Victor Fernandes   |   04/07/2020 11:17

Flutuação cambial prejudica operadoras, diz pesquisa

Nos últimos 20 anos, operadoras quebraram por ter dificuldades em lidar com a flutuação cambial constante.

Dreamstime
Nos últimos 20 anos, operadoras quebraram por ter dificuldades em lidar com a flutuação constante de câmbio em sua operação. Casos famosos incluem a Soletur e a Nascimento Turismo. Um estudo conduzido pela Iterpec, broker de hotelaria e serviços terrestres, analisou o comportamento do câmbio, buscando identificar o nível de risco a que ficam expostos quando tem que pagar seus fornecedores em moeda forte com um prazo médio de 60 dias após a criação da reserva.

Para realizar a análise, foi identificada a diferença entre o preço convertido em reais no dia da reserva e o valor convertido em reais do dia de vencimento da fatura. Em quase 70% das reservas, comprar com fornecedores que cobram em reais do Brasil foi mais vantajoso do que comprar de fornecedores que flutuam o valor das reservas de acordo com a data da reserva. Em muitos casos, os prejuízos sobre o valor da reserva chegaram a 30%, muito superior ao markup médio aplicado em reserva de serviços terrestres.

Aprofundando, na linha do tempo, percebe-se que, além da quantidade de vezes em que o câmbio foi desfavorável ser muito maior, a diferença cambial é muito pior para pagamentos fixados em moeda forte, trazendo ainda mais prejuízo aos operadores e agentes de viagens. O prejuízo médio de faturas pagas em dólares americanos foi de 3,8%. Este prejuízo se refere a variação cambial e significa que em média houve perda de 3,8%. O gráfico abaixo mostra que apesar de em alguns poucos momentos existir um ganho cambial ele não compensa as perdas.
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Outro aspecto importante a ser ressaltado é que nos momentos onde a perda cambial está mais acentuada, a operadora acaba postergando o pagamento a fornecedores na expectativa de um câmbio mais favorável, causando um estresse na relação comercial. Infelizmente esse atraso no pagamento da fatura fez com que o prejuízo seja ainda maior. Se considerarmos 90 para pagamento em média após a criação da reserva, o prejuízo médio seria de 5,36% ao invés de 3,8%.

Além disso, o setor de Turismo possui uma correlação altíssima com a economia e suas expectativas (Confiança do Consumidor, emprego e câmbio). Portanto, em momentos de piora na economia, além da operadora/agência realizar o pagamento em moeda forte com um câmbio mais desvalorizado (prejuízo), suas vendas tendem a ser retraídas criando dois novos problemas: vendas menores e, portanto, uma valorização do Real será menos impactante já que foram efetuadas menos vendas com o câmbio mais alto;
e o fluxo de caixa estará comprometido já que a redução de novas reservas representa uma entrada de caixa menor do que a saída de pagamentos referentes a reservas finalizadas anteriormente.

Por isso, a Iterpec criou um mecanismo que minimiza o risco cambial, permitindo oferecer preços em reais aos clientes com um câmbio competitivo. A empresa afirma que durante a pandemia manteve todos os pagamentos em moeda forte nas datas combinadas aos seus fornecedores. A Iterpec garante o pagamento em reais das reservas baseado na análise contínua do perfil de reserva e pagamento de seus clientes.

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