Pedro Menezes   |   02/05/2025 11:10
Atualizada em 02/05/2025 11:29

Os principais pontos da entrevista do presidente da Braztoa à PANROTAS

Fabiano Camargo deu entrevista exclusiva sobre o colapso da ViagensPromo e sobre o momento das operadoras


PANROTAS / Emerson Souza
Fabiano Camargo, presidente do Conselho de Administração da Braztoa
Fabiano Camargo, presidente do Conselho de Administração da Braztoa

Você viu no Portal PANROTAS que o presidente do Conselho de Administração da Braztoa, Fabiano Camargo, deu uma entrevista exclusiva sobre o colapso da ViagensPromo, sobre o momento das operadoras, sobre a onda de desconfiança do mercado, entre outros assuntos tão pertinentes neste momento.

Para quem não leu a entrevista na íntegra, é só clicar AQUI. Já quem veio parar aqui em busca de um resumo dos pontos mais importantes, segue abaixo 10 pontos importantes citados pelo presidente do Conselho da Braztoa.

1. Avaliação da crise da ViagensPromo no setor

"A crise envolvendo a ViagensPromo certamente trouxe, e ainda traz, impactos relevantes para o mercado, que vão muito além das vendas afetadas, atingindo não apenas a imagem das operadoras, mas toda a cadeia do Turismo. Embora se trate de uma operadora, crises dessa magnitude colocam em xeque não apenas a empresa responsável pelos danos, mas o modelo de negócios como um todo. É natural que tenha gerado instabilidade e preocupação entre agentes, fornecedores, consumidores e também outras operadoras".

2. Relação de confiança com os agentes de viagens

"Já enfrentamos crises semelhantes no passado, tanto por quebras de operadoras quanto de agências de viagens. Recentemente, tivemos casos de grande repercussão envolvendo Hurb e 123 Milhas, agências de grande porte, além de diversos episódios de golpes praticados e noticiados por agências de viagens de menor escala nos últimos anos, nos quais operadores, hotéis e outros prestadores de serviço acabaram assumindo os prejuízos".

"Este não é um momento para desconfiança, mas para que as empresas atuem de forma conjunta e reavaliem seus parceiros, priorizando aquelas que agem com ética, transparência e seriedade, entregando confiança para toda a cadeia. Situações como essa servem de alerta e reforçam a importância de critérios técnicos, reputacionais e de segurança na escolha de parceiros comerciais, fornecedores e clientes. Não podemos generalizar ou julgar o setor por conta de uma ou poucas empresas não idôneas"

3. Conta da ViagensPromo realmente não fechava

Divulgação
A conta da ViagensPromo realmente não fechava, ou seja, para o modelo de gestão que ela adotava
A conta da ViagensPromo realmente não fechava, ou seja, para o modelo de gestão que ela adotava

"Como se pode observar, a conta da ViagensPromo realmente não fechava, ou seja, para o modelo de gestão que ela adotava, a afirmação foi verdadeira. Entretanto, contamos com 56 operadores associados à Braztoa que comprovam que, com gestão equilibrada, aversão a riscos, disciplina financeira e boas relações comerciais, o modelo de operação não apenas é viável, como também é rentável"

"Caso a ViagensPromo fosse associada à Braztoa, não apenas teríamos emitido o comunicado (Carta Aberta ao Mercado), como também colocaríamos em prática nossa gestão de crise, nos aproximando ao máximo da empresa e buscando soluções conjuntas com nossos associados, mitigando os impactos causados, como, aliás, já ocorreu em situações no passado".

4. Boatos sobre crise geral das operadoras

"Infelizmente surgiram diversos boatos sem qualquer base concreta após o início da crise da ViagensPromo. Essas informações infundadas geram pânico desnecessário, especialmente entre os pequenos agentes de viagens, já fragilizados, mas acabam também atingindo operadores experientes. Incentivamos um ecossistema coletivo dentro da associação, pois é muito mais fácil crescer em grupo do que isoladamente"

"É essencial diferenciarmos quem está de fato empenhado em construir soluções e fortalecer o setor, daqueles que apenas se aproveitam de momentos de crise para autopromoção ou ganhos próprios. São estas 'pseudo associações' surgidas em redes sociais, que frequentemente disseminam desinformação e oferecem falsas promessas. Foi justamente a crença nesses 'milagres' que contribuiu para que muitos se deixassem iludir pela ViagensPromo"

"Por fim, sabemos que, algumas vezes, surgem boatos alimentados por concorrentes. Não cabe a nós julgar as intenções por trás disso, que podem variar desde a falta de conhecimento até interpretações equivocadas do cenário. O fato é que, quando esse tipo de especulação se soma à atuação de mídias sensacionalistas e à proliferação de grupos em redes como WhatsApp e Instagram que divulgam informações falsas para ganhar visibilidade, criam-se falsos problemas. É fundamental que o trade busque sempre se informar por meio de veículos confiáveis, como a PANROTAS, entre outros".

5. Braztoa não acredita em fundos e nem em pagamento em tempo real

PANROTAS / Emerson Souza
Fabiano Camargo, presidente do Conselho de Administração da Braztoa
Fabiano Camargo, presidente do Conselho de Administração da Braztoa

"Não acreditamos que a criação de um fundo garantidor apenas para operadoras seja a solução. Em países onde existem mecanismos semelhantes, o fundo abrange toda a cadeia do Turismo: agências de viagens, operadoras, hotéis e demais membros, com todos contribuindo para que ele seja, de fato, robusto e capaz de atender a eventuais emergências. Um fundo só é viável se abranger todos os setores do Turismo, independentemente de associações e, principalmente, se for regulado pelo setor público".

"Sobre o pagamento em tempo real aos fornecedores, não é viável e tampouco seria a solução. Ao contrário, apenas encareceria a operação e aumentaria os riscos do negócio. Essa ideia partiu de quem desconhece a dinâmica do setor e ignora a complexidade e diversidade do mercado de Turismo no Brasil".

6. Mudança na mentalidade e na escolha do parceiro comercial

"Reforçamos a importância da escolha criteriosa do parceiro comercial, especialmente quando ele atua na intermediação de serviços ou produtos. É fundamental pesquisar sobre o fornecedor, consultar certidões públicas disponíveis e analisar essas informações com parcimônia. Se vende muito resort por meio de um operador, entre em contato diretamente para confirmar se os pagamentos estão em dia".

"Muitas vezes, sinais de risco são percebidos, mas ignorados. Em uma audiência pública no Distrito Federal, um agente chegou a afirmar que sabia dos problemas da ViagensPromo, mas, ainda assim, decidiu continuar comprando. Por isso, é fundamental que os agentes de viagens avaliem com profundidade seus parceiros comerciais"

"É preciso refletir: em que critérios essas escolhas estão baseadas? Na consistência do fornecedor ou em atrativos superficiais, como comissões mais altas, brindes, estandes chamativos ou eventos exclusivos? Não se pode deixar levar por promessas ilusórias que desafiam a lógica do mercado. A escolha deve considerar a postura da empresa, sua reputação, a regularidade da operação e a coerência entre o que promete e o que pode entregar".

7. Justiça tende a responsabilizar toda a cadeia em prol do consumidor


Justiça tende a responsabilizar solidariamente todos os envolvidos na cadeia — inclusive agentes de viagens e operadores — para proteger o consumidor
Justiça tende a responsabilizar solidariamente todos os envolvidos na cadeia — inclusive agentes de viagens e operadores — para proteger o consumidor

"Quando ocorre uma falência ou problema, como no caso da ViagensPromo, as relações entre empresas são tratadas com base nas leis civis e comerciais, ou seja, como questões comerciais comuns. Já quando o impacto atinge o consumidor, entra em cena o Código de Defesa do Consumidor, que garante uma proteção especial".

"O grande ponto é que, hoje, a Justiça tende a responsabilizar solidariamente todos os envolvidos na cadeia — inclusive agentes de viagens e operadores — para proteger o consumidor. O problema é que, muitas vezes, esses profissionais também são vítimas da falência do fornecedor".

8. Governo deveria exercer um papel imprescindível de fiscalização

"O governo deveria exercer um papel imprescindível de fiscalização, considerando que, para atuar como prestador de serviços turísticos, é necessário cumprir requisitos legais e possuir cadastro específico (Cadastur). Essa necessidade é ainda maior no caso das empresas aéreas, que operam mediante concessão de serviço público. No entanto, a realidade não corresponde a essa exigência".

"Ao longo dos anos, temos visto empresas — inclusive aéreas — atuando sem que o governo, responsável por conceder a permissão para a prestação do serviço público, se manifeste. Seria fundamental abrir uma discussão com o poder público para que ele traga essas respostas ao setor e, em conjunto, possamos buscar soluções".

"Além disso, é imperativo que o governo fiscalize a Iata, que impõe garantias excessivas a agentes e operadores para a venda de bilhetes, mas, em contrapartida, não exige qualquer garantia das companhias aéreas para operarem no Brasil — mesmo diante dos inúmeros prejuízos já causados por essas empresas ao mercado".

9. Como os agentes de viagens podem ajudar o setor?

PANROTAS / Da Redação
É essencial agir com responsabilidade, escolhendo bem os parceiros, mantendo uma postura ética e transparente, e evitando as 'promoções mágicas' que, vez ou outra, surgem no mercado
É essencial agir com responsabilidade, escolhendo bem os parceiros, mantendo uma postura ética e transparente, e evitando as 'promoções mágicas' que, vez ou outra, surgem no mercado

"Os agentes são a razão de existir dos operadores e, por isso, seus principais parceiros. Ressalto a palavra PARCEIROS. Em uma cadeia tão interligada como a do Turismo, na qual agentes e operadores atuam como intermediários, essa união é fundamental".

"Quando os agentes se posicionam apenas como clientes e exigem condições inviáveis para comercializar, toda a cadeia acaba sendo impactada. É essencial agir com responsabilidade, escolhendo bem os parceiros, mantendo uma postura ética e transparente, e evitando as 'promoções mágicas' que, vez ou outra, surgem no mercado"

10. As perspectivas para o futuro do segmento

"Apesar do caso da ViagensPromo, as perspectivas para o setor são excelentes. O Turismo mantém um viés de alta, e os operadores têm registrado, nos últimos anos, um crescimento expressivo. Nossas pesquisas internas indicam que essa tendência positiva deve continuar nos próximos anos".

"Estamos vivendo um momento de expansão no setor, no qual o suporte ao consumidor se tornou ainda mais relevante após a pandemia. As operadoras Braztoa compreenderam essa transformação, se adaptaram e seguem atuando com responsabilidade"

"Já o canal de distribuição segue um padrão muito semelhante em todo o mundo. Não existe fórmula mágica nem soluções milagrosas. Entre nossos associados, quase 80% das vendas são realizadas por meio de agências de viagens e essa realidade tende a se manter. O foco do operador é, e continuará sendo, o trabalho com as agências parceiras. O B2C existe como um complemento, jamais como substituição desse elo da cadeia".

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados