Artur Luiz Andrade   |   15/09/2022 15:19 Atualizada em 15/09/2022 17:00

Abav Expo, IRRF, OTAs e mais: 11 perguntas para Magda Nassar

Presidente da Abav Nacional vê a Abav Expo como bem mais que um encontro de profissionais

A Abav Expo promete uma vez mais reunir o Turismo do Brasil, em Recife, na 49ª edição do evento, mas a presidente da entidade organizadora, Magda Nassar, quer que a feira seja vista como bem mais que um encontro de profissionais. A Abav Expo, segundo ela, é um fomentador do Turismo, um evento que visa ao desenvolvimento dessa indústria e que quer mostrar todo o Brasil aos profissionais, daí a importância da volta da itinerância. Isso não quer dizer que os destinos internacionais não estarão presentes.

PANROTAS/Emerson Souza
Magda Nassar
Magda Nassar
Magda comemora a volta de expositores dos Estados Unidos e ainda uma caravana com mais de 40 compradores internacionais, em parceria com a Embratur. “É um evento comercial? Sim, a entidade depende dele para viver o ano todo e defender os agentes de viagens. Mas é muito mais um evento de fomento do Turismo. Nosso interesse é desenvolver o Turismo do Brasil, pois toda a cadeia produtiva ganha com isso. Não somos uma empresa organizadora de eventos. Temos compromisso com o Brasil, com a vinda de turistas estrangeiros, com o aumento das viagens domésticas, com a criação de produtos, com a melhoria dos destinos, com o incremento da legislação do nosso setor. Somos um evento feito por agentes de viagens, para agentes de viagens, em prol do Turismo brasileiro. E não para bater metas de vendas”, diz Magda Nassar em entrevista à PANROTAS.

Prometendo anunciar o evento de 2023 durante a Abav Expo de Pernambuco, ela fala de importantes temas atuais, como a crise das OTAs e a demora na mudança do IRRF para remessas ao Exterior, e se mostra otimista com a classe que representa e com a retomada do Turismo.

PASSE NO ESTANDE PANROTAS NA ABAV EXPO 2022
Antes de seguir adiante na entrevista com Magda Nassar, é importante informar que este conteúdo também está disponível na Revista PANROTAS Edição Especial Guia de Férias 2022/2023, que pode ser lido virtualmente ou na versão impressa, em exemplares que serão distribuídos na Abav Expo 2022, em Pernambuco.



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CONFIRA A ENTREVISTA
PANROTAS – A itinerância da Abav Expo veio para ficar? Tem dado certo?
MAGDA NASSAR – Foi uma decisão dos presidentes de Abav, do sistema Abav, e é muito gratificante ver a alegria dos destinos em receber o evento, em enviar suas propostas. O Brasil precisa ser mostrado. Precisamos rodar o Brasil e ver os produtos fantásticos que temos. Não sei se a itinerância é para sempre, mas nesse momento está dando super certo e pelos próximos anos acredito que continue.

PANROTAS – E qual o principal critério para a escolha da sede? O aporte financeiro do destino candidato?
MAGDA – Não fazemos leilão. Não revelamos de quanto é a proposta de cada destino, pois a escolha, além dessa proposta comercial, leva em conta infraestrutura, acomodações e o apoio da hotelaria, transporte, tamanho do pavilhão... É uma decisão técnica. Podíamos fazer leilão? Poderíamos. Mas não é o objetivo. A Abav Expo é o maior evento de Turismo do Brasil e a preocupação é grande com o desenvolvimento do setor. Precisamos de dinheiro para manter a entidade, mas também é importante contribuir com o Turismo em geral. Não somos uma organizadora de eventos e sim uma associação séria e comprometida com o setor.

PANROTAS – A itinerância também traz desafios de mobilidade e do efeito sanfona da feira. Como a Abav encara isso?
MAGDA – O Brasil é um país continental e em qualquer evento, se queremos a participação de agentes de viagens de todos os Estados, haverá gastos com a mobilidade. Quando o evento é em São Paulo, quem é de outros Estados precisa se deslocar. Investir no melhor evento de Turismo no País é algo que o agente de viagens valoriza. Então a itinerância a cada ano leva a feira para mais perto de um mercado. Não podemos concentrar todos os eventos em São Paulo, ainda mais um evento de Turismo. Este ano, a feira em Pernambuco terá 1.500 metros quadrados a mais que em 2019, ou seja, do mesmo tamanho que o último evento em São Paulo, antes da pandemia.

PANROTAS – E qual será o próximo destino onde a feira se realizará em 2023?
MAGDA – Já está escolhido, depois de visitas técnicas a três finalistas, mas só vamos divulgar no dia 22 de setembro, na Abav Expo de Recife.

PANROTAS – Qual o diferencial da Abav Expo?
MAGDA – É um evento feito por e para agentes de viagens. Não um evento comercial. É feito por uma entidade que quer fomentar o Turismo. Temos uma busca constante de diversidade no evento, abrigamos vários eventos paralelos, como as reuniões dos secretários de Turismo, ações por toda a cidade. Nosso maior orgulho é o legado que deixamos para as cidades. Além dos negócios gerados para os agentes de viagens e ainda as capacitações e palestras, que serão mais de 75 este ano, com mais de 5 mil profissionais capacitados em três dias. Ninguém tem isso. E este ano, em parceria com a Embratur, estamos trazendo mais de 40 hosted buyers estrangeiros, dos Estados Unidos, Europa e América do Sul. Além de 1,5 mil profissionais do Brasil em caravanas aéreas e rodoviárias, sem contar as caravanas extraoficiais.

PANROTAS – Você falou na Vila do Saber, mas antes a Abav tinha um Congresso para debater os temas da categoria. Não há perspectivas de um retorno do Congresso da Abav?
MAGDA – Queremos há muito tempo fazer um summit, para levar esses grandes temas ao debate. Mas nosso papel é debater o ano todo e destaco nosso trabalho em Brasília, nossas lives, o Iccabav, estamos o ano todo debatendo. E na Vila do Saber teremos discussões importantes sobre a Lei Geral do Turismo e o encontro Resenha com Elas.

PANROTAS – Quais as prioridades do setor hoje em Brasília?
MAGDA – O IRRF, que caminha a passos lentos mas pode ter novidades em breve, a Lei Geral do Turismo e dentro dela a questão da responsabilidade solidária das agências. O governo, e falo também ao próximo, precisa entender melhor o trabalho da agência de viagens e nós precisamos nos valorizar. Não quero concorrer com a economia informal nesse nível. O que é o Cadastur hoje? Realmente para trabalhar no Turismo precisa de Cadastur? Há também uma cultura equivocada de alguns players, destinos, que não querem trabalhar com a cadeia de distribuição... Temos de conversar e mostrar o valor desses profissionais, o nosso valor.

PANROTAS – Por que a Abav não se posicionou sobre os problemas que ocorreram recentemente com a 123 Milhas e a Hurb, esta última associada à Abav-RJ?
MAGDA – Não podemos interferir, por lei, em ações comerciais das empresas. A 123 está fora de nossa alçada. Recebemos sim reclamações da Hurb e encaminhamos para a Abav-RJ, que entrou em contato com a empresa. Sempre que um consumidor tem problemas, ele precisa recorrer aos órgãos legais, como Procon e consumidor.gov.br.

PANROTAS – Mas não cabe ao setor alertar quando há ofertas estranhas no mercado?
MAGDA – Cabe a nós alertar nossos clientes sobre os produtos que vendemos, temos de focar no que sabemos vender, com quem temos relacionamento. A cadeia que represento é focada na seriedade e não em vendas que se transformam em problemas.

PANROTAS – A união do setor, por meio de entidades, continuará no pós-pandemia? O G20 ainda está ativo?

MAGDA – Continuamos unidos, mas não na mesma intensidade, pois cada um acaba focando em problemas de sua categoria. Mas o importante é que abrimos uma porta de diálogo entre todos nós. Tanto que todos estarão em Recife, na Abav Expo. Algumas, como a Braztoa e a Clia, têm salas exclusivas na Vila do Saber. Outras se reunião no evento, como Fornatur e Anseditur.

PANROTAS – Que mensagem você deixaria para o associado da Abav que está indo para o evento?
MAGDA – Ele é o grande protagonista do evento, dono da associação, é quem nos dá o norte. Queremos todos eles desde a cerimônia de abertura com a gente. Sintam-se donos do evento, pois vocês são. Realizem novos negócios e obrigada por investirem em fazer parte da associação. A união faz a força. Hoje vemos muitos grupos de agentes se transformando em empresas, e isso é ótimo, mas a força política e de transformação do setor está na Abav, nas associações. E todos têm de trabalhar para fortalecer nossa entidade e aumentar a união do setor. Temos um grupo muito dedicado hoje à frente das Abavs estaduais.

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