Caso Juntos Pelo Mundo: após operadora pedir autofalência, como ficam os clientes?
Site e instagram da operadora estão fora do ar e proprietários não respondem às mensagens enviadas

A operadora Juntos Pelo Mundo, que tem como diretores Caio César Magalhães e Débora Dalvanso, ingressou no último dia 19 com pedido de autofalência, alegando dificuldades financeiras e operacionais, o que deixou milhares de agentes de viagens e clientes na mão.
O Portal PANROTAS acompanha este caso desde setembro do ano passado, quando a operadora Global Travel faliu e a Juntos Pelo Mundo disse que operaria os pacotes dos clientes lesados. Porém, a operadora não conseguiu ir adiante com o prometido, cancelando os pacotes e alegando problemas financeiros e operacionais para isso.
Após a repercussão do caso, a Juntos Pelo Mundo tirou seu site do ar, bem como seu instagram. O proprietário da empresa, Caio César Magalhães, não responde mais às mensagens enviadas pela reportagem do Portal PANROTAS. E como fica a situação dos agentes de viagens e clientes lesados pela operadora?

Com prejuízos que chegam – e ultrapassam R$ 120 mil -, muitos relatam o desespero diante do sumiço dos proprietários da Juntos Pelo Mundo, que não respondem nem agentes de viagens e nem clientes. Para concentrar as denúncias, foi criado o instagram @juntospelomundo_fraude, bem como um grupo de Whatsapp.
Sem respostas e com muitos prejuízos, agentes e clientes estão desesperados com o rombo financeiro gerado pela operadora. Confira, abaixo, alguns depoimentos de clientes prejudicados:
“Comprei essa viagem para realizar um sonho: comemorar meus dez anos de casada e meu aniversário com uma cerimônia nas Maldivas. Desde o início deixei claro para a Débora (Dalvanso, proprietária da Juntos Pelo Mundo) o quanto essa data era especial para mim e meu esposo. Mas depois de quitar o pacote, ela simplesmente parou de me responder como antes. Além do prejuízo financeiro, ficou a dor de ver um sonho destruído de forma tão cruel” - Bruna Leal, administradora do grupo Lesados Juntos no DF).
“Hoje, infelizmente, fui pega de surpresa com essa notícia (do pedido de autofalência de operadora). Estava com viagem marcada no mês de março, aniversário do meu bebê, e o pior não foi só o meu pacote de viagem, foi que eu indiquei várias amigas, minha mãe, que é idosa, a minha tia... e todas elas estão com pacotes comprados e pagos na Juntos pelo Mundo. E hoje eu recebo a notícia que ninguém vai poder realizar as viagens. Como eu passo essa informação aos meus familiares? Para mim isso foi bem frustrante, mesmo. Me sinto muito mal por ter indicado essa agência. E infelizmente ninguém vai conseguir realizar a viagem. Foi uma luta, tivemos muita dificuldade para marcar as férias, e simplesmente não vamos mais poder viajar" - Ayeda Santos, de Brasília
"Meu nome é Jessica Ferreira da Silva. Em 2024 viajei (por intermédio deles) e foi tudo maravilhoso. Por isso, compramos as passagens para Maceió cheios de expectativas, mas agora estamos vivendo esse verdadeiro terror. Estou extremamente arrasada. Íamos realizar o sonho da minha mãe de conhecer Maceió: pagamos o valor total da viagem, que foi de R$ 6.796,00, organizamos as férias no trabalho e agora, além de não poder viajar, ficamos com um prejuízo absurdo. Para nós, esse valor é muito alto e, infelizmente, não teremos condições de arcar com outra viagem no momento".
"Conheci a empresa Juntos pelo Mundo por indicação de uma amiga e, acreditando na proposta, comprei pacotes de viagem com eles. No mês passado, antes de viajarmos para Gramado (RS), minha filha encontrou reclamações no Reclame Aqui. Ficamos preocupadas, mas como a viagem para Gramado aconteceu, acreditamos que estava tudo certo. Por isso, seguimos tranquilos com o próximo pacote, já quitado para novembro. Infelizmente, descobrimos que tudo não passa de um golpe. Perdemos R$ 6 mil pagos em boleto e Pix, em uma viagem que estava planejada para Porto de Galinhas (PE). A parte mais dolorosa não é só o dinheiro, mas a destruição de um sonho em família. Hoje, o que temos é tristeza, frustração e um sentimento de impotência. É revoltante ver projetos e planos feitos com tanto carinho serem jogados fora por uma quadrilha que se aproveita da confiança das pessoas. Essa viagem não era apenas lazer, era um presente para nossa família, algo que esperávamos viver juntos e que agora se transformou em dor". - Isabel Mignot, de Brasília.
"Tudo começou na metade de 2023, quando eu procurava um pacote de viagem, fazia várias pesquisas e caí em uma vendedora chamada Vai Viajar Sim, que operava por meio da antiga Global Travel. Entrei num grupo de WhatsApp, lá as vendas e o anúncio de pacotes aconteciam e eu fui acompanhando durante alguns meses. Até que chegou novembro, teve a Black Friday e, com as promoções, acabei fechando dois pacotes para Paris. Fiz em 18 parcelas, paguei todas em um dia via Pix. Porém, chegou no comecinho de 2025, a minha vendedora avisou que a Global Travel havia sofrido um golpe e os clientes iriam migar para a Juntos Pelo Mundo.
Quando foi dia 8 de agosto de 2024 recebi um email dizendo que por problemas operacionais não seria possível realizar o meu pacote de viagem, dando a opção de reembolso ou remarcar a viagem faltando 30 dias para a data que eu havia escolhido. Acabei tendo uma crise de ansiedade muito forte, eu estava no meu ambiente de trabalho, fui parar no hospital tive que ser medicado.
Durante dois dias eu não conseguia assimilar nada, quase me enfiei em dívidas, no desespero de tentar fazer a viagem acontecer, afinal de contas era um presente de aniversário para meu namorado, que já estava com malas feitas, passaporte, o euro trocado e contando os dias para isso acontecer. E aí depois veio a pior parte, que é você sentar para pessoa e contar que não vai acontecer e que você caiu num golpe. Depois, fiquei tentando contato pelo WhatsApp, redes sociais, porém ninguém respondia. E aí para o reembolso eles deram um prazo de 30 dias, só que nunca mais me responderam. E agora o que me resta é correr atrás do prejuízo. - Fabio.