Beatrice Teizen   |   09/09/2021 08:26

McKinsey analisa retorno da viagem corporativa: menor e mais complexa

Pesquisa da McKinsey & Company fala sobre o papel pós-pandêmico dos deslocamentos a negócios

Shutterstock
Viagens corporativas: redução de 20% nos gastos até 2023
Viagens corporativas: redução de 20% nos gastos até 2023
Com o avanço da vacinação contra a covid-19, muitas empresas e países estão começando, aos poucos, a retomar suas viagens corporativas. Em 2020, as despesas globais de viagens deste segmento diminuíram 52%, enquanto os gastos com viagens a negócios gerenciadas nos Estados Unidos despencaram 71%, representando US$ 94 bilhões. Haverá uma recuperação desigual das viagens a trabalho e, no geral, é possível esperar uma redução de 20% nos gastos com deslocamentos corporativos até 2023.

Muita coisa mudou desde então. Até que ponto a videoconferência substituirá as viagens a trabalho? Como as empresas devem se preparar para a próxima fase dos deslocamentos corporativos? Para responder essas e outras perguntas, a McKinsey & Company realizou uma pesquisa sobre o papel pós-pandêmico das viagens a negócios. Nela, quatro categorias de viajantes corporativos foram identificadas e recomendações sobre como os participantes do ecossistema de viagens corporativas podem fazer planos eficazes nesse contexto foram levantadas.

Confira mais informações do estudo logo abaixo.

O QUE MUDOU
O aumento da vacinação está expandindo os arranjos de trabalho flexíveis. A mudança mais significativa que molda o pensamento sobre o retorno das viagens corporativas é o aumento das taxas de vacinação nos Estados Unidos e na Europa. O estudo projeta que os EUA e o Reino Unido farão uma transição lenta em direção à normalidade em meados de 2021, com o restante da União Europeia seguindo logo depois.

Apesar dos riscos apresentados por novas cepas de vírus e da visibilidade limitada da duração da imunidade à vacina, o aumento das taxas de vacinação está amenizando parte da ansiedade em viagens. Muitas organizações estão agora descobrindo proativamente o futuro do trabalho, o que inclui a função das viagens a negócios.

Para muitas empresas, a covid-19 provou que é possível ter mais flexibilidade no local de trabalho. Cerca de 70% dos executivos disseram que suas companhias empregarão mais trabalhadores temporários do que antes da pandemia e 72% relataram que suas empresas começaram a adotar acordos de trabalho remoto permanente para uma parte dos colaboradores. Quase 40% da força de trabalho nos EUA tem potencial para trabalhar em qualquer lugar. Esses sinais e outros sugerem que muitas organizações estão reavaliando os arranjos de trabalho e organizacionais, incluindo quando, por que e como seus funcionários devem trabalhar.

Divulgação/McKinsey & Company
QUATRO SEGMENTOS-CHAVE
  • Os que “nunca deixaram de viajar”: funcionários para os quais as viagens são consideradas essenciais para a realização de negócios retomaram suas viagens assim que os bloqueios foram amenizados. Esta categoria foi responsável por cerca de 15% de todas as despesas de viagens corporativas em 2019 e inclui gerentes em empresas de manufatura com uma ampla distribuição de fábricas e trabalhadores operacionais de campo. Aqueles que estavam relutantes em voar optaram por trens e carros particulares.
  • Os que “nunca voltarão”: viajantes corporativos que contribuíram com um quinto dos gastos com viagens a trabalho em 2019 apresentam uma oportunidade atraente para as empresas reduzirem permanentemente seus orçamentos de deslocamentos. Os adotantes digitais que são capazes de manter altos níveis de eficácia enquanto trabalham remotamente podem nunca mais retornar às viagens corporativas. Além disso, os avanços feitos em tecnologias virtuais que melhoram a supervisão de postos avançados abriram caminho para que as viagens a negócios sejam ainda mais reduzidas.
  • Os “Síndrome de FOMO”: a maior parte das viagens a negócios (60% das despesas em 2019) – o que provavelmente impulsionará a recuperação destes deslocamentos – será alimentada por este segmento, que inclui aqueles que viajam para cultivar relacionamentos importantes com clientes. As pequenas e médias empresas provavelmente aumentarão as viagens corporativas a taxas muito mais rápidas, pois não estão sujeitas ao processo de aprovação intensificado que as grandes corporações precisam seguir. É provável que as PMEs desencadeiem um efeito dominó, em que a retomada das viagens por companhia catalisará o retorno de seus rivais às viagens relacionadas ao trabalho. Diante de uma competição intensa, diferentes participantes da empresa (liderança, gestão, equipe) se unem para restabelecer as viagens corporativas em escala.
  • Os “esperar para ver”: este segmento consiste em trabalhadores em setores e funções relativamente não competitivos. Contribuiu com 5% dos gastos totais com viagens a negócios em 2019. Esses viajantes corporativos tendem a vir do setor público, associações profissionais e organizações sem fins lucrativos. Durante a pandemia, muitas entidades conseguiram realizar eventos virtuais para substituir as conferências presenciais e provavelmente serão mais cautelosas no retorno às viagens.
Além disso, é importante notar que mesmo dentro desses segmentos, a recuperação das viagens a negócios irá variar dependendo do propósito e da distância. Por exemplo, mesmo para empresas no segmento "nunca deixaram de viajar", as viagens ao Exterior para participar de conferências internacionais não voltaram devido a restrições impostas pelos governos.

Dada a distribuição desigual das vacinas internacionalmente, o retorno das viagens internacionais pode ser suspenso em regiões com acesso limitado ou atrasado às doses por conta de restrições sustentadas de saúde pública. Por outro lado, os viajantes corporativos que “nunca voltarão” ainda podem abrir exceções para eventos importantes que são realizados regionalmente.

QUATRO ETAPAS PARA ABORDAR O FUTURO DAS VIAGENS A TRABALHO

Os principais participantes do ecossistema precisam dominar quatro habilidades críticas para o futuro do setor: aproveitar dados em tempo real, planejar com agilidade, buscar conforto e segurança e comunicar-se com clareza.

  1. Dados em tempo real: Planejar o futuro pode ser parecido com voar através de uma névoa de incerteza, o que torna ainda mais importante para os players aproveitarem os dados em tempo real para informar sua tomada de decisão. As organizações podem investir em recursos de dados para identificar e monitorar os primeiros sinais de uma aceleração nas viagens a negócios.
  2. Planejar com agilidade: Vale a pena ter um plano detalhado e uma estratégia para diferentes cenários de recuperação implementados. Quando a demanda aumenta, muitas empresas podem descobrir que não têm tempo para parar e pensar em suas estratégias.
  3. Buscar conforto e segurança: Estes são elementos cruciais na experiência de viagem e, às vezes, podem seguir em direções opostas. Tanto os empregadores quanto as agências de viagens podem encontrar maneiras de proporcionar tranquilidade aos passageiros e aumentar o conforto e a conveniência. O princípio orientador aqui é dar ao viajante maior controle sobre as decisões que afetam sua sensação de conforto e segurança.
  4. Comunicar-se com clareza: Mesmo os viajantes mais experientes têm de aceitar que as viagens mudaram. As máscaras se tornaram onipresentes e as restrições nas fronteiras, os procedimentos de embarque e os requisitos de higiene parecem estar sempre mudando. É fundamental que as organizações comuniquem claramente quais são suas políticas de viagens corporativas a qualquer momento, para cada estágio da jornada – do pré ao pós-viagem.

Tópicos relacionados