Duty of Care: MOVE mostra que proteger o viajante exige muito além da logística
Primeiro painel do evento da PANROTAS para gestores de viagens reuniu especialistas para debater riscos

A PANROTAS está realizando nesta segunda-feira (17) a primeira edição do MOVE e o primeiro painel do dia, o MOVE Forward, mediado pelo diretor e apresentador André Fran colocou a segurança do viajante corporativo em perspectiva, com a provocação central: “Você está mesmo preparado para proteger o seu viajante?”
O debate reuniu Heloisa Diniz, Business Continuity & Crisis Management da Gol, Alexandre Camargo, country manager da Assist Card no Brasil, Rafael Nydan, gerente de Viagens da Petrobras, e o advogado Marcelo Oliveira, especialista em Turismo, que discutiram como empresas e gestores precisam lidar com crises, riscos e o chamado Duty of Care.
Heloisa Diniz alertou que, na aviação, o risco acaba sendo normalizado. “A sensação é que a gente acredita que não vai acontecer nada – e se acontecer, o brasileiro dá um jeito. A gente banaliza a exposição ao perigo.”
Para Marcelo Oliveira, o simples ato de se deslocar já impõe responsabilidade. “O ir e vir, um perigo inerente, nos obriga a avaliar. As empresas têm responsabilidade legal sobre quem se desloca por elas. Se age com omissão, já está correndo risco.”
O desafio, segundo Rafael Nydan, é que muitas vezes se mede risco usando a própria experiência como referência. “Acabamos nos colocando em situações muito enviesadas. O gestor precisa montar um ecossistema que aumente a régua, com objetividade e seriedade.”
Ele contou que, na Petrobras, a virada de chave veio quando se passou a olhar as viagens não como logística, mas como vidas em movimento. “Não basta dar o recurso, é preciso se colocar no lugar do viajante. Quando trouxemos o viajante para o centro, entramos em uma nova etapa”, conta o gestor.
Alexandre Camargo reforçou que, sem consciência do risco, não há busca por proteção. “Quando o mercado voltou a viajar em 2021, só se pensava em covid, mas havia muito mais. Seguro não pode ser escolhido só pelo preço – é preciso olhar cobertura, atendimento, SLA, capacidade real de resposta”, ressalta.
A aviação, segundo Heloisa, pode servir de exemplo para outros setores. “Segurança é nosso valor número 1, pois lidamos com vidas. Pequenas atitudes, como pedir o contato de emergência do viajante ou até do colaborador, mostram cuidado real. Mas é sempre um equilíbrio entre proteção e produção.” Ela reforçou que elevar demais a proteção torna a operação inviável, mas ignorá-la coloca todos em risco.
O advogado Oliveia lembrou que esse equilíbrio também passa pelo jurídico. “As políticas de viagem precisam refletir a realidade e estarem conectadas à ciência e à legislação. Não dá para fugir disso. Empresas precisam ser ponte, não barreira – oferecer soluções, não só regras”, reforça.

O futuro da segurança corporativa, segundo Camargo, passa por políticas claras e obrigatórias. “De cada dez viajantes, apenas um viaja com seguro. Precisamos de políticas top down, como emitir automaticamente o seguro junto do bilhete aéreo.”
Nydan acrescentou que ouvir o viajante é parte essencial desse processo. “Não há outra forma. Entender suas dores, perrengues e preocupações é o que permite criar políticas realmente efetivas”, acrescenta.
No fim do primeiro MOVE Forward, uma ideia ganhou consenso: cuidar do viajante é antecipar riscos, criar estruturas de resposta e, principalmente, garantir que ele não esteja sozinho diante do imprevisível. Como concluiu Rafae Nydanl: “Segurança tem de ser intuitiva. O viajante precisa se sentir tranquilo, com tudo o que precisa ao alcance.”