Rafael Faustino   |   16/03/2016 09:11

Artigo: Olhar de um fuTurista, por Alexandre Cordeiro

Em artigo para a Revista do Fórum PANROTAS Tendências do Turismo 2016, o gerente de Marketing da Sabre, Alexandre Cordeiro, aborda mudanças tecnológicas que ocorreram recentemente no setor, envolvendo novos serviços on-line, a aplicabilidade para dispositivos móveis e a “cultura API”.

Gerente de Marketing da Sabre, que fornece sistemas tecnológicos para empresas da indústria do Turismo, Alexandre Cordeiro sabe da importância das soluções digitais para o setor. Em artigo para a Revista do Fórum PANROTAS Tendências do Turismo 2016, ele aborda essas mudanças que ocorreram recentemente no setor, envolvendo novos serviços on-line, a aplicabilidade para dispositivos móveis e a “cultura API”, que facilita a distribuição dos softwares para servir o setor.

“A realidade é que há grandes empresas de tecnologia que vendem viagens, e não mais agências de viagens em seu sentido restrito”, resume Cordeiro, que estará no Fórum PANROTAS Tendências do Turismo 2016. Confira abaixo o artigo na íntegra:

Olhar de um fuTurista

Qual é o futuro da indústria de viagens? Esta poderia ser a pergunta de US$ 1 milhão. Talvez possa valer muito mais do que isso, uma vez que esta se tornou uma grande incógnita em nossa indústria. Antever o futuro e usá-lo a favor de seus negócios é um desafio que está na mesa dos tomadores de decisão neste momento. Willian Gibson disse em 1999, “O futuro já chegou. Só não está uniformemente distribuído." Será?

Fato é que a indústria de viagens brasileira se tornou um grande ecossistema misto de tecnologia e viagens. A realidade agora é outra. Ao mesmo tempo em que temos de continuar a ser experts em destinos, voos, hotéis e toda a infraestrutura que serve os viajantes, também temos de conhecer profundamente conexões XML, GDS, CRS, APIs, leilões de palavras-chave, testes AB, cartões de crédito virtuais, páginas responsivas e uma infinidade de tecnologias que se tornaram o alicerce desta indústria.

A realidade é que há grandes empresas de tecnologia que vendem viagens, e não mais agências de viagens em seu sentido restrito. Estas empresas poderiam muito bem vender outros produtos em sua estrutura, dada a complexidade e sofisticação de suas plataformas. Em um paralelo, e guardadas as proporções, a Zappos é uma empresa de atendimento ao cliente que, por acaso, vende sapatos e roupas; alguns grandes players de Turismo são verdadeiras estruturas de e-commerce que por um acaso vendem viagens.

E quem poderia imaginar esta realidade há cinco ou dez anos? A verdade que alguns teimam em não enxergar é que estamos em uma fase de transição e de grandes mudanças, em que a própria tecnologia facilita a entrada de novos players, assim como a concepção e entrega de modelos inovadores que trabalham de maneira complementar às tecnologias já existentes.

Um exemplo é a chamada cultura API ou economia API, que já é realidade em outros mercados há bastante tempo. A forma com a qual empresas interagem entre si e entregam valor aos clientes foi drasticamente facilitada pela adoção de APIs. Para se ter uma ideia, já são mais de 14 mil APIs abertas registradas e outras centenas de milhares de APIs restritas. E há uma infinidade de empresas que disponibilizam suas APIs para servir a indústria de viagens, como Uber, Google, Sabre, Tripadvisor, entre outras.

Assim como os fornecedores de APIs o fizeram, hackathons, startups, hubs de empreendedorismo e inovação começam a enxergar potencial na indústria de viagens e uma possibilidade real de contribuição e colaboração. E bons modelos saíram do papel para o mercado e atendem os mais diversos segmentos e nichos como o turismo rodoviário, seguros de viagens, transporte e logística, locação de jatos particulares entre outros.

Ao mesmo tempo que ainda se discute comissionamento, relevância de eventos e temas tradicionais da indústria, de outro lado há uma agenda distinta neste ecossistema inovador, que está focada no futuro, em modelos que entregam valor aos players e, principalmente, aos clientes. E talvez seja este seja um dos caminhos para de fato criar uma melhor experiência ao viajante.

Será que as filas de check-in não podem ser substituídas por biometria? Como utilizar a tecnologia para otimizar a experiência no aeroporto, repleta de chateações? Em outubro de 2015, as buscas Google em dispositivos mobile ultrapassaram as realizadas nos desktops. Mobile é sem dúvida algo pouco explorado na indústria. Enfim, basta pensar de maneira aberta e com foco nos problemas que enfrentamos diariamente, seja como profissionais da indústria ou como viajantes.

E como resultado direto desta nova realidade que abraça o Turismo, teremos pela primeira vez um espaço dedicado às startups de viagens no palco do Fórum PANROTAS. O potencial de inovação deste segmento deve ser considerado por todos, na medida em que pode contribuir para a construção de um ecossistema capaz de entregar melhores resultados aos diferentes atores da indústria.
Ampliar os temas das discussões e inserir a tecnologia disruptiva em seu melhor sentido na agenda do Turismo se faz necessário. Em uma estrutura pensada para isso, é preciso remapear e planejar os próximos passos da indústria no que tange a modelos que entreguem valor à cadeia e ultimamente aos clientes na outra ponta, empoderados pelo acesso à informação e tecnologia.

Como queremos que a indústria se pareça daqui cinco ou dez anos? Certamente, queremos evoluir e seremos responsáveis por isso.


SOBRE O EVENTO
O Fórum PANROTAS 2016 ocorre nos dias 15 e 16 de março, no Golden Hall do WTC Events Center, na capital paulista. Em sua 14ª edição, o evento tem aliança institucional com a CNC, Sesc e Senac, o apoio institucional do Ministério do Turismo e do Sebrae e patrocínio do Chile, CVC, Air France-KLM, Delta, Gol, Best Western Hotels & Resorts, GJP Hotels & Resorts, HRS Global Hotel Solutions, México, Pernambuco, R1 Soluções Audiovisuais, Sabre, Tap, Beto Carrero World, Esferatur Orinter, GTA Global Travel Assistance, Localiza, Omnibees, Reserve, Visit Orlando, B4T Comm, Cep Transportes, Vice Versa Traduções e programa carbono neutro pela Tour House.

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