Artur Luiz Andrade   |   14/04/2020 11:44
Atualizada em 15/04/2020 10:13

Operadoras Braztoa já reembolsaram 40% dos pedidos; presidente explica

33% das viagens com pedido de devolução de dinheiro já foram reembolsadas à vista pelas operadoras Braztoa


Emerson Souza
Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa e da Raidho
Roberto Nedelciu, presidente da Braztoa e da Raidho

O presidente da Braztoa, Roberto Nedelciu, falou ao Portal PANROTAS sobre a pesquisa realizada pela entidade com 48 de suas 62 operadoras associadas, que mostrou que US$ 3,9 bilhões já foram impactados com pedidos de cancelamento, reembolso ou remarcações.

Segundo ele, 33% das viagens com pedido de devolução de dinheiro já foram reembolsadas à vista, 7% de forma parcelada e 60% foram renegociadas pelos operadores, via carta de crédito ou remarcações.

Futuros pedidos de reembolso, de viagens ainda não mexidas (segundo pesquisa do TRVL LAB, 45% dos consumidores ainda não haviam decidido o que fazer com viagens futuras), obedecerão à MP 948, que regulamentou prazos e opções de cancelamentos, pedidos de reembolso e remarcações.

PORTAL PANROTAS – Qual seu balanço em relação a essa primeira pesquisa sobre o impacto da crise da covid-19 nas operadoras?
ROBERTO NEDELCIU – O número é necessário para mostrarmos o tamanho desse impacto. Temos falado com o governo, com bancos e todos pedem números. Dos 92 associados Braztoa, 62 são operadoras e 48 responderam à pesquisa, portanto, é um retrato bem realista do que estamos passando. Os próprios associados estão com muita ansiedade e carentes de informações precisas. Vejo no grupo de WhatsApp as dúvidas e necessidades, e a pesquisa também os ajuda a ver esse quadro maior do setor.

PP – Quem está sofrendo mais nesse momento?
NEDELCIU – As empresas que tinham pouco capital de giro e envolvidas com financiamento. Daí a urgência de termos linhas de crédito específicas para o setor de Viagens e Turismo. Estamos falando com o Ministério do Turismo, o BNDES e a Caixa e essa linha deve sair em breve, pois hoje entramos em um banco privado e falamos que somos do Turismo, eles não querem nem nos atender. Precisamos negociar garantias via fundos com o governo, para ajudar o setor. E agora com a pesquisa o governo tem um raio-X exato do que estamos passando. O próprio Ministério da Economia convocou as entidades do setor para uma reunião na próxima sexta-feira, pois está bem preocupado com o Turismo.

REEMBOLSOS
PP – Aos poucos então suas frentes de trabalho estão tendo soluções, algumas um pouco demoradas... Você concorda com isso?
NEDELCIU – Sim, a MP 936 abordou as questões trabalhistas, de custos. Essa era nossa primeira frente. A segunda, da relação com o consumidor, demorou um pouco mas saiu, com a MP 948. Tanto que 40% das viagens já canceladas foram reembolsadas em negociações individuais. Principalmente viagens de março a maio. Daí em diante, se houver pedidos de cancelamento, já entram nas regras da 948. O Senacon entendeu como funciona o agenciamento e essa flexibilização foi importante, oferecendo condições de remarcação e crédito ou o reembolso pago em 12 meses.

PP – Havia uma dúvida quanto a quem está pagando a viagem parcelada...
NEDELCIU – Estamos negociando caso a caso e geralmente ou o cliente deixa de pagar as parcelas seguintes e fica com o crédito do que pagou, ou continua pagando e também terá o montante para uma viagem. Acredito que a MP deva ter emendas no Congresso, pois há questões que precisam ser ajustadas, como os prazos de reembolso das empresas aérea e os do Turismo, que hoje são diferentes.

PP – O maior problema com reembolso, segundo a pesquisa, é com fornecedores internacionais. Isso continua?
NEDELCIU – Sim. Alguns dizem que por causa da pandemia não podem reembolsar. Outros já são países que não trabalham com reenvio de dinheiro e sim com carta de crédito e remarcações. Temos mostrado aos clientes que os fornecedores estão cobrando multas e geralmente eles aceitam a remarcação e a carta de crédito. Na minha empresa, a Raidho, mais de 90% dos clientes aceitaram a remarcação.

CAMPANHA DE RETOMADA
PP – E como será o trabalho para a retomada?
NEDELCIU – Antes precisamos resolver nossa terceira frente, que são as linhas de crédito. Estamos consumindo recursos e só com isso resolvido poderemos pensar na retomada. Ainda é cedo para pensar nela, mas já estamos conversando com o Ministério do Turismo e devemos ter uma grande campanha de promoção, inclusive na TV, mostrando as oportunidades de viajar pelo Brasil e a importância do profissional de viagens, que ajudou seus clientes nesse momento em todos os aspectos. Vamos pensar nessa campanha em meados de maio ou em junho, pois temos também de esperar e ver como a pandemia se resolve no Brasil. Pode ser que uma região esteja melhor que outra, somos um país muito grande. Mas teremos sim uma campanha para a retomada no segundo semestre.

Confira a pesquisa da Braztoa aqui.
Veja como as operadoras dos Estados Unidos foram afetadas.
Baixe a pesquisa do TRVL LAB com viajantes e profissionais de Turismo.

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