Beatrice Teizen   |   12/05/2020 19:46   |   Atualizada em 13/05/2020 13:14

Tendências e novo mindset para o setor de viagens corporativas

Festival on-line da Academia de Viagens fala sobre futuro do mercado de viagens corporativas

Como será o futuro do mercado de viagens corporativas, após a pandemia de covid-19? Com um cenário bastante incerto e mudanças acontecendo de um dia para o outro, não é tarefa fácil prever, mas há algumas perspectivas no horizonte. O futurista do setor de viagens corporativas, Johnny Thorsen, que vive na região de São Francisco, nos Estados Unidos, trouxe alguns insights e possibilidades para a indústria em sua palestra no 1º Festival Internacional de Viagens e Eventos Corporativos On-line, realizado pela Academia de Viagens Corporativas.

Reprodução
Patricia Thomas e Viviânne Martins apresentaram o evento híbrido da Academia de Viagens Corporativas, que contou com mediação de Artur Luiz Andrade, da PANROTAS, e palestra de Johnny Thorsen, futurista do setor de Viagens
Patricia Thomas e Viviânne Martins apresentaram o evento híbrido da Academia de Viagens Corporativas, que contou com mediação de Artur Luiz Andrade, da PANROTAS, e palestra de Johnny Thorsen, futurista do setor de Viagens
Em janeiro, Thorsen havia apresentado alguns pontos que poderiam prejudicar o mercado de viagens, que estava há muitos anos em crescimento. Entre eles estava a possibilidade de as aéreas não aceitarem mais cartões de crédito, os chatbots de inteligência artificial eliminarem a experiência do usuário e políticas de viagens baseadas em orçamentos de carbono. No entanto, ninguém imaginava que, dois meses depois, o mundo enfrentaria algo pior, como o novo coronavírus.

“Na última semana, o número de passageiros caiu 95% ao redor do mundo. Não teremos uma recuperação rápida e o mercado de viagens corporativas voltará mais devagar do que o de lazer. Só poderemos vencer este problema trabalhando juntos e dividindo as melhores práticas e tudo terá de ser ajustado empresa por empresa, região por região”, afirma.

SEIS TENDÊNCIAS

O especialista trouxe para os participantes do encontro on-line seis tendências que ele acredita que serão vistas em um futuro breve.

1. Definição de um novo protocolo de segurança
Mais do que nunca será necessário fazer uma verdadeira auditoria do desempenho de limpeza e higiene dos fornecedores, principalmente companhias aéreas, hotéis e locadoras de automóveis. Isso poderá ser feito por performances entregues por meio de dados, sem intervenção humana.

2. Novos procedimentos para aprovação antes da viagem
A viagem é importante o suficiente para justificar o exercício do planejamento? Planejar agora será caro, por isso surgirá o novo mindset sobre quando o deslocamento poderá e se deverá, de fato, acontecer. Tudo precisará ser documentado, pois cada país terá suas regras, que poderão mudar em questão de dois dias, e construído com a possibilidade de cancelamento.

3. Teste para covid-19 no dia da viagem (ou um dia antes)
Os aspectos de saúde do colaborador serão levados em conta a partir do momento que começarmos a viajar. Pode ser que um país exija apenas o uso de máscara, mas, em outro, seja preciso medir a temperatura. A companhia e o viajante permitem isso? A empresa precisará estar pronta para diferentes cenários.

4. Reuniões híbridas conectadas com presenciais
Será um novo ambiente para os encontros, com grupos de pessoas se encontrando pessoalmente, mas também virtualmente. Como planejar o evento com as pessoas que precisam se locomover até o local e as que ficarão em casa? Será necessário ter tecnologia para isso, pois só o Google Maps para calcular as distâncias não será suficiente. E os hotéis precisarão se adequar a essa nova realidade, oferecendo conexão e internet de ponta.

5. Pacote de proteção contra covid-19 à espera do viajante
Máscaras, luvas, kit para teste, como estes objetos serão entregues ao viajante corporativo? Ele mesmo levará seu kit? Ele será entregue no hotel, no aeroporto? Não há como saber como funcionará, mas esta questão dependerá de cada indivíduo e de suas escolhas pessoais.

6. Habilidades por destino para reduzir a necessidade de viagens
Para que haja menos deslocamentos, será necessário descobrir qual é a pessoa qualificada mais próxima do cliente em questão. Ter um arquivo com as habilidades dos funcionários para entrar na nova equação do planejamento dos deslocamentos.

Marluce Balbino
Johnny Thorsen
Johnny Thorsen
NOVAS TECNOLOGIAS

Com o “novo normal” pela frente, novas tecnologias serão necessárias para que as coisas funcionem e o novo processo seja gerenciado. Algumas startups estão criando soluções para atender às diferentes necessidades que o momento pede e se transformando para o novo mundo. Veja alguns exemplos dados por Thorssen:

  • Troop Travel: a plataforma de viagens, reuniões e eventos, que utiliza big data para ajudar no planejamento, vem criando alternativas para eventos híbridos, seguindo protocolos da covid-19;
  • Shep: a ferramenta ajuda empresas, gestores de viagens e TMCs a entender, monitorar e economizar em reservas de viagens corporativas feitas em sites de consumidores, capturando buscas e entregando mensagens instantâneas;
  • 3 Victors: a plataforma identifica tendências precoces nos volumes de pesquisa e alterações de preço, fornecendo soluções analíticas;
  • Ansero: este serviço ajuda a definir e gerenciar taxas-alvo para propriedades hoteleiras aprovadas no programa de viagens;
  • Thrust Carbon: a ferramenta faz um cálculo automatizado instantâneo da emissão de carbono com deslocamento opcional.

MUDANÇA DE MINDSET
“Buyers e fornecedores terão uma série de preocupações para o futuro, será um desafio. Mas, por muitos anos, falta de tempo era a desculpa para diversos players no mercado. Agora, quem não sair da caixa e não começar a mudar, vai ficar para trás. É uma oportunidade fantástica para as pessoas que têm vontade de criar algo novo”, diz Thorsen.

Além disso, onde é que as viagens estarão alocadas dentro da empresa? Continuarão em RH, em finanças, em segurança? Ou será que uma nova área será formada, que cuidará de tudo relacionado à covid-19 ou à saúde? Pode ser que as companhias tenham de criar este novo departamento daqui para frente, já que novos procedimentos, medidas e tecnologias terão de ser introduzidos.

“Teremos um novo normal, pelo menos por um tempo. Na minha linha do tempo, a recuperação pode vir em cinco anos ou mais. Não há achismos que tudo voltará ao normal em janeiro, por exemplo. Os fornecedores não acreditam nisso. Temos de estar preparados para mudanças, será uma longa recuperação para viagens.”

APRENDIZADOS DA CRISE

Mesmo com todos os aspectos negativos, coisas boas também saem de crises. Como aprendizados, o especialista citou que, diferentemente dos atentados de 11 de setembro, que, 20 anos depois nunca houve a criação de um sistema global único de segurança, para o pós-coronavírus, isso não poderá acontecer. É preciso ter padrões fáceis de serem seguidos por viajantes de todo o mundo para que as viagens sejam feitas de maneira segura.

Compartilhamento de dados também será extremamente importante. Muitas empresas e profissionais não costumam dividir seus dados e informações. No entanto, mostrar o que é possível fazer e o que não é e ser o mais transparente possível com os dados ajuda a ganhar a confiança de mais pessoas, principalmente no cenário da pandemia.

Confira aqui os próximos eventos virtuais do festival da Academia de Viagens, que tem apoio da R1, SAP Concur, GJP Hotels, Kontik e Paytrack, e que ocorrem nas próximas quatro terças-feiras.

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