Artur Luiz Andrade   |   18/10/2023 21:34
Atualizada em 19/10/2023 08:49

Miami é foco na JV entre Delta e Latam, mas não o único. Veja planos

Luciano Macagno, diretor para América Latina da Delta, conta o que vem por aí e o que já mudou

PANROTAS / Filip Calixto
O diretor da Delta para América Latina, Caribe e Sul da Flórida, Luciano Macagno
O diretor da Delta para América Latina, Caribe e Sul da Flórida, Luciano Macagno

A joint-venture (JV) entre Delta e Latam está completando um ano e as companhias estão celebrando com o evento Insights, que ocorre nesta quinta-feira, em São Paulo, para parceiros e clientes do trade. Ainda é pouco tempo para alcançar os objetivos previstos, mas muitas sinergias já são visíveis e os planos caminham como planejado, segundo o diretor geral da Delta para América Latina, Caribe e Sul da Flórida, Luciano Macagno – ele está baseado em Miami.

E Miami é uma das estrelas desse primeiro ano e um dos focos da parceria, já que a Latam tem muitos voos de países da América Latina para a cidade da Flórida. Do Brasil são dois voos diários de São Paulo e um de Fortaleza, duas vezes por semana.

Para atender melhor os latino-americanos em Miami várias melhorias já foram feitas:

  • Delta e Latam estão lado a lado no aeroporto de Miami (terminais H e J)
  • A Delta aumentou a quantidade de voos a partir de Miami para garantir a conectividade dos passageiros latinos. Por exemplo, hoje a companhia voa três vezes por dia de Miami para Orlando, oito por dia para Nova York, mesma quantidade para Atlanta, principal hub da Delta
  • Os voos domésticos são operados pelas melhores aeronaves da Delta – a empresa não usa mais os aviões regionais pequenos e todos agora têm os serviços padrões da empresa
  • Há um serviço de conexão e funcionários da Delta e Latam orientam os passageiros, que recebem um cartão que garante uma passagem mais rápida pela Imigração. A bagagem também tem assistência na hora do redespacho
  • Em Miami, a Delta também se beneficia dos voos de parceiros como Aeromexico, Virgin e Air France-KLM, o que possibilita o acesso dos clientes a mais de 100 voos por dia no aeroporto
  • Os voos domésticos da Delta em MIA somam 30 por dia, para 11 destinos americanos, como Washington, Boston, Los Angeles, Salt Lake City, Raleigh (Carolina do Norte) e os já citados Atlanta, Orlando e Nova York
  • Para comunicar isso, a empresa iniciou a maior campanha publicitária, ressaltando a JV com a Latam, em Miami.

“Tudo é muito fácil e perto em Miami na disposição que criamos para Delta e Latam. Da calçada ao check-in à segurança (são três pontos de passagem da TSA para o raio-X), o passageiro leva poucos minutos. E lá dentro nossas salas vips estão lado a lado”, explica Luciano Macagno, em entrevista exclusiva à PANROTAS.

“Miami não é um hub, pois já temos o melhor de todos em Atlanta, com 780 voos por dia, para 403 destinos nos Estados Unidos e Canadá, mas é muito importante para nossa estratégia para a América Latina e o foco a partir de agora é melhorar cada vez mais a experiência dos nossos clientes no aeroporto. Podem aparecer oportunidades de novos voos na JV? Podem. Mas por ora não há nada nesse sentido. Estamos celebrando um ano da JV com a Latam, empresa que tem uma cultura muito similar à nossa e que persegue o mesmo objetivo: melhorar a experiência do cliente latino-americano”, explicou Luciano Macagno.

Luciano Macagno, Delta Air Lines

Mercado da América Latina voltou

O diretor da Delta explica que a região é dividida em três áreas: mercados da JV com a Latam, mercados do JCA (Joint Cooperation Agreement) com a Aeromexico, que já soma seis anos, e os demais países da América Latina.

Segundo ele, todos esses mercados já retornaram a níveis pré-pandemia, inclusive no corporativo. O número de voos cresceu 50% este ano na região da joint-venture com a Latam, que engloba voos da América do Sul para os Estados Unidos e Canadá.

“Estamos presentes em novos mercados que só vieram por causa dessa aliança, como no doméstico brasileiro”, afirma.

PANROTAS / Filip Calixto
Danillo Barbizan, diretor da Delta no Brasil
Danillo Barbizan, diretor da Delta no Brasil

Corporativo voltou diferente

O segmento que mais demorou para voltar na Delta foi o de viagens corporativas, que em 2023 já alcança os níveis pré-pandêmicos. Mas esse viajante voltou diferente,

Macagno explica que o passageiro corporativo está mais conhecedor do produto; tem e quer mais escolhas; tem demandado mais produtos premium; e mudou tanto seu comportamento como a política de viagens em suas empresas.

Por exemplo, uma viagem a trabalho tem considerado dias de descanso (contra a otimização de antes, que obrigava a ir do aeroporto para as reuniões) e estadas mais longas. No lugar de um consultor fazer várias viagens curtas, ele faz uma só mais longa e já há empresas que permitem que ele leve a família para esse período maior. Também o bleisure passa a ser mais aceito e visto como benefício oficial.

“O trabalho remoto e o anywhere office também mudaram a forma de viajar e criaram novas demandas e nós nos preparamos para atender a esse novo mix, seja colocando mais assentos premium, aumentando a malha nos principais destinos demandados, investindo em tecnologia nos lounges e aeroportos, entre outras ações. Mesmo o investimento nas alianças, como a Latam, permite que tenhamos mais oferta e flexibilidade para os clientes corporativos”, conta Macagno.

Luciano Macagno, Delta Air Lines

Ele cita também o primeiro voo de uma parceira para Atlanta, caso do Lima-Atlanta, da Latam, que mostra a importância e consistência da parceria e que beneficia tanto os passageiros corporativos como os de lazer.

“Seja em Atlanta ou em Miami, já temos demanda da América Latina, via Delta ou via Latam. O que estamos fazendo é aumentando a conectividade nessas e outras cidades. Atlanta, repito, é nosso melhor e maior hub. Miami é complementar e atende aos latino-americanos ainda mais agora.”

PANROTAS / Filip Calixto
Sintonia entre Macagno e Barbizan
Sintonia entre Macagno e Barbizan

Delta no Brasil

Segundo Luciano Macagno, os resultados da companhia no Brasil estão muito bons, com oferta de assentos já maior que antes da pandemia a partir de dezembro, com o voo sazonal Rio-Nova York e o definitivo Rio-Atlanta (três vezes por semana).

O diretor no Brasil, Danillo Barbizan, disse que o voo diurno São Paulo-Atlanta, e o noturno na mesma rota, oferecem muita flexibilidade e opções aos passageiros. A eles se soma o São Paulo-Nova York (leia mais sobre os investimentos da Delta no destino clicando aqui) e os voos da Latam para os Estados Unidos (Miami, Nova York, Boston e Los Angeles).

“Somos metal neutral (neutros no metal) e isso é bom para o passageiro no Brasil e na América Latina”, diz Barbizan. Ele se refere que não importa (para as empresas) quem opera o voo (metal se refere à aeronave). E sim que o cliente use a joint-venture da melhor forma para ir e/ou voltar dos Estados Unidos e também usar a malha doméstica das duas empresas – lá e cá.

Em termos de produto, todos os voos da Delta no Brasil, inclusive os que começarão no Rio, têm todos os produtos da empresa, com as cabines Main (econômica e basic), Comfort, Delta Premium Select e Delta One.

Times de vendas iniciam integração

Os times comerciais de Delta e Latam no Brasil agora têm mais destinos e produtos a oferecer aos clientes. E as empresas já iniciam uma maior integração desses profissionais. Já há visitas a clientes que são feitas em conjunto (mas cada um cuida da sua venda) e até contratos corporativos unificados. “Os clientes mesmo pediram. Em uma aliança passada mostramos isso a eles e eles querem esse benefício entre Delta e Latam”, explica Barbizan.

No futuro, poderá haver um funcionário que seja designado para ser o especialista que irá vender os dois produtos entre Brasil e Estados Unidos. Mas a sinergia sempre será, explica Danillo Barbizan, entre todo o grupo: em vendas, tecnologia, produtos, procedimentos...

PANROTAS / Filip Calixto
O diretor da Delta para América Latina, Caribe e Sul da Flórida, Luciano Macagno
O diretor da Delta para América Latina, Caribe e Sul da Flórida, Luciano Macagno

NDC não vai priorizar canais, garante Delta

Luciano Macagno garantiu em entrevista à PANROTAS, que, quando a Delta implementar o NDC na América Latina, não haverá diferenciação por canais. Haverá paridade de tarifas.

“Já procuramos os GDSs para desenvolver as integrações, com foco nas qualidades dos produtos. A filosofia nesse caso será a de não dar benefícios ou prejuízos a qualquer canal. Vamos estar nos canais que o cliente quiser de forma igual. Isso não vai mudar”, disse. A previsão de implantação do NDC da Delta é 2024.

O fato de a Latam já ter iniciado seu NDC na América Latina não está atrapalhando a integração das duas empresas, garante Macagno, e os clientes estão conseguindo vender as duas companhias normalmente.

“O mercado tem de estar maduro para aproveitar bem as ferramentas. Não seremos disruptivos”, finaliza Macagno.

Luciano Macagno, Delta Air Lines



Tópicos relacionados