Beatrice Teizen   |   29/07/2025 18:04

GBTA: Paytrack analisa discussões sobre custo da fragmentação entre viagens e despesas

Presente no evento em Denver, Cibeli Oliveira aponta a falta de integração entre estes dois mundos


PANROTAS / Beatrice Teizen
Cibeli Oliveira, da Paytrack, na GBTA Convention 2025, em Denver
Cibeli Oliveira, da Paytrack, na GBTA Convention 2025, em Denver

A separação entre gestão de viagens e controle de despesas corporativas já não se sustenta no cenário global — e no Brasil, pode representar perdas ainda maiores. Essa foi uma das discussões da GBTA Convention 2025, realizada em Denver, nos EUA, na semana passada, e é o tema central do artigo da vice-presidente de Experiência do Cliente na Paytrack, Cibeli Oliveira, que esteve presente no evento.

No texto, a executiva destaca os gargalos enfrentados pelas empresas que ainda tratam viagens e despesas como áreas distintas, além das oportunidades perdidas por falta de dados integrados, padronização e governança.

Ela também analisa os contrastes entre mercados maduros e emergentes, como o brasileiro, e reforça a necessidade de decisões mais estratégicas diante da alta de tarifas prevista até 2026.

Confira o artigo na íntegra a seguir.

"O custo invisível da falta de integração entre viagens e despesas corporativas

O Global Business Travel Association 2025 confirmou o que já se desenhava no setor: a fragmentação entre viagens e despesas corporativas está custando caro, e quem ainda separa estes mundos está perdendo dinheiro, agilidade e controle. No Brasil, esse alerta deveria acender um sinal ainda mais forte. A integração dos setores não é só uma boa prática global, é uma urgência local.

Nenhuma empresa pode mais se dar ao luxo de tratar viagens e despesas como áreas distintas. Essa divisão é, hoje, uma das maiores fontes de ineficiência no setor. Além de travar a experiência do viajante, ela distorce o olhar estratégico: decisões passam a ser tomadas com base em exceções, ruídos e percepções, e não em dados confiáveis.

Esse ponto apareceu com força no evento. A expressão “viajante barulhento” virou uma síntese perfeita: enquanto alguns casos isolados ganham atenção desproporcional, o que deveria guiar a gestão, comportamento padrão, análise de gastos, oportunidades de otimização, fica em segundo plano. Dados sólidos são o único antídoto contra a gestão emocional.

Mas não é simples. Os gargalos continuam os mesmos: múltiplas fontes de dados, ausência de padronização, silos internos e pouca governança. Em muitas empresas, quem cuida de viagens ainda não fala com quem gerencia despesas. E o impacto aparece nos dois extremos: aumento de custo e perda de controle.

Outro ponto de atenção, e que também afeta diretamente o país, é a disparidade de maturidade entre mercados. Enquanto algumas empresas já testam o uso de bots e IA para orientar o colaborador durante a viagem, outras ainda esbarram em orçamentos apertados ou contratos globais que travam a adoção de novas soluções. O cenário da América Latina, inclusive, deve seguir pressionado por tarifas em alta até 2026, o que reforça a necessidade de uma atuação mais estratégica, com monitoramento constante de preços e revisão contínua de políticas.

No meio de tudo isso, ficou evidente o que os gestores realmente querem, e não estão encontrando: serviço eficiente, atendimento que funcione e resolução rápida de problemas. Plataformas ruins, prestação de contas engessada e suporte ineficiente seguem entre as principais dores dos participantes do evento. E o mais simbólico: 44% disseram que todos os envolvidos, agências, fornecedores, tecnologia, têm responsabilidade nessa falha coletiva.

E o Brasil? Esteve presente e atuante. Gestoras nacionais dividiram palco com grandes players globais, apresentando cases e mostrando que temos o que dizer. Mas a visibilidade não basta. É preciso transformar essa presença em evolução real de processo, tecnologia e tomada de decisão.

O GBTA 2025 não deixou dúvidas: sem integração, sem inteligência. Travel & Expenses precisam operar como uma engrenagem única, ou continuarão gerando custo invisível e decisões desconectadas da realidade.

Para o mercado brasileiro, a lição é objetiva: simplificar, conectar e agir. IA e analytics são bem-vindos, mas só entregam valor quando vêm depois do essencial: governança sobre dados, clareza de processo e revisão estratégica frequente. Mais do que tendências, o setor exige escolhas. E, a partir de agora, escolher não mudar já é uma decisão, e uma das mais caras."

* Cibeli Oliveira é VP de Experiência do Cliente na Paytrack, especialista em gestão de viagens corporativas. Com mais de 10 anos de experiência, atua na construção de soluções que melhoram a experiência do viajante sem perder o foco no controle e na eficiência.

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