Leonardo Ramos   |   11/01/2018 10:05

Gestores e viajantes devem dividir responsabilidade contra ansiedade e depressão

Quanto maior o número de dias viajando por mês, mais prováveis são sintomas como alcoolismo, tabagismo, depressão, ansiedade e problemas de sono

O papel mais óbvio dos gestores corporativos é gerenciar as viagens de seus clientes. Fazer as reservas, controlar os gastos... Suas principais funções são claras, de fazer com que viagens a trabalho funcionem como deveriam. Mas um ponto específico - e preocupante - das consequências de ser um viajante corporativo tem vindo cada vez mais à tona em estudos e pesquisas recentes: um declínio contínuo na saúde, seja física, seja mentalmente.
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Ansiedade é mais comum quanto mais se viaja a trabalho, diz estudo
Ansiedade é mais comum quanto mais se viaja a trabalho, diz estudo
Após um relatório da CWT acusar as viagens a negócios como interferências negativas na rotina e no condicionamento físico, um estudo médico divulgado nesta semana pela Escola de Saúde Pública Mailman, da Universidade de Columbia, apontou que viajantes corporativos são mais propensos a reportar sintomas de algum tipo de perturbação mental, como de depressão e ansiedade. O relatório vai além, e diz que quanto mais frequentes forem as viagens a trabalho, maiores as chances do viajante sofrer algum problema do tipo.

Publicada pelo Journal of Occupational and Environmental Medicine, dos Estados Unidos, a pesquisa revelou que não apenas sintomas de ansiedade e depressão, mas também tabagismo, problemas de sono, sedentarismo e alcoolismo são consideravelmente maiores entre aqueles que viajam a trabalho por duas semanas ou mais por mês, em comparação com quem viaja no máximo seis noites mensalmente.

"Embora viagens de negócios possam ser vistas como um benefício para o trabalho e como um avanço profissional, há uma crescente literatura mostrando que viagens corporativas extensas estão associadas ao risco de doenças crônicas associadas ao estilo de vida", explicou o professor de epidemiologia associado a escola de medicina de Mailman, Andrew Rundle, autor do estudo.

"O campo da medicina de viagem ocupacional precisa se expandir para além do foco atual, como em doenças infecciosas e cardiovasculares, para atentar mais para as consequências comportamentais e de saúde mental das viagens de negócios", argumenta Rundle, que usou registros de saúde de cerca de 18,3 mil viajantes corporativos para realizar a pesquisa.

Por fim, além dos óbvios malefícios à saúde do viajante corporativo, o estudo de Rundle apontou que, quanto maior o número de dias fora de casa a trabalho, pior são os resultados dos negócios realizados durante as viagens.

GESTORES DEVEM AUXILIAR VIAJANTES
"No nível individual, os funcionários que viajam extensivamente precisam assumir a responsabilidade pelas decisões que tomam em torno de sua dieta, exercícios físicos, consumo de álcool e sono", explica Andrew Rundle.

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Viajantes devem assumir responsabilidades pela própria saúde durante a viagem, como respeitar a necessidade de boas noites de sono
Viajantes devem assumir responsabilidades pela própria saúde durante a viagem, como respeitar a necessidade de boas noites de sono
Para o professor de epidemiologia, porém, embora apenas o viajante possa controlar 100% suas ações e rotinas durante as viagens, a responsabilidade sobre sua saúde - mental e física - passa também por uma maior atenção e dedicação de gestores de viagens ao assunto; assim, tanto empregadores quanto viajantes devem considerar novas abordagens para melhorar a saúde durante as viagens - ou, ao menos, reduzir o número mensal de dias viajando a trabalho.

"Para fazer isso, os funcionários provavelmente precisarão de algum tipo de apoio sob a forma de educação, treinamento e de uma cultura corporativa que enfatize as viagens de negócios saudáveis".

"Os empregadores devem fornecer aos funcionários que viajam à negócios acomodações que tenham acesso, por exemplo, a instalações de atividade física, além de oferecerem opções de alimentos saudáveis", resumiu Rundle.

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