Rodrigo Vieira   |   30/08/2023 17:56   |   Atualizada em 31/08/2023 10:33

Diretor da Decolar analisa mercado com a crise da 123 Milhas

Alex Todres diz que não é momento de ser oportunista, mas vê benefícios em médio prazo com a situação

Divulgação/Decolar
Alex Todres, country manager da Decolar no Brasil
Alex Todres, country manager da Decolar no Brasil

A crise de agências de viagens on-line como 123 Milhas e Hurb é prejudicial para os consumidores e mancha a imagem do mercado de Turismo brasileiro como um todo. Porém, em médio prazo, o grupo Decolar sai beneficiado com a fragilidade desta concorrência. Esta é a visão do country manager da Decolar no Brasil, Alex Todres. Em sua visão, o Turismo será dividido em uma era pré e pós-crise das agências milheiras.

"Eu estaria mentindo se dissesse que não vamos nos beneficiar destas situações", afirma Todres, sem mencionar nomes de 123 Milhas e Hurb. "Por outro lado, o impacto causado por essas crises na indústria levará certo tempo para ser acomodado. De qualquer forma, isso não é momento de ser oportunista. Tem muito consumidor que perdeu sonhos ao acreditar em promoções milagrosas. Como toda empresa, nós queremos crescer e estamos no caminho certo. A Decolar não chegou agora, está há muito tempo no mercado, é uma marca que nunca fez loucura, sempre foi conservadora e consistente. Essa é a mensagem que vamos passar", completa o country manager.

Turismo antes e depois do mercado de milhas

Em um mercado tão competitivo como o Turismo, com margens tão apertadas, a prática de venda com datas flexíveis e de banco de milhas acaba distorcendo a visão do consumidor, na visão do country manager da Decolar, OTA que, segundo ele, nunca operou desta maneira.

"O brasileiro começa a acreditar que o produto custa um preço que na verdade é inexistente, por isso essas crises são ruins para todo o mercado, não só para as agências de viagens on-line. Decolar e ViajaNet, que sempre prezaram por uma relação muito transparente com as companhias aéreas e com o consumidor, muitas vezes são confrontadas por preços inexistentes praticados em algumas concorrentes. Então, lamentamos que depois de todas as dificuldades de conseguir retomar pós-pandemia, encaremos um cenário desse, com consumidores tendo seus sonhos frustrados"

Alex Todres, country manager da Decolar, sobre agências focadas em milhas

"Espero que de alguma forma o Turismo saia fortalecido no futuro. Se tem algo positivo em todas essas situações é a extinção de práticas de pacotes flexíveis e promoção com uso de milhas. O cliente pode fazer bons negócios dentro das regras de mercado, comprando com antecedência, comparando tarifas, encontrando promoções. Decolar e ViajaNet sempre tiveram inventário garantido. Nunca vendemos sequer um produto que não estivesse em nosso estoque. Na pandemia quando as aéreas não vendiam bilhetes com mais de três meses de antecedência, nós seguíamos a regra", completa o country manager.

Em sua visão, outros aventureiros poderão aparecer e, nessas horas, quem tem credibilidade deve atuar para mantê-la. A Decolar, relata Todres, está presente em 19 países, é listada na NYSE, tem mais de 500 funcionários no Brasil, onde atua há 23 anos, e já passou por vários momentos desafiadores, como a pandemia, mas nunca teve de encarar algo parecido. Vale lembrar que a CVC Corp, também de capital aberto, viu suas ações subirem nos últimos dias, com o anúncio da Recuperação Judicial da 123 Milhas.

Alex Todres, country manager da Decolar, analisa momento da empresa

Alex Todres está há cerca de um mês na cadeira de country manager da Decolar no Brasil. Ele é um dos fundadores da ViajaNet, adquirida pela sua atual empresa em 2022. O executivo assume posto vago desde agosto de 2021, quando Alexandre Moshe deixou a empresa, e aponta que a principal mensagem do Grupo Despegar, fundado na Argentina, é seu foco persistente no Brasil.

"Sempre tiveram a visão de que o Brasil é o grande mercado da companhia. Estou muito animado com nosso futuro no País, com a iminente abertura das lojas físicas, com o time que temos aqui e a evolução tecnológica obtida pela Decolar. É um excelente momento", afirma Todres.

Um dos pontos de destaque mencionados pelo executivo é a mudança do foco do aéreo para pacotes. A Decolar se torna um one stop shop para o consumidor brasileiro e hoje os pacotes já representam 30% das vendas da OTA no País.

Outro ponto de atenção é o aplicativo, que já detém 40% das vendas gerais do Grupo Despegar (considerando Brasil e os demais países latinos onde atua).

"O app tem um importante papel de fidelizar o cliente, pois uma vez que o cliente o tem instalado, o relacionamento é mantido com ele, não só na compra, mas com conteúdo em todas as etapas de sua experiência", avalia.

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40% das vendas gerais do Grupo Despegar (Decolar) são feitas via aplicativo
40% das vendas gerais do Grupo Despegar (Decolar) são feitas via aplicativo

Por falar em fidelização, Todres menciona ainda o programa Passaporte Decolar, no qual ficou um ano antes de assumir como country manager. "Era um cargo no qual eu cuidava de toda América Latina, e pude ter essa visão regional da empresa. O grande diferencial do programa é que o cliente pode pontuar paralelamente às aéreas. Estamos avançando na retenção de clientes nesta enorme base de consumidores que a Decolar tem no Brasil."

Ênfase também é dada para a abertura das lojas físicas. Serão dez até o fim do ano, em princípio próprias, antes de dar o passo rumo às franquias. Saiba tudo sobre as lojas físicas da Decolar clicando aqui.

Sobre as diferentes estratégias entre Decolar e ViajaNet, o executivo, cofundador da segunda, acredita que a comparação principal está no mix de produtos e na captação de clientes. "Tem espaço para ambas as marcas. A ViajaNet mais focada em aéreo, e atraindo o clientes com ferramentas on-line, enquanto a Decolar avança com a venda de pacotes. Ambas com enorme investimento em tecnologia, que no fim das contas é nossa expertise, é o diferencial competitivo do grupo", conclui Alex Todres.

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