Artur Luiz Andrade   |   16/11/2023 00:33   |   Atualizada em 16/11/2023 00:48

O que os viajantes dizem sobre sustentabilidade; e o que fazem na prática

Educar e estar preparado para ter serviços sustentáveis são dicas essenciais para fornecedores e destinos

PANROTAS / Artur Luiz Andrade

FORT LAUDERDADE, FLÓRIDA – “Sustentabilidade dissonante: o que os viajantes dizem e o que fazem (e o que fazer a respeito)” foi a pesquisa que a Phocuswright lançou sobre o tema das viagens e dos viajantes verdes.

A pesquisa foi feita nos Estados Unidos, Europa, Ásia/Pacífico e Canadá e teve duas etapas. Na primeira, as perguntas foram feitas sem dizer que se tratada de um estudo sobre sustentabilidade em viagens. Na segunda parte, o objetivo era revelado.

Na primeira parte, por exemplo, foi perguntado se os viajantes escolheriam um meio de transporte por causa da sua pegada de carbono ou somente por conveniência.

Em praticamente todos os mercados metade dos respondentes disse que estaria mais propenso a priorizar a diminuição da pegada de carbono da viagem.

Mas na prática... Ao ser questionado, já na segunda parte da pesquisa, se as últimas viagens foram escolhidas com base na compensação da emissão de carbono, o índice que era de 50% caiu para entre 7% e 11%, dependendo do mercado.

Ou seja, o conceito é defendido, mas não praticado.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade

A mesma pergunta foi feita para a escolha do meio de hospedagem e entre 48% e 55% disseram que escolheriam uma opção amigável ao meio ambiente e não apenas por preço.

Na prática, o índice caiu para entre 6% e 13%.

A pesquisa foi mais a fundo e identificou quem tem a sustentabilidade como uma preocupação no seu dia a dia, em casa e no trabalho. Nesse caso, a escolha por opções mais sustentáveis é maior, mas não tanto assim. No caso dos transportes a média de escolha de meios que compensem sua pegada de carbono fica entre 10% e 16% (contra 7% e 11% da média geral e entre 3% e 8% dos que não são sustentáveis no seu dia a dia).

Destinos sustentáveis são os mais focados

No quesito escolha dos destinos, a sustentabilidade aparece com índices maiores na prática. Na primeira parte da pesquisa, mais genérica, novamente uma média de 50% de viajantes disseram que evitam destinos lotados, fugindo do overtourism. Na prática, cerca de 20% realmente escolhem cidades menores e menos lotadas para visitar e se hospedar.

Também mais de 50% dos pesquisados querem que o dinheiro gasto nos destinos beneficie a comunidade local. Mas poucos interagem localmente e fazem perguntas para saber quem são os membros locais a serem beneficiados: quais restaurantes compram de fornecedores locais, quais artesãos locais são beneficiados, o que é ser local... E menos de 10% ficaram hospedados em empreendimentos de propriedade de moradores locais.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade

“Emocionalmente os viajantes se importam com sustentabilidade, mas não tomam ações práticas e muitos se mostram confusos sobre o que fazer. Muitos não sabem que overtourism tem a ver com sustentabilidade ou quem deveria ser o responsável pela compensação do carbono. Para a maioria, deveriam ser o governo e os organismos dos destinos. Mas e os indivíduos?”, explica Madeline List, da Phocuswright.

Madeline List

Muitos viajantes que fazem uma ou apenas duas viagens por ano acreditam que não tenham impacto negativo nas comunidades ou no planeta. Há também a percepção de que as opções verdes em viagens são mais caras e uma disposição, da maioria, de pagar de 10% a 15% mais por essas alternativas sustentáveis.

PANROTAS / Artur Luiz Andrade

Como fechar essa distância entre discurso e desejo e a prática? Como motivar os viajantes?

Madeline dá as dicas:

  • Ter efetivamente mais opções sustentáveis, mas antes disso, estabelecer-se como um fornecedor com padrões da indústria de viagens. A sustentabilidade não pode vir antes.
  • Ter produtos, serviços e alternativas sustentáveis fáceis de serem achadas, compradas e consultadas.
  • Ter produtos acessíveis e com preços competitivos.
  • Ajudar os viajantes a entender que sustentabilidade vai além do meio ambiente, incluindo os aspectos sociais, econômicos, culturais, o overtourism, entre outros.
  • Educar, educar e educar. Mostrar não apenas o que fazer, mas explicar por que fazer.

Saiba mais na página de pesquisas da Phocuswright.

A PANROTAS é media partner da Phocuswright Conference, e viaja com proteção GTA.



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