Em 10 anos, viagens poderão ser guiadas mais pelo propósito do que preço; veja o estudo
Pesquisa realizada pela Braztoa projeta 2035 com sustentabilidade, inovação e pessoas no centro do Turismo

Como você imagina o Turismo daqui a 10 anos? O que guiará as escolhas de viagens? Quais habilidades que devem ter o profissional do Turismo do futuro? Essas foram algumas das perguntas que nortearam o estudo “Reimaginando o Amanhã: Cenários e Percepções de Futuros do Turismo”, apresentado pela Braztoa durante o Festuris 2025, dentro da programação do SEEDS, no Palco ESG.
A pesquisa, elaborada especialmente para o evento, teve como tema central o convite a repensar o amanhã e apresentou resultados preliminares sobre os caminhos possíveis para o futuro do Turismo.

Desenvolvido pela Braztoa e a GKS Inteligência Territorial, com condução da professora e pesquisadora Mariana Aldrigui, o estudo reúne percepções de profissionais do setor e estudantes de Turismo sobre o futuro da atividade até 2035, propondo uma reflexão sobre os cenários possíveis para o Turismo na próxima década.
A análise considera as grandes forças de mudança – sociais, tecnológicas, climáticas e comportamentais – e como o setor pode se preparar para reagir, se antecipar e até mesmo moldar essas transformações.
Um futuro de avanços com consciência

A maioria dos participantes acredita que o Brasil estará em um caminho melhor que o atual (79%), e que o Turismo seguirá como um dos motores da economia (66%). Ao mesmo tempo, 35% reconhecem que esse avanço deve ocorrer em meio a tensões estruturais, como desigualdade e instabilidade econômica e outros 25% em meio a crises recorrentes.
"Essa combinação revela esperança no setor, mas sem idealizações, indicando uma consciência de que o avanço ocorrerá em meio a tensões estruturais, crises e grandes desafios. Neste cenário, o grande desafio é garantir que o desenvolvimento venha acompanhado de equidade", aponta o estudo.
Tecnologia e clima: os dois grandes vetores de transformação
As forças mais citadas para o futuro do Turismo foram a tecnologia e a inteligência artificial (34%) e as mudanças climáticas (27%), evidenciando o duplo desafio de inovar e reduzir impactos. Economia e renda (22%) aparecem como o terceiro fator decisivo, reforçando a importância do consumo interno. Nesse cenário, o grande desafio é unir inovação e sustentabilidade.

De acordo com a análise da pesqusia, a tecnologia pode impulsionar eficiência, personalização e novos modelos de negócio, mas só será uma verdadeira aliada se avançar junto com a regeneração ambiental e a redução dos impactos climáticos.
Ao mesmo tempo, surgem oportunidades para o desenvolvimento de soluções inteligentes que diminuam emissões e ampliem a eficiência, como o uso de dados e IA para personalizar experiências sustentáveis e orientar escolhas mais conscientes de viagem; a aplicação de tecnologia para otimizar fluxos, consumo de recursos e gestão de carbono; o estímulo à inovação em transporte e mobilidade limpa, reduzindo emissões e custos; e a criação de soluções digitais inclusivas que ampliem o acesso de pequenas empresas e comunidades à transformação digital.
Do preço ao propósito
Mais de 40% dos respondentes associaram o comportamento futuro dos viajantes à sustentabilidade e propósito, superando preço e conveniência. Isso indica que os participantes já percebem um movimento ético e consciente nas decisões de viagem.

Segundo a pesquisa, o desafio será substituir o discurso da experiência pelo da transformação significativa, entregando valor emocional, social e ambiental. É necessário pensar em um Turismo em que viajar tenha sentido — para quem vai e para quem recebe.
Surge, assim, uma grande oportunidade de incentivar o Turismo regenerativo e comunitário, conectando visitantes a causas, territórios e culturas locais, reposicionando produtos e destinos a partir de propósito e impacto, e fortalecendo experiências que unam emoção, consciência e resultados positivos.
Também é essencial aproveitar o interesse crescente por autenticidade, reforçando vivências que gerem pertencimento e conexão genuína. O Turismo precisa transformar a sustentabilidade em proposta de valor central, e não apenas diferencial.
Formatos das viagens
A predominância (67%) da expectativa por viagens mais curtas e frequentes reflete a consolidação do Turismo de proximidade e das agendas híbridas, que combinam trabalho e lazer. O desafio é diversificar a oferta regional, dispersar a demanda e fortalecer economias locais.
Ao mesmo tempo, surgem oportunidades para consolidar o Turismo de curta distância como eixo de desenvolvimento regional. Promover destinos complementares, conectar territórios próximos, reduzir a concentração e estimular rotas integradas, o Turismo de base comunitária e as experiências regenerativas são apostas promissoras nesse cenário.
O futuro do trabalho no Turismo
O estudo revela um equilíbrio entre a percepção de um trabalho mais humanizado e personalizado (36%) e outro mais tecnológico e remoto (29%). Já 22% acreditam que, em 2035, o Turismo será mais automatizado. O grande desafio está em preservar o toque humano, com suporte tecnológico, estimulando a inovação e mantendo um relacionamento genuíno em um cenário cada vez mais automatizado.
Entre as competências mais valorizadas para o profissional do futuro, destaca-se o “criador de experiências únicas”, apontado por 59% dos respondentes, seguido pelos especialistas em dados e tecnologia (24%). Outros 10% mencionam o vendedor versátil, e 7% o gestor de sustentabilidade.

"Diante desse cenário, torna-se essencial formar profissionais criativos, empáticos e preparados para atuar em um Turismo cada vez mais digital, mas profundamente humano. Isso exige investimento contínuo em capacitação e requalificação, com foco no desenvolvimento de competências digitais e socioemocionais. O futuro do Turismo demanda perfis híbridos, capazes de unir criatividade, domínio tecnológico e propósito. Ao mesmo tempo, é estratégico automatizar processos operacionais, liberando tempo e energia para personalizar experiências e cuidar genuinamente do viajante. O uso inteligente de dados e da inteligência artificial será fundamental para aprimorar decisões, o design de produtos e o atendimento em tempo real, fortalecendo um Turismo mais eficiente, humano e inspirador"
Pesquisa da Braztoa
Palavras que moldam o amanhã
Quando convidados a escolher uma palavra que representasse o Turismo em 2035, os participantes apontaram “sustentabilidade” como conceito central, acompanhada de termos como inovação, experiência, crescimento, natureza, desafio e pessoas.

Essas associações, destaca o estudo, revelam um futuro em que o Turismo é visto não apenas como atividade econômica, mas como força de regeneração e transformação social — uma visão mais consciente e equilibrada, que busca alinhar progresso e propósito. Quando convidados a imaginar o Turismo do futuro, ele foi descrito como formado por natureza (43%), emoção (25%) e pessoas (18%): um Turismo verde, humano e sensível, no qual o valor está nas conexões, não apenas nas transações.
Acesse aqui os resultados prévios desta pesquisa.