Assim que o aeroporto reabrir estamos prontos para reaquecer as vendas. A CVC é a mais impactada, pois o Rio Grande do Sul representa 6% das vendas, para a RA e a Trend é menos, com 1,8% e 3,2%, respectivamente. O Marcos Pessuto retornou à CVC Corp, na equipe do Rodrigo Galvão, e tem a missão de criar roteiros e produtos terrestres e já temos diversas rotas rodoviárias ou que incluem apenas a parte terrestre em cada cidade, e que abrangem da Serra Catarinense à Serra Gaúcha. A rede CVC é resiliente, o trade é resiliente e vamos apoiar o retorno das viagens ao Rio Grande do Sul.



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