Karina Cedeño   |   19/10/2022 14:26
Atualizada em 19/10/2022 17:30

Frota da Boeing na América Latina deve dobrar nos próximos 20 anos

O diretor regional da empresa esteve no Brasil para falar sobre os planos e desafios na região

PANROTAS / Karina Cedeño
O diretor regional de Projeções de Mercado da Boeing para a América Latina, David Franson
O diretor regional de Projeções de Mercado da Boeing para a América Latina, David Franson
O diretor regional de Projeções de Mercado da Boeing para a América Latina, David Franson, esteve hoje no Brasil para falar sobre as perspectivas de crescimento da empresa na região, analisando os desafios e oportunidades para os próximos anos.

Na ocasião, Franson também divulgou o estudo Perspectivas de Mercado (Commercial Market Outlook – CMO) da Boeing, que é uma projeção anual da demanda por aeronaves comerciais e serviços para os próximos 20 anos.

O levantamento revela que a frota da Boeing na América Latina quase dobrará em duas décadas, com crescimento acima de 85%, sendo o Brasil responsável por 30% da demanda. A região vai precisar de 2.240 novas aeronaves até 2041 (leia previsão da concorrente Airbus).

Diante desse cenário, as companhias aéreas irão precisar de 118 mil novos funcionários de aviação, incluindo 35 mil pilotos, 35 mil técnicos e 48 mil membros da tripulação de cabine no período em questão, de acordo com previsões da Boeing.

Recuperação acima da média global

O levantamento mostra que a América Latina já recuperou 88% do tráfego aéreo que tinha em 2019, porcentagem que está acima da média de retomada global, que é de 75%. No que se refere à capacidade, a recuperação na região é de 90%, enquanto a média global é de 77%.

“Isso é encorajador, pois significa que toda a demanda que existe está sendo atendida. A América Latina vem apresentando forte recuperação nas viagens aéreas, principalmente nos mercados domésticos, com as companhias aéreas regionais usando com sucesso frotas de corredor único para voos de curta distância e expandindo suas redes globais”, afirma o diretor regional de Projeções de mercado da Boeing para a América Latina.

Ele comenta que a recuperação é forte em todos os mercados da América Latina. No Brasil, a retomada está em 81%. “O Brasil é o maior mercado da região e está bem posicionado para uma recuperação saudável, podendo superar as disrupções de curto prazo. Atualmente, dos voos com origem na América Latina, 28% são provenientes do Brasil”, comenta. O levantamento da Boeing também mostra que o tráfego de passageiros na região deve crescer 4,4% ao ano.

"Não devemos esperar uma recuperação total do tráfego doméstico até que vejamos uma retomada completa dos voos internacionais", destaca o executivo, comentando que
um dos fatores que contribuem para a eficácia das operações é o fato de as companhias aéreas alternarem seus modelos de aviões semanalmente. "Essa alternância permite que a manutenção, a papelada e todos os itens necessários fiquem atualizados para que a aeronave possa retornar ao serviço de forma rápida”, comenta Franson.

Viagens corporativas: reuniões ainda são vistas como despesa

Ao falar sobre as perspectivas para o setor de viagens corporativas, Franson comenta que a retomada deve ser analisada em diferentes frentes. “Acredito que alguns aspectos das viagens de negócios voltarão mais rapidamente e com mais força do que outros. Enquanto as viagens relacionadas a vendas estão voltando rapidamente, eventos como reuniões, incentivos, conferências e treinamentos deverão demorar mais para retornar. Isso porque viagens desse tipo ainda têm sido vistas como despesas pelos gestores de viagens corporativas, que estão mais relutantes em gastar, principalmente diante da incerteza econômica que estamos enfrentando agora”, comenta.

Boa conectividade no Brasil

Para Franson, o Brasil tem feito um ótimo trabalho ao conectar não apenas suas principais cidades com o mundo, mas também mercados secundários. "O País investe em uma diversidade recente de conexões, não apenas para os mercados europeus, mas também dos mercados europeus para mais de uma cidade no Brasil. Dessa forma, o Brasil está fazendo um bom trabalho em manter mercados competitivos abertos, o que ajudará em sua recuperação e crescimento", destaca.

Companhias aéreas mais VERSÁTEIS

Por fim, o diretor regional de Projeções de mercado da Boeing para a América Latina diz que o momento exige versatilidade das companhias aéreas. "E isso é algo que é criado, entre outros fatores, pela frota. São necessários aviões versáteis para competir de forma eficaz", comenta.

"Vemos algumas companhias que são muito bem-sucedidas com um único tipo de aeronave, mas de 90% a 97% de nossos clientes estão optando por mais de um modelo. Com isso, conseguem ajustar a oferta à demanda existente e atendam a uma ampla gama de rotas de forma mais lucrativa e com menor custo de tripulação e peças sobressalentes", conclui Franson.

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