Guilherme Alcorta   |   28/11/2023 14:51
Atualizada em 28/11/2023 16:53

Embratur: "precisamos de um olhar diferenciado para o viajante de negócios"

Vaniza Schuler, gerente de Turismo de Negócios, Eventos e Incentivos da Embratur, fala sobre o setor MICE


PANROTAS/ José Guilherme Alcorta
José Guilherme Alcorta, CEO PANROTAS, Ana Carolina Vieira, Cintia Hayashi e Vaniza Schuler, da Embratur
José Guilherme Alcorta, CEO PANROTAS, Ana Carolina Vieira, Cintia Hayashi e Vaniza Schuler, da Embratur
BARCELONA - A Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) - responsável pela promoção turística do Brasil internacionalmente - participa da IBTM World para promover o País como destino de viagens de negócios e eventos para o público europeu. Vaniza Schuler, gerente de Turismo de Negócios, Eventos e Incentivos da Embratur, falou à PANROTAS sobre as principais ações da entidade na feira, que acontece entre os dias 28 e 30 de novembro, em Barcelona.

A Embratur participa da IBTM desde 1995, porém o foco no segmento MICE se consolidou apenas no novo governo, quando foi criada uma diretoria específica para tratar desse mercado. Embora o País tenha tradição em viagens de negócios, com São Paulo e Rio de Janeiro liderando esse segmento, Vaniza aponta que ainda há muito espaço para que o trade e o poder público pensem políticas e incentivos específicos para a categoria de viajante de negócios.

Vaniza Schuler falou sobre a diferença entre o viajante de negócios (que, aliás, não gosta de ser chamado de turista) e o turista tradicional, apontando que aquele que viaja a trabalho muitas vezes é esquecido na cadeia do segmento turístico, sendo que, em muitos casos, o ticket médio de gastos desse turista pode ser superior ao do visitante de lazer.

"Há um grande potencial a ser explorado, pois o viajante de negócios tem a possibilidade de gastar bastante, pois viaja patrocinado por um CNPJ e possui, na maioria dos casos, renda média elevada. O problema é que esse tipo de turista é quase que invisível sob o olhar das políticas públicas do segmento de Turismo, e nós queremos mudar essa realidade. Quem perde com isso é o destino, pois deixa de oferecer serviços e de capitalizar com um potencial consumidor. Nós estamos falando de milhares de turistas em um mesmo local, milhares de potenciais consumidores"

Vaniza Schuler, gerente de Turismo de Negócios, Eventos e Incentivos da Embratur

A gerente de Turismo e Negócios da Embratur defende que os destinos tenham um olhar diferenciado para o viajante a trabalho, oferecendo roteiros mais compactos e em horários alternativos para que o viajante possa "turistar" nos seus momentos de lazer.


"O turista de negócios tem pouco tempo dedicado ao lazer, porém ele quer visitar os pontos turísticos do destino nos intervalos de sua agenda. Nesse sentido, os organizadores dos eventos têm um papel fundamental na hora de oferecer pequenos roteiros e indicar o que fazer no tempo livre. Os hotéis também podem se prestar a esse papel, oferecendo ou indicando roteiros rápidos, bem como os Convention Bureaux podem realizar esse trabalho", explica Schuler.

"Os equipamentos e destinos também precisam olhar para este público de maneira diferenciada. Quando uma feira que dura o dia inteiro acaba, quais as opções de parques ou museus que o turista de negócios possui? Se ao menos um produto turístico tivesse essa ótica do tempo do turista de negócios, em harmonia com as organizações das feiras ou congressos, as possibilidades de capitalizar em cima disso são imensas. Ganha o turista e ganha o equipamento, o destino", conclui Schuler.

Setor em crescimento

No primeiro semestre deste ano, o segmento de Viagens de negócios superou em 15% os índices pré-pandemia, registrando um faturamento de mais de R$ 5,4 bilhões, segundo dados da Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp). Dados divulgados hoje, mostram que até outubro o setor já igualou os números de 2019 inteiro.

Dados da Pesquisa Nacional de Domicílios (PNAD), realizada pelo Ministério do Turismo e o IBGE, apontam que as viagens corporativas representaram 14,6% das realizadas no ano de 2021 dentro do País. O carro particular ou da empresa foi o principal meio de transporte para locomoção deste tipo de viagem, correspondendo a 56,7% delas. A pesquisa ainda mostrou que 28,3% dos viajantes se hospedaram em hotéis, resort ou flat no período.

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