AVIPAM: sinergias com Altour e investimentos em IA para auxiliar consultor e viajante
Presente na GBTA Convention 2025, TMC revela como apoia os clientes e tira proveito das novas ferramentas

DENVER – Há cinco anos a TMC AVIPAM, sediada em São Paulo, e liderada por Fernando Slomp, tem como parceira global a Altour, que é fruto da aquisição de cerca de 14 marcas de viagens, como CTS e Travel Leaders (essa agora exclusiva dos consultores independentes nos EUA), e desde o ano passado usa apenas Altour para as viagens corporativas.
Conversamos com o CEO da Altour, Gabe Rizzi, e com o CEO da AVIPAM, Fernando Slomp, durante a GBTA Convention 2025, em Denver, Colorado, sobre a sinergia que a Altour tem levado para a TMC brasileira e as perspectivas de mercado, especialmente em um momento em que muitos falam de incertezas, seja devido a questões econômicas e políticas globais, seja por causa da revolução que a inteligência artificial está causando no mundo – e em Viagens e Turismo não poderia ser diferente.
A AVIPAM, aliás, tem um grande projeto sobre IA em andamento, se mostrando preparada para não apenas usar e tirar proveito das ferramentas, mas participar ativamente da transformação nos diversos processos da viagem, com benefícios para clientes, empresas e toda a indústria. E sabendo que a tecnologia apoia, serve, ajuda, melhora o atendimento humano, que não deve sair do centro dos processos.
Confira a seguir um resumo do bate-papo com Gabe Rizzi, a visão de Slomp e também como Tadeu Cunha, VP de Tecnologia, Inovação e Dados, conduz a questão do aumento do uso da IA nas TMCs.
PANROTAS – Gabe, queria começar com um panorama de como está a Altour hoje, depois desse processo grande de aquisições e unificação das marcas para o setor de Viagens Corporativas.
GABE RIZZI – A Altour é uma empresa de gestão de viagens com cerca de 1,2 mil funcionários globalmente e é uma casa de marcas, no sentido de que é uma fusão de provavelmente 14 aquisições ao longo dos anos. E, no ano passado, concluímos a integração de todas elas e nos unimos sob uma única marca, a Altour. Então, globalmente, agora, em vez de sermos Travel Leaders, CTS, entre outras em Viagens e Eventos Corporativos, agora somos apenas Altour. Agora somos uma marca global única e deixamos a marca Travel Leaders para os agentes de viagens independentes nos EUA, que são mais de 7 mil em nossa rede. Isso simplifica, elimina muita confusão e muita da complexidade que acompanha as integrações.
PANROTAS – Em tecnologia, como estão os investimentos e avanços da Altour?
RIZZI – Do ponto de vista tecnológico, estamos realmente engajados e lançamos cinco produtos diferentes relacionados à IA no ano passado, e todos eles atendem a diferentes elementos da jornada do viajante. Seja na reserva, seja na interrupção proativa de voos, seja na comunicação proativa sobre alertas, seja o que for, estamos tentando alavancar a IA para fornecer uma experiência mais personalizada para todos os nossos viajantes.
PANROTAS – Como essa nova era da tecnologia está impactando o trabalho e o papel de cada indivíduo na organização?
RIZZI – Muitas empresas estão considerando a IA como uma forma de reduzir sua força de trabalho. Nós vemos isso como uma forma de atender mais clientes sem precisar adicionar mais recursos. Para que possamos realmente descarregar o trabalho de menor valor e concentrar nosso capital humano no que é mais importante. Temos os quocientes de inteligência (QI) e o emocional (QE). Preciso que nossos agentes aproveitem seu QE quando houver interrupção de voo. Porque as pessoas querem ouvir uma voz. Sabe, é relaxante. Elas não querem lidar apenas com um robô. Elas querem falar com uma pessoa. E é para isso que liberamos esse capital humano (com o uso de IA para outras funções). Nossos parceiros estão abraçando isso de frente e agora estamos expandindo essa capacidade de IA e esse conjunto de produtos em escala global para que eles consigam lidar com isso.
PANROTAS – Um tema que ouvimos muito aqui na Convenção da GBTA é sobre as incertezas. Sejam guerras, disputas comerciais, políticas…
RIZZI – Isso sempre fará parte de nossas vidas. E quando há incerteza global, qualquer atrito macroeconômico, a primeira coisa que uma empresa interrompe é viajar. É a despesa mais fácil de frear. Mas quando olho para o nosso portfólio como um todo, estamos estáveis em relação ao ano anterior. Não estamos em queda, não estamos em alta, estamos estáveis. Temos alguns setores, porém, que estão em queda, dois dígitos, como o setor de contratação governamental, que está muito baixo. Parte do nosso trabalho com empresas manufatureiras está muito baixo. Mas, como um portfólio agregado, estamos empatados com o ano passado. Então, como sair disso? Conquistar mais clientes? Temos parceiros fantásticos como a AVIPAM em todo o mundo, que lutam pelos nossos clientes e por novos clientes. A TMC tem um papel importante com os clientes para gerenciar essa incerteza. Onde ir, como fazer negócios, como a IA pode ajudar.
PANROTAS – E qual é o papel da TMC neste mundo de incertezas?
RIZZI – Sem dúvidas, um papel importante. Por exemplo, a maioria das TMCs opera no que chamamos de um mundo orientado para serviços, onde são muito reativas. Elas reagem a uma interrupção de voo, reagem à macroeconomia. Essa mudança que a Altour está fazendo agora é que estamos mudando para uma mentalidade orientada a vendas ou ao cliente, onde somos mais proativos. Ferramentas como o AI Predict, com a qual podemos prever proativamente possíveis interrupções de voos antes mesmo que a companhia aérea faça a notificação, são reais. Portanto, se a sua viagem tiver mais de 50% de chance de ser interrompida, podemos oferecer diretamente em seu celular um link direto para remarcar sua viagem em um voo alternativo. Assim, você não precisa aparecer no aeroporto e ficar sentado lá por quatro horas. Essas são as ferramentas proativas que oferecemos. E isso dá mais confiança para o cliente viajar. Você quer que uma TMC seja a guardiã do seu programa de viagem. E não apenas o apoio a esse programa. A TMC tem de proteger seus viajantes como protege os assets corporativos. Muitos de nossos competidores chamam esses trabalhos de transações. Nós chamamos de interações. Somos gerenciadores de interações.
AVIPAM e Altour: 5 anos de parceria
PANROTAS – Fernando, qual a importância dessa parceria com a Altour?
FERNANDO SLOMP – Temos parceria com a Altur há cinco anos. E lá estava a pandemia no meio. Depois da pandemia, começamos a interagir muito mais com eles. A Altour se reestruturou, unificou marcas, abriu novos negócios. E nossa parceria é bem diversificada. Estamos, por exemplo, implementando no Brasil cerca de dez clientes com eles neste momento. E paralelamente estamos participando de algumas concorrências grandes, via Altour, na América Latina. Além disso, temos vários clientes que já fizemos a regionalização, pois têm sede no Brasil, mas atuação em mais países, onde temos o apoio da Altour. E agora estamos com outros clientes também do Brasil nos pedindo ajuda na internacionalização. E então estudamos juntamente com o cliente, como isso será feito. A vantagem é que a Altour tem um sistema muito bom de relatórios, além de serviço, padrões de atendimento, toda uma estrutura que facilita esse gerenciamento de cada caso de cliente.

PANROTAS – Hoje a AVIPAM gerencia quantas contas?
SLOMP – São mais de 600 corporações, atendidas por cerca de 450 funcionários, entre São Paulo, Rio e postos pelo Brasil. Vale destacar que a Altour trabalha muito próxima da gente, com uma disponibilidade incrível. O Gabe participou de dois eventos com a gente, pessoalmente, nossas demandas são debatidas com rapidez e em um trabalho conjunto.
IA no nas viagens corporativas: aliada do consultor, não substituta
O vice-presidente de Inovação Tecnologia e Dados da AVIPAM, Tadeu Cunha, também presente na GBTA Convention, em Denver, lidera um grande projeto na TMC para que os consultores vejam e usem a inteligência artificial como aliada em competitividade, eficiência e outros índices.
Durante o evento no Colorado, a AVIPAM participou de debates estratégicos sobre o uso da IA na gestão de viagens corporativas. “Em parceria com nossos aliados globais – como a Altour e sua representante no Canadá, a Globespan, presidida por Dan Moretta – reforçamos um ponto essencial: a IA deve apoiar os consultores, e não substituí-los”, disse Cunha em entrevista à PANROTAS.
A IA deve ser vista com e como propósito, e não ser utilizada por estar na moda, pelo hype do momento, segundo ele. “É fundamental identificar onde ela pode causar o maior impacto com a maior assertividade. A tecnologia deve estar a serviço da estratégia – e não o contrário.”
E na hora de decidir estrategicamente, é o olhar humano que vai agir e não a IA. “Não faz sentido esperar que a IA seja empática ou tome decisões complexas. O ser humano é insubstituível quando o assunto envolve escuta, sensibilidade e criatividade para resolver problemas. Por outro lado, tarefas repetitivas e operacionais são justamente o que a tecnologia veio resolver, liberando o consultor para entregar o que só ele pode oferecer: conexão, cuidado e visão consultiva”, explica o VP da AVIPAM.
Durante o evento da GBTA, uma pergunta foi lançada durante uma das discussões: “Você deixaria a IA atender seus clientes vips?”. Ninguém levantou a mão. Isso reflete algo que não muda com a tecnologia: clientes de alto valor esperam relações de confiança, e isso só o ser humano entrega.
A IA também pode ser uma ferramenta poderosa para capacitar novos profissionais, oferecer respostas mais rápidas e garantir mais precisão nas informações. “Mas o segredo está no equilíbrio: usar a IA como suporte, sem abrir mão da essência do relacionamento humano”, diz Cunha.
Viajantes mais jovens preferem canais digitais, exigem respostas imediatas e valorizam a transparência, como foi destacado em um dos painéis, com a participação de Dan Moretta. “A AVIPAM está preparada para atender esse perfil digital – sem abrir mão do calor humano que sempre definiu nosso atendimento”, garante Tadeu Cunha, que prepara para agosto imersões e treinamentos para os colaboradores AVIPAM, que passarão a ser especialistas no bom uso da IA no gerenciamento de viagens.
“A IA é bem-vinda, quando usada com inteligência e propósito. Ela deve tirar da frente o que é automático, repetitivo, operacional. E nos deixar fazer o que ninguém mais pode: ser humanos, com empatia, criatividade e estratégia. A AVIPAM acredita que o futuro das viagens corporativas é feito de tecnologia, sim, mas com alma humana no centro de tudo”, conclui o executivo.
O Portal PANROTAS viaja a convite da GBTA, voando United Airlines, com proteção GTA