Filip Calixto   |   03/10/2025 10:06
Atualizada em 03/10/2025 16:46

Michael Barkoczy rebate citação de Kido e nega vínculo com a operadora ViagensPromo

Executivo da ETS afirma nunca ter investido na operadora e classifica acusações como absurdas

PANROTAS / Filip Calixto
Michael Barkoczy, CEO da ETS (Easy Travel Shop)
Michael Barkoczy, CEO da ETS (Easy Travel Shop)

Citado por Renato Kido e por seu advogado em entrevista concedida nesta semana, Michael Barkoczy, CEO da ETS (Easy Travel Shop), respondeu às declarações e negou qualquer envolvimento societário ou como investidor da ViagensPromo. Surpreso com o reaparecimento do ex-diretor da operadora e com o conteúdo de sua fala, Barkoczy afirmou que o assunto deve ser tratado pela Justiça e que não pretende se estender em comentários.

Na entrevista, Kido e sua defesa alegaram ter vencido mais de 90% das ações movidas contra a ViagensPromo, incluindo processos de agências, hotéis e empresas do setor. Entre elas, citaram a ETS, vinculando Barkoczy como sócio e investidor da operadora. "Ele era o controller da operação e depois veio a público dizer que não era sócio. Mas a verdade é que o Renato tinha uma sociedade com ele, que era investidor da ViagensPromo. A ETS e o Michael são um de nossos focos. Estamos buscando ressarcimento por todo o prejuízo que ele causou à ViagensPromo", declarou o advogado de Kido.

Em réplica, Barkoczy classificou a acusação como "absurda" e ressaltou que jamais teve participação financeira na operadora. "Esclareço de forma categórica: nunca investi um único centavo nesta empresa", apontou o executivo da ETS. Para ele, a tentativa de transferir responsabilidades representa uma afronta a todo o setor. Barkoczy e Kido foram sócios na ViagensCorp, uma outra empresa criada por Kido, como ele comprova aqui nesta entrevista.

"A tentativa de envolver o meu nome é absurda e poderia, inclusive, ser passível de ação judicial"

reiterou Michael Barkoczy.

O executivo ainda lembrou os impactos causados pela quebra da ViagensPromo em toda a cadeia turística. "Agências, consolidadoras, companhias aéreas, receptivos, hoteleiros, operadores, funcionários e inúmeros parceiros foram duramente lesados. Muitos de nós confiamos no Sr. Kido, mas infelizmente estávamos diante de um verdadeiro 'lobo em pele de cordeiro'. Todos fomos vítimas do enorme embaraço causado pela ViagensPromo", concluiu.

Na época da paralisação de operações da ViagensPromo, Barkoczy falou à PANROTAS sobre a dívida de R$ 2 milhões que a operadora deixou com a ETS (e que a empresa de Barkoczy está analisando a forma viável para poder saldar os fornecedores). Em abril deste ano, ele deu essa entrevista, onde aborda a confissão da dívida pela VP e a época em que foi sócio de Kido com 10% da ViagensCorp. Leia aqui.

Comunicado do Protur

A Protur rebateu as declarações do fundador da ViagensPromo, afirmando que não há soluções concretas para os prejuízos causados a agentes e consumidores, apenas discursos vazios. Segundo a entidade, a empresa não cumpriu decisões judiciais, não apresentou provas de reparação e deixou agências arcando com enormes perdas financeiras e sociais. Leia na íntegra:

Prezados(as),

Nós, da PROTUR, recebemos com surpresa e perplexidade as declarações dadas pelo fundador da ViagensPromo em entrevista à PANROTAS.

As falas apresentadas não têm base concreta e soam mais como uma tentativa de autopromoção ou manobra, sem trazer nenhuma solução real para os graves problemas causados a consumidores e agentes de viagens.

Até hoje, não houve qualquer explicação sobre o destino do dinheiro pago pelos passageiros, que deveria ter sido repassado aos fornecedores responsáveis pelas viagens e serviços contratados.

Muitas solicitações de documentos e cartas de estorno não foram atendidas, chargebacks não foram autorizados pelos bancos e, em alguns casos, os que chegaram a ser adiantados voltaram a ser cobrados após análise bancária. Pagamentos via PIX, depósitos e transferências efetuados nas contas da VP não foram devolvidos. Quanto às alegações de um suposto trabalho diário em resolver os problemas das agências e dos passageiros, nenhuma prova, fato ou documento foi apresentado, o que retira qualquer credibilidade dessas afirmações.

A solução para os problemas é, essencialmente, financeira: dinheiro. E quanto a isso, o Sr. Kido não apresentou uma única vírgula em seu relato sobre de onde sairia o montante necessário para reparar os danos suportados pelos agentes.

Nos processos acompanhados pela equipe da PROTUR em todo o país, a ViagensPromo nunca foi absolvida. Pelo contrário, a Justiça tem responsabilizado a empresa de forma reiterada, por meio de diversas decisões liminares — determinando que honrasse viagens, e que não foram cumpridas, suspendesse pagamentos e, inclusive, em condenações que até agora não foram pagas. Em muitos casos, infelizmente, as agências de viagens também foram responsabilizadas solidariamente, arcando com prejuízos que não lhes cabiam, justamente por terem confiado na empresa do Sr. Renato Kido.

Os processos que buscam ressarcimento contra a VP ainda estão em andamento porque há enorme dificuldade em localizar a empresa, que fechou sua sede e escritórios, bem como seu administrador, o Sr. Kido, ou bens em nome da empresa que possam garantir o pagamento dos débitos. Isso demonstra como são frágeis as declarações de que haveria alguma solução concreta em curso.

Na prática, os fatos comprovam que os agentes de viagens continuam sendo gravemente prejudicados, seja por terem honrado, com recursos próprios, as viagens de seus passageiros, seja por terem assumido o encargo de reembolsá-los. As consequências foram devastadoras: inúmeras agências fecharam as portas, empregos foram perdidos e, de forma ainda mais dolorosa, chegaram à PROTUR relatos de profissionais que, diante do desespero financeiro e emocional causado pela situação, chegaram ao ponto extremo do suicídio. Essa é a realidade concreta que não pode ser mascarada por discursos vazios ou manobras retóricas.

A PROTUR reafirma seu compromisso em defender, de forma firme, os agentes de viagens e seguirá vigilante em todos os desdobramentos desse caso.


Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados

Foto de Filip Calixto

Conteúdos por

Filip Calixto

Filip Calixto tem 7432 conteúdos publicados no Portal PANROTAS. Confira!

Sobre o autor

Integrante da equipe PANROTAS desde 2019, atua na cobertura de Turismo com olhar tanto para as tendências do mercado quanto para histórias que movimentam o setor. Formado em Comunicação Social com ênfase em Jornalismo e também em Processos Fotográficos, formações que permitem colaborar de forma dupla com a redação - entre textos e imagens. Fora do trabalho, encontra inspiração no samba, no cinema, na literatura e nos esportes