Artur Luiz Andrade   |   24/03/2022 19:05
Atualizada em 24/03/2022 19:19

Nova concessão de Iguaçu (PR) deve impulsionar setor de parques naturais

Parques naturais são próxima fronteira do Turismo nacional

Divulgação/Sind
Pedro de Souza, do BNDES, Rafael Morgado, do MTur, e Rafael Góes, do Instituto Semeia (foto: Rafael Cavalli/Sindepat)
Pedro de Souza, do BNDES, Rafael Morgado, do MTur, e Rafael Góes, do Instituto Semeia (foto: Rafael Cavalli/Sindepat)
GRAMADO – Um contrato mais moderno para a administração do Parque Nacional de Foz do Iguaçu (PR), com mais garantias para ambos os lados, e mais liberdade comercial, desenhado com aval do BNDES e em um governo que vê com muito bons olhos a ligação do Turismo com os parques naturais, tem tudo para ser o alavancador desse segmento no País. A próxima fronteira do Turismo e do entretenimento no Brasil passa pela concessão de parques nacionais (e estaduais e municipais) e sua relação com o destino onde estão inseridos, criando ou desenvolvendo novos polos de atração de turistas. Essa foi a mensagem do painel “Parques naturais brasileiros: transformando potencial em realidade”, realizado hoje, no segundo dia do Sindepat Summit, no Wish Serrano Resort, em Gramado (RS).

Pedro Barros de Souza, superintendente de Governo e Relacionamento Institucional do BNDES, Rafael Morgado, coordenador-geral de Ativos de Domínio Público do Ministério do Turismo, e Rodrigo Góes, coordenador no Instituto Semeia, fizeram apresentações complementares que mostraram o potencial da utilização (responsável e controlada) dos parques para o Turismo.

As concessões e parcerias vão fazer com que o ecoturismo deixe a posição de contribuir com apenas 0,4% do PIB do Turismo no Brasil. Hoje já há mais de 70 parques em programas de concessão, tendo Foz do Iguaçu como âncora (e modelo a ser seguido). A receita desse segmento deve saltar de R$ 10 bilhões para R$ 44 bilhões, incluindo parques estaduais e federais e podem gerar, segundo estimativa do Semeia, de 800 mil a 1 milhão de empregos. A cada R$ 1 bilhão de impacto dos parques no PIB são gerados 22 mil empregos. A visitação irá saltar de 14 milhões de pessoas por ano para 56 milhões, ainda longe dos 300 milhões de visitantes em parques americanos, mas um passo a mais rumo ao potencial brasileiro.

O Ministério do Turismo é um dos incentivadores desse novo papel dos parques (antes o tema estava restrito ao Ministério do Meio Ambiente) e segundo Rafael Morgado é a infraestrutura ainda a limitadora do crescimento do setor. Esse gap pode ter sido o responsável pelo fato de o Brasil ter pedido o primeiro lugar para o México em competitividade em recursos naturais no ranking do Fórum Mundial.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Pedro de Souza apresenta os próximos leilões de parques, ainda para este ano
Pedro de Souza apresenta os próximos leilões de parques, ainda para este ano
E OS PROJETOS?
Pedro Bruno, do BNDES, afirmou em sua apresentação que não faltam recursos para o desenvolvimento dos parques naturais no Brasil e sim bons projetos. O próprio banco está liderando um projeto com linha de crédito e assessoramento ao setor. “Iguaçu é o cartão de visitas para mostrar as oportunidades por todo o Brasil e o potencial desse setor. Vamos apresentar essas oportunidades para os players interessados”, disse.

Segundo ele, este ano mais dez projetos irão a leilão, e há mais de 50 no pipeline do governo. “Sempre tendo como pilares a preservação ambiental, o Turismo sustentável e a criação de renda e desenvolvimento regional.” Com esses investimentos e projetos serão criados novos circuitos turísticos, novos polos que, no futuro, formarão um sistema integrado de parques, como há nos Estados Unidos.

“Gramado e Foz são polos consolidados, mas há outras regiões que precisam desse incentivo e dessa nova relação do Turismo com os parques naturais”, comentou o gerente do BNDES, que destacou ainda a união de força de concorrentes na concessão de Foz (o Grupo Cataratas, atual concessionários, com a Construcap, que, com a marca Urbia, conseguiu a concessão dos parques em Aparados da Serra, no Rio Grande do Sul, e do parque do Ibirapuera, em São Paulo. O próximo leilão, aliás, será o do parque do Caracol, em Canela, na Serra Gaúcha.

O Brasil tem um total de 570 unidades de conservação, sendo que 26 foram concedidas até 2021.

Parques nacionais mais visitados (2019):
1 – Parque Nacional da Tijuca (RJ): 2,9 milhões
2 – Parque Nacional do Iguaçu (PR): 2 milhões
3 – Parque Nacional de Jericoacoara (CE): 1,3 milhão
4 – Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ/SP): 697 mil
5 – Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (PE): 613 mil
6 – Parque Nacional de Brasília (DF): 251 mil
7 – Parque Nacional de Aparados da Serra e Serra Geral (RS): 224 mil
8 – Parque Nacional da Serra dos Órgãos (RJ): 196 mil
9 – Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (MT): 183 mil
10 – Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses (MA): 151 mil
Fonte: ICMBio, 2019

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.