Leonardo Ramos   |   24/09/2018 09:00

Saiba por que ofertas personalizadas são o futuro da aviação

Personalizar as passagens faz a receita das aéreas aumentar com a cobrança dos serviços auxiliares, e fideliza clientes, que passam a ter poder de escolha

PX Here

O mercado aéreo está em transformação. Mais especificamente, seus métodos de venda, distribuição e precificação estão. Oferecer apenas uma tarifa total, que o viajante pode pegar ou largar, não é mais suficiente: a nova era da aviação é dominada pela personalização da compra, com fragmentação de seus produtos resultando no empoderamento do cliente através da escolha.

Isso aumentará a competitividade a companhia que melhor se adaptar ao novo tipo de consumidor com a possibilidade de customizar sua compra como bem entender.

Essas são algumas das conclusões de um relatório realizado pela Amadeus em conjunto com o Skift, após questionar líderes de companhias do mundo todo e especialistas de fora de nossa indústria, para descobrir insights que possam ser utilizados no segmento aéreo.

"Esse salto, já em andamento, engloba a criação orientada por dados, a precificação, a colocação e a promoção de ofertas personalizadas relacionadas a voos de companhias aéreas", explica a diretora de Soluções de Ofertas da Amadeus, Meg O'Keefe.

BOM PARA AS AÉREAS, BOM PARA OS CLIENTES
Segundo o relatório, por ofertas personalizadas se entende que as companhias aéreas podem, de forma inteligente, precificar, posicionar e promover seus produtos e serviços, para que essas ofertas tenham maior probabilidade de atender necessidades individualizadas do cliente.

Caso isso seja bem feito, pode ser benéfico para clientes e companhias aéreas ao mesmo tempo, mesmo que isso possa parecer um pouco contraditório. Os viajantes se beneficiam do preço que mais se ajusta ao seu perfil: eles têm mais opções e podem ver e entender essas escolhas mais facilmente - de que tipos de produtos quer ou não quer que sejam incluídos na compra. Isso leva, consequentemente, a uma maior satisfação de suas verdadeiras necessidades, mais poder para fazer escolhas e maior clareza sobre as ofertas que eles veem e o valor que pagam por cada serviço.

A adoção de ofertas personalizadas poderia também reverter, ou pelo menos reduzir, uma tendência de décadas de "comodismo" dos clientes no setor aéreo, principalmente no Brasil: a percepção de que todas as companhias aéreas oferecem serviços idênticos, e a questão na hora da escolha é apenas o preço. Com uma oferta mais clara para os clientes, descrevendo melhor o que realmente está incluído, a aérea pode contar com uma maior exclusividade em seus produtos, um diferencial que vai além do preço.

Já as companhias podem, enfim, se beneficiar do aumento de receita: mais da metade (55%) dos executivos de empresas aéreas entrevistadas para o relatório espera uma alta de faturamento com passageiros de ao menos 15% com a cobrança dos serviços auxiliares - bagagens, marcação de assento, alimentação... Tática muito bem aderida pelas low costs, que se beneficiam disso para oferecer preços de bilhete abaixo do mercado.

"As companhias aéreas estão começando a se movimentar em direção a uma interação entre gerenciamento de receita, receita auxiliar e análise de clientes. As companhias aéreas que podem integrar esses três componentes em um modelo unificado terão uma clara vantagem competitiva no futuro".

HETEROGENEIDADE: NÃO HÁ APENAS UM PERFIL DE CLIENTE
"'O cliente' não existe. Porque todo cliente é diferente. Empresas centradas no seu passageiro reconhecem a heterogeneidade entre eles, e mais do que isso, celebram as diferenças, porque entendem que elas nos oferecem oportunidade."

A frase do professor de marketing da Universidade da Pensilvânia, Peter Fader, resume a avaliação que o relatório faz do cliente: eles têm perfis diferentes, e devem ser tratados como tal. Daí a importância, segundo a Amadeus, da tecnologia de big data: ela permite às companhias aéreas adotar essas diferenças e particularidades na hora da venda, e ir além da vaga distinção de passageiros de “negócios ou lazer” utilizado no passado.

Com informações sobre as preferências dos clientes, a customização de sua compra se torna muito mais fácil, e o fato da aérea oferecer o que o passageiro quer resulta, enfim, em maior probabilidade de fidelização.

"As companhias aéreas estão começando a se movimentar em direção a uma interação entre gerenciamento de receita, receita auxiliar e análise de clientes. As empresas que conseguirem integrar esses três componentes em um modelo unificado terão uma clara vantagem competitiva no futuro", concluiu o engenheiro de Dados da Planitas Airline Systems, Michael Farrugia.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados

Avatar padrão PANROTAS Quadrado azul com silhueta de pessoa em branco ao centro, para uso como imagem de perfil temporária.

Conteúdos por

Leonardo Ramos

Leonardo Ramos tem 1844 conteúdos publicados no Portal PANROTAS. Confira!

Sobre o autor

Colaboração para o Portal PANROTAS