Rodrigo Vieira   |   12/05/2022 09:00   |   Atualizada em 12/05/2022 10:58

O que a Decolar viu na ViajaNet? Diretor da OTA responde

Marcelo Grether fala como a aquisição da agência brasileira pode ajudar na escalada da Decolar à liderança


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Marcelo Grether, Chief M&A & New Business Officer da Despegar (Decolar)
Marcelo Grether, Chief M&A & New Business Officer da Despegar (Decolar)

Por um total de US$ 15 milhões, a aquisição da ViajaNet pela Decolar, anunciada na semana passada, não foi a primeira e nem deve ser a última do grupo argentino Despegar em sua estratégia para alcançar o topo do mercado de Turismo no Brasil. A empresa vem de um histórico de compras em toda América Latina, iniciado por Viajes Falabella (Chile, Peru e Colômbia), seguido Best Day (México), além das brasileiras Koin (fintech) e Stays (plataforma de aluguel de imóveis por temporada).

É a primeira vez, no entanto, que a Decolar avança sobre uma congênere, uma concorrente direta brasileira. Por quê? "Digital desde sua fundação, a ViajaNet tem um DNA muito parecido com o da Decolar, mas com um conhecimento de mercado que pode ser complementar ao nosso, sobretudo em relação aos hábitos do consumidor brasileiro", responde o Chief M&A & New Business Officer do Grupo Decolar, Marcelo Grether, que nesta semana está no escritório da ViajaNet, no Brasil, de onde deu entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS.

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ViajaNet deve continuar com marca separada da Decolar
ViajaNet deve continuar com marca separada da Decolar
"Nosso interesse pela ViajaNet também é pela expertise de sua equipe. São profissionais que vão reforçar o time da Decolar no Brasil e evoluir em conjunto conosco. Bob [Rossato], Alex [Todres] e Paulo [Nascimento] vão permanecer. São líderes estratégicos", completa o executivo, se referindo aos fundadores e ao CEO da agência de viagens on-line, respectivamente.

O MATCH ENTRE DECOLAR E VIAJANET

Grether confirma que ViajaNet e Decolar seguirão com portais e marcas separadas e promete investimentos para potencializar a empresa adquirida e transformá-la em uma OTA mais completa.

"Em termos de produtos, a ViajaNet conhece bem o mercado brasileiro, mas é muito restrita a voos. Vamos investir para incluir hotéis, pacotes, serviços e ancilares, que são algumas de nossas especialidades. Em troca, vamos integrar elementos tecnológicos da ViajaNet e tentar absorver o excelente atendimento ao cliente que a nova parceira tem. Focada em tecnologia e em pessoas, a Decolar tem evoluído muito no que diz respeito ao SAC, e a ViajaNet vai nos ajudar a cortar um bom caminho."

O argentino também revela o interesse da Decolar em aprender com a plataforma da ViajaNet para dispositivos móveis. Segundo ele, o mobile é responsável por um tráfego crescente das OTAs no Brasil e esta é uma área na qual a nova parceira também merece elogios.

SEDENTA POR MAIS AQUISIÇÕES

Todavia, a ViajaNet não mata a sede por aquisições da Decolar no Brasil. "Somos líderes na América Latina e pretendemos atingir o topo no Brasil também", afirma Grether, reconhecendo que a missão não é simples.

"O Brasil é um mercado gigantesco e essa liderança não se alcança apenas com investimento em marketing. Temos de ser os melhores em serviço, em relacionamento com parceiros, em soluções de tecnologia, em meios de pagamento, em experiência ao cliente. O Brasil é tão complexo como os outros países onde atuamos, mas com atenuante de seu porte continental. Ainda assim, para nós é um mercado chave onde mais continuaremos investindo", completa o executivo, sem negar que mais aquisições estão em seu radar e enaltecendo o sucesso de outras compras estratégicas da Despegar.

A Viajes Falabella marcou a entrada do grupo no segmento de lojas físicas; a Best Day (HotelDO no Brasil) aperfeiçoou a atuação no segmento B2B (HotelDo no Brasil) e no segmento de Receptivo no México; a Koin foi representativa na agilidade e segurança de pagamento ao cliente; enquanto a Stays, mais recente, também promete bons resultados à Decolar, na avaliação do Chief M&A & New Business Officer.

"Se perguntar qual é a próxima empresa que pretendemos comprar, eu digo que estamos sempre estudando as possibilidades. Fato é que queremos crescer e estamos olhando companhias que agreguem valor à Decolar, como foram todas as outras. Temos aprendido muito com cada empresa adquirida", pondera Marcelo Grether, ainda acrescentando que "seguramente é possível" que a Decolar invista no segmento de lojas físicas no Brasil e elogiando a evolução do atendimento B2B da empresa após a chegada da HotelDo.

A Decolar espera que a compra da ViajaNet seja concretizada pelos órgãos competentes em 1º de junho.

No final de junho, entre os dias 21 e 22, Damian Scokin, CEO e fundador da Decolar.com, participa da edição 2022 do Fórum PANROTAS. Na ocasião ele vai falar sobre trajetória e futuro do grupo.

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