Em recuperação judicial nos EUA, Azul tem rating rebaixado por duas agências
Apesar da gravidade da situação, a Fitch Ratings acredita que a Azul tem potencial de continuar operando

A Fitch Ratings rebaixou os ratings de crédito da Azul S.A. para o nível mais baixo de sua escala: de 'CCC-' para ‘D’, tanto em moeda estrangeira quanto local, além do rating nacional. O rebaixamento logo após a entrada da companhia aérea em processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.
Segundo o relatório da agência, o rebaixamento se deve à decisão da Azul de reorganizar sua estrutura de capital com suporte de importantes stakeholders, como a AerCap — principal arrendadora da frota da empresa — e suas parceiras estratégicas United Airlines e American Airlines. A reestruturação prevê eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas e captação de US$ 1,6 bilhão em financiamento DIP (debtor-in-possession
A Fitch destaca que a situação da Azul é resultado de um acúmulo de reestruturações desde a pandemia, agravado por juros elevados no Brasil, alta volatilidade cambial e despesas financeiras e operacionais crescentes. Em março de 2025, a dívida total da companhia alcançava R$ 35,8 bilhões.
Apesar da gravidade da situação, a Fitch acredita que a Azul tem potencial de continuar operando. A avaliação considera que, mesmo em caso de falência (o que é totalmente improvável), a empresa seria reorganizada como uma companhia em funcionamento, e não liquidada. A agência estima um EBITDA sustentável pós-reestruturação de R$ 2,5 bilhões, aplicando múltiplo de 5,5 vezes para cálculo do valor da empresa.
A reclassificação para ‘D’ reflete o fato da companhia ter formalizado o pedido de recuperação. O rating poderá ser revisto futuramente, após conclusão do processo e apresentação de um novo plano estratégico e financeiro. A Fitch informou ainda que seguirá monitorando o processo e que poderá reavaliar a nota da Azul com base no novo perfil financeiro da empresa.
S&P Global Ratings vai pelo mesmo caminho
A agência S&P Global Ratings também rebaixou a classificação de risco da Azul para “D”. Segundo a S&P, o rebaixamento reflete o reconhecimento formal de inadimplência, uma vez que a Azul não conseguiu honrar suas obrigações financeiras conforme acordado, optando por uma reestruturação judicial de suas dívidas.