Pedro Menezes   |   10/11/2025 09:08
Atualizada em 10/11/2025 11:00

Crise aérea nos EUA: shutdown cancela voos e paralisa aeroportos

País registrou mais de 8 mil voos atrasados e 2,2 mil voos cancelados no último fim de semana


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Operações aéreas estão sendo cortadas em 40 grandes aeroportos do país, com reduções que começaram em 4% na sexta-feira (7) e devem chegar a 10% até 14 de novembro
Operações aéreas estão sendo cortadas em 40 grandes aeroportos do país, com reduções que começaram em 4% na sexta-feira (7) e devem chegar a 10% até 14 de novembro

Os Estados Unidos estão enfrentando a pior crise aérea desde a pandemia, em 2020. Com exatos 40 dias de shutdown (paralisação do governo), a Administração Federal de Aviação (FAA) foi obrigada a determinar uma redução inédita de voos comerciais e privados, que provocou mais de 8 mil atrasos e 2,2 mil cancelamentos apenas nesse fim de semana.

Procure informações sobre os voos de seus clientes nos sites das companhias aéreas

A agência confirmou que as operações aéreas estão sendo cortadas em 40 grandes aeroportos do país, com reduções que começaram em 4% na sexta-feira (7) e devem chegar a 10% até 14 de novembro. O objetivo é garantir a segurança diante da falta crítica de controladores de tráfego aéreo, muitos dos quais estão trabalhando sem salário ou se recusando a comparecer aos turnos.

De acordo com a Airlines for America (A4A), mais de 4 milhões de passageiros já foram afetados desde o início da paralisação, e o prejuízo diário pode chegar a US$ 580 milhões quando os cortes alcançarem 10%. O bloqueio também ameaça cadeias de suprimentos e transporte de cargas, já que muitas aeronaves comerciais transportam passageiros e mercadorias.

Já de acordo com a FAA, os cortes são uma “medida proativa para preservar a segurança do espaço aéreo americano”. Segundo o administrador da FAA, Bryan Bedford. “estamos enfrentando sinais de estresse no sistema, com fadiga e esgotamento entre os controladores. Reduzir temporariamente o tráfego é a única forma de evitar riscos maiores”, destacou.

O secretário de Transporte, Sean Duffy, admitiu que o país “vive um colapso sem precedentes”. À CNN, por exemplo, alertou que “muitos americanos não conseguirão viajar para ver suas famílias no Dia de Ação de Graças” caso o impasse político continue. “Os controladores estão tendo que escolher entre alimentar suas famílias ou trabalhar sem pagamento”, disse.

A boa notícia é que senadores republicanos e democratas chegaram a um acordo bipartidário para encerrar o “shutdown”. O pacto que garante recursos até janeiro, foi aprovado rapidamente no Senado nesse domingo (9) e agora aguarda votação na Câmara dos Representantes.

Impacto em grandes aeroportos

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Secretário de Transporte, Sean Duffy, admitiu que o país “vive um colapso sem precedentes”
Secretário de Transporte, Sean Duffy, admitiu que o país “vive um colapso sem precedentes”

As restrições afetam especialmente os aeroportos de Nova York (JFK, Newark e LaGuardia), Chicago (O’Hare), Atlanta (Hartsfield-Jackson), Dallas-Fort Worth, Washington D.C., San Francisco e Los Angeles (LAX).

No sábado (8), a FAA chegou a impor programas de atraso em solo (“ground delays”) em nove terminais — com esperas médias de até 282 minutos (quase cinco horas) em Atlanta e Newark.

Segundo o site de monitoramento FlightAware, 1.530 voos foram cancelados no sábado e 1.025 na sexta, com outros 6 mil atrasos diários. No domingo (9), o número de cancelamentos ultrapassou novamente 1.000 voos.

Principais companhias impactadas

PANROTAS / Pedro Menezes
As quatro maiores aéreas (American Airlines, Delta, United e Southwest) foram obrigadas a cortar centenas de decolagens diárias
As quatro maiores aéreas (American Airlines, Delta, United e Southwest) foram obrigadas a cortar centenas de decolagens diárias

As quatro maiores aéreas (American Airlines, Delta, United e Southwest) foram obrigadas a cortar centenas de decolagens diárias. O Departamento de Transporte dos EUA, por sua vez, determinou que todas as companhias ofereçam reembolso integral ou reacomodação sem taxas.

  • A American Airlines cancelou cerca de 220 voos por dia desde sexta-feira, a maioria em rotas domésticas regionais.
  • A United Airlines reduziu entre 150 e 190 voos diários, preservando apenas os voos de longa distância e internacionais.
  • A Delta cancelou 170 voos na sexta-feira e emitiu waivers (autorizações para remarcação gratuita).
  • A Southwest, com 4 mil operações diárias, suspendeu cerca de 150 voos diários até terça (11).

Aviões particulares também sofrem restrições

Além da aviação comercial, o governo impôs limites a jatos privados em 12 dos maiores aeroportos do país, obrigando-os a operar em campos menores. “É justo que, neste momento, os controladores concentrem esforços no tráfego comercial”, afirmou o secretário Duffy, em suas redes sociais

A medida foi criticada pela Associação Nacional de Aviação Executiva (NBAA), que afirmou que a restrição “efetivamente proíbe a aviação de negócios” em vários centros estratégicos.

Pressão política em Washington

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Impasse político entre Democratas e Republicanos continua sem solução
Impasse político entre Democratas e Republicanos continua sem solução

O shutdown federal, que já é o mais longo da história dos EUA, paralisou parte da máquina pública e deixou 1,4 milhão de servidores sem pagamento (entre eles, 14 mil controladores de voo e 50 mil agentes de segurança aeroportuária). Cerca de 40% dos controladores deixaram de comparecer ao trabalho nos últimos dias, segundo a FAA.

Enquanto isso, o impasse político entre Democratas e Republicanos continua sem solução. A oposição culpa os republicanos por bloquearem um acordo sobre subsídios de saúde que expirariam neste ano, enquanto a Casa Branca pressiona por cortes mais amplos nos gastos federais.

A aproximação do Dia de Ação de Graças, no fim de novembro, e das festas de fim de ano preocupa ainda mais o setor. Segundo o Departamento de Transporte, a temporada de viagens de fim de ano poderá ser a mais caótica em décadas se o governo não acabar logo com o shutdown.

Com informações de NBC News e Al Jazeera.

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Sobre o autor

Natural do Rio de Janeiro, Pedro Menezes é bacharel em Comunicação Social/Jornalismo e atua há 12 anos na imprensa especializada em Turismo. Atualmente, é editor do maior portal brasileiro voltado a profissionais do setor, com base em São Paulo. O jornalista tem experiência em cobertura nacional e internacional de feiras, congressos e eventos, além de pautas de política e economia ligadas ao Turismo.