Artur Luiz Andrade   |   15/08/2022 18:14
Atualizada em 15/08/2022 18:21

GBTA adia previsão da retomada das viagens corporativas para 2026

Condições macroeconômicas do início de 2022 têm afetado a retomada do setor e adiado as previsões

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Condições macroeconômicas do início de 2022 têm afetado a retomada do setor e adiado as previsões
Condições macroeconômicas do início de 2022 têm afetado a retomada do setor e adiado as previsões
SAN DIEGO (EUA) – A GBTA Convention 2022, que está sendo realizada esta semana em San Diego, acaba de apresentar o GBTA Business Travel Index Outlook – Annual Global Report and Forecast. Segundo o levantamento, a indústria global de viagens corporativas continua seu progresso em direção à recuperação total para os níveis dos gastos pré-pandemia de 2019 da marca de US$ 1,4 trilhão, mas a recuperação atingiu alguns ventos contrários.

Apesar de muitas condições de recuperação relacionadas à covid-19 terem melhorado, outras macroeconômicas se deterioraram rapidamente no início de 2022. Esses novos desenvolvimentos estão afetando o momento, a trajetória e o ritmo da recuperação das viagens, tanto globalmente quanto por região, impulsionando a previsão de recuperação total em 2026 em vez de 2024, como previsto anteriormente.

“Para entender os fatores que têm impactado uma recuperação mais acelerada das viagens corporativas globais, tudo o que você precisa fazer é olhar para as manchetes desde o início de 2022. O que afeta muitos setores ao redor do mundo também deve impactar a retomada das viagens a trabalho em 2025. O resultado previsto é que chegaremos perto, mas não atingiremos e não excederemos os níveis pré-pandemia de 2019 até 2026”, diz a CEO da entidade, Suzanne Neufang.

O BTI anterior, divulgado em novembro de 2021, previu um aumento nos gastos globais com viagens a negócios em 2022, atingindo a recuperação total para os níveis pré-pandemia de US$ 1,4 trilhão até 2024.

Destaques do mais recente BTI Outlook:
  • Os gastos totais em viagens corporativas globais atingiram US$ 697 bilhões em 2021, 5,5% acima da baixa da era da pandemia de 2020. A indústria recuperou cerca de US$ 36 bilhões dos US$ 770 bilhões perdidos em 2020;
  • A recuperação foi interrompida pela variante ômicron e aumento dos casos de covid no mundo no final de 2021 e início de 2022. À medida que os casos começaram a diminuir, as viagens a negócios aumentaram. Espera-se que os gastos globais com viagens em 2022 aumentem 34% em relação aos níveis de 2021, para US$ 933 bilhões, recuperando-se para 65% dos níveis pré-pandemia;
  • A recuperação em 2022 dependeu e foi amplamente impulsionada pela melhoria nos quatro fatores da recuperação global de viagens a negócios – o esforço global de vacinação, políticas nacionais de viagens, sentimento do viajante corporativo e política de gerenciamento de viagens – onde as condições melhoraram significativamente nos últimos seis meses.

GASTOS GLOBAIS EM VIAGENS A NEGÓCIOS
  • A deterioração das condições econômicas e a mudança das tendências seculares em 2022, no entanto, desaceleraram a recuperação global. Assim, as viagens corporativas globais quase atingirão os níveis pré-pandemia em 2025, chegando a US$ 1,39 trilhão;
  • Não se espera que os gastos globais voltem totalmente à marca de US$ 1,4 trilhão até meados de 2026, quando se prevê que atinjam US$ 1,47 trilhão. Isso adiciona cerca de 18 meses à recuperação do setor do que o previsto no relatório anterior, divulgado em novembro de 2021;
  • O BTI de 2022 aponta que os maiores obstáculos para uma recuperação mais acelerada nas viagens corporativas são a inflação persistente, os altos preços da energia, os desafios severos da cadeia de suprimentos e a escassez de mão de obra, uma desaceleração econômica significativa e bloqueios na China e grandes impactos regionais devido à guerra no Ucrânia, bem como considerações de sustentabilidade emergentes.

BRASIL
O Brasil aparece com destaque é a oitava economia em gastos totais com viagens corporativas. Em 2022, são US$ 20,1 bilhões, o que representa um incremento de 52% em relação aos US$ 13,2 bilhões de 2021. Confira a seguir uma projeção dos gastos para os próximos anos, feita com exclusividade para a PANROTAS, única mídia brasileira no evento.

ANO
TOTAL GASTOS
VARIAÇÃO (ANO A ANO)
2020
US$ 13,4 bilhões

2021
US$ 13,2 bilhões
- 1,2%
2022
US$ 20,1 bilhões
+ 52,2%
2023
US$ 25,6 bilhões
+ 27%
2024
US$ 28,6 bilhões
+ 11,8%
2025
US$ 29,7 bilhões
+ 3,8%
2026
US$ 31,1 bilhões
+ 4,8%


PANROTAS / Artur Luiz Andrade

Recuperação divergente nas viagens continua
Ao todo, espera-se que os gastos globais com viagens a negócios aumentem 33,8% em 2022, no entanto, são esperadas diferenças nos principais mercados de viagens corporativas do mundo. O momento e o ritmo da recuperação continuarão a variar significativamente de uma região do mundo para outra, conforme evidenciado em 2021:
  • A América do Norte liderou a recuperação em 2021 – impulsionada principalmente pelo rápido retorno das viagens domésticas. A Europa Ocidental foi a única região a testemunhar quedas de gastos no ano passado, com o impacto da covid-19 em seu mercado de viagens a negócios doméstico e regional. Espera-se que ambas as regiões experimentem as recuperações mais acentuadas com aumentos de crescimento anual composto de 23,4% (para US$ 363,7 bilhões) e 16,9% (para US$ 323,9 bilhões), respectivamente, até 2026;
  • A Ásia-Pacífico ajudou a liderar o setor em termos de recuperação de gastos em 2021 – principalmente na China. Isso se inverteu em 2022, quando a política de zero-covid da China levou a bloqueios em larga escala e outros países da região se abriram lentamente. Para 2022, espera-se um sólido aumento de 16,5% (ou US$ 407,1 bilhões) nos gastos na Apac (retido pela China em 5,6%, ou US$ 286,9 bilhões), com a região se recuperando para 66% dos níveis pré-pandemia até o final de 2022;
  • Os gastos com viagens corporativas na América Latina cresceram modestamente em 2021, pois o esforço de vacinação teve um início mais lento. Embora possa haver desafios nesta região nos próximos anos, está previsto um crescimento de 55% nos gastos para este ano, à medida que as viagens a trabalho se recuperam para 83% dos totais pré-pandemia.

desafios e oportunidades
Em julho de 2022, a GBTA entrevistou mais de 400 viajantes corporativos frequentes e quase quatro dúzias de tomadores de decisão sobre orçamentos de viagens em quatro regiões globais. O sentimento geral é positivo, mas também confirma que as preocupações com a covid-19 estão ficando em segundo plano em relação às atuais questões macroeconômicas e geopolíticas:
  • 85% dos viajantes pesquisados disseram que definitivamente precisam viajar para atingir suas metas de negócios. Mais de três quartos disseram que esperam viajar a trabalho mais ou muito mais em 2023 do que em 2022;
  • 84% dos profissionais seniores de finanças corporativas globais expressaram confiança de que seus gastos com viagens aumentariam um pouco ou significativamente em 2023 em comparação com 2022.
  • 73% dos viajantes e 38 dos 44 executivos financeiros globais seniores concordam que a inflação/aumento dos preços afetará o volume de viagens;
  • 69% dos viajantes e 33 dos 44 executivos financeiros globais estão preocupados que uma possível recessão afete as viagens;
  • 68% dos e 36 dos 44 executivos financeiros esperam que as taxas e variantes de infecção por covid tenham impacto em suas viagens.

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.