Como encontrar o equilíbrio na gestão de viagens corporativas em meio a tantas mudanças?
Gestores enfrentam a pressão de alinhar metas empresariais às expectativas de um mercado complexo

Equilibrar custos, segurança e experiência do viajante nunca foi tão desafiador. Em 2025, os gestores de viagens corporativas enfrentam a pressão de alinhar metas empresariais às expectativas de um mercado cada vez mais complexo e dinâmico. Com a crescente demanda por políticas de sustentabilidade, a digitalização acelerada e a necessidade de priorizar o bem-estar dos colaboradores, as empresas estão redesenhando suas estratégias para atender tanto às necessidades dos negócios quanto às de seus funcionários. Mas como encontrar o equilíbrio ideal em um cenário de constantes mudanças?
“A gestão de viagens é sempre um grande desafio e vira o ano e o desafio aumenta. Outras metas, outros budgets, outras prioridades. O que observo é que a experiência do viajante é ainda mais fundamental e que precisamos ter um olhar diferente para este público. Um olhar mais cuidadoso, principalmente desde a pandemia para cá, com foco no duty of care”
Analista de Gestão de Viagens na Volkswagen do Brasil, Juliana Ferreira
O olhar cuidadoso, segundo a gestora, se dá, sobretudo quando o viajante traz uma negativa em relação a algum fornecedor. Isso leva o travel manager a analisar a questão a fundo, a entender como corrigir esse problema. E esse ponto esbarra na importância das parcerias estratégicas.

“Não é um assunto novo, mas precisamos muito procurar ser mais estratégicos em relação aos parceiros. Negociar com aquela rede hoteleira que faz mais sentido para o meu programa de viagens, que vai me fornecer um potencial global. Pensar em alianças estratégicas com foco em cumprir nossos targets como empresa, ajudando para a melhor experiência de quem viaja”
Travel manager para América Latina da Lenovo, Alex Santana
Assim como as parcerias, a cultura dos viajantes – e também dos gestores – é um ponto crucial na gestão em 2025. É preciso entender que a dinâmica mudou, as viagens mudaram, e tanto quem viaja quanto quem cuida destas viagens precisa acompanhar essas transformações.

“A sociedade evoluiu e é preciso estar a par disso. Entender o que mudou, implementar estas novas culturas e conseguir se adaptar de maneira mais resiliente às evoluções sociais, contemporâneas e corporativas no que tange às viagens”, afirma o gestor de Viagens da Cemig, Rafael Breno.
Um exemplo claro disso se dá em relação aos preços. Antigamente, os funcionários podiam ficar em um hotel midscale. Hoje, as tarifas hoteleiras triplicaram. “O que faz a gente pensar na otimização de recursos. E, com isso, o gestor utilizar mais tecnologia, mas, ao mesmo tempo, não automatizar a pessoa”, acrescenta Breno.
Comunicação é a chave
Se hoje o travel manager utiliza uma série de recursos para otimizar a sua rotina, deixando o operacional para estas ferramentas e focando cada vez mais na parte estratégica, a comunicação é parte essencial na equação e, para funcionar, precisa também de soluções tecnológicas.
“Não consigo ter uma central enorme dento da agência para fazer essa comunicação, por exemplo. E eu, como gestora, não consigo também fazer essa comunicação. O que nos ajuda é automatizar, ter sistemas que proporcionem isso de forma automatizada, que façam essa comunicação chegar em quem precisa chegar”, pontua a gestora de Viagens, Parcerias & Convênios e Seguros a Pessoas da Braskem, Jamile Martins.

E esse é um detalhe fundamental: garantir em quem esse diálogo, essas mensagens, estão chegando. Seja para os líderes da empresa, com os próprios viajantes, com os fornecedores. O imprescindível é que o recado seja dado.
“É um grande desafio do gestor conseguir, por exemplo, comunicar a relevância da área de viagens. Muitas vezes não somos chamados para as discussões. Por isso, nosso papel é também saber transmitir de forma relevante a importância do nosso negócio. Mostrando o quanto os acordos que fazemos são importantes, o quanto as diretrizes são relevantes. O gestor de viagens tem de ser um bom comunicador, transmitir as mensagens em todos os níveis”, diz Jamile.
ESG ainda na pauta
Os pilares do ESG (Environmental, Social and Governance – governança ambiental, social e corporativa) continuam na pauta em 2025. Com as dificuldades enfrentadas pelo setor da aviação no que se diz respeito às emissões de carbono, é imprescindível que as empresas tenham um programa de viagem com foco no meio ambiente e que os fornecedores com quem elas trabalham também tenham essa direção.
“Nós, na Lenovo, temos um programa global para reduzir as emissões de carbono até 2050. Mandamos viajantes para todo o mundo, por isso, procuramos trabalhar com fornecedores que estejam mais engajados com as métricas de ESG. Com isso, vamos montando o quebra-cabeça para ajudar com a meta da empresa. É o ‘travel by example’ [viaje pelo exemplo]. Se todo mundo seguir, tiver mais consciência, mais viagens sustentáveis poderão ser feitas”, afirma Alex Santana.
Rafael Breno, da Cemig, está sempre trazendo a diversidade e inclusão para o foco. Deficiente visual, o gestor de viagens trabalha como um porta-voz no setor, incentivando que mais pessoas com a mesma condição que ele tenham oportunidades no mercado.

“Queremos trabalhar de maneira efetiva. Não somente receber o salário e fazer parte da cota da empresa. Queremos conquistar esse pagamento, evoluir na profissão, vencer desafios”, reforça.
Cuidar, de fato, do viajante
Depois da pandemia o perfil do viajante corporativo evoluiu e se tornou mais exigente. Ele quer conforto, segurança e trazer a sua casa para fora de casa. Nisso, o travel manager precisa equilibrar o custo- -benefício para atender a essas expectativas, alinhado ao orçamento sustentável da companhia.
“Na Europa e EUA, por exemplo, as viagens de avião a trabalho são muito comuns e o colaborador não vê como um benefício e, sim, parte do seu trabalho que o faz ficar longe de casa, da rotina e de sua família. No Brasil, precisamos olhar mais desse jeito. Então, como nós, gestores, podemos colaborar para que ele fique em um lugar confortável, tenha uma experiência tranquila? É focar em como podemos trazer as ferramentas para melhorar a jornada dele num geral”
Gestora de Viagens, Parcerias & Convênios e Seguros a Pessoas da Braskem, Jamile Martins
E com diversas situações políticas e econômicas acontecendo em todo o mundo, a segurança deste viajante é ainda mais fundamental. Guerras, atentados, diferentes exigências para entrar nos países... Tudo isso precisa ser colocado em pauta. “E esses fatores acabam aumentando muito os custos da empresa. Por isso precisamos pensar em um programa de viagens que se atente ao viajante, que garanta sua segurança, conforto e bem-estar, sem deixar de lado a gestão de custos”, finaliza Santana.
O contéudo acima é parte integrante do Anuário PANROTAS de Eventos e Viagens Corporativas 2025. Confira na íntegra abaixo: