Artur Luiz Andrade   |   15/06/2020 11:08   |   Atualizada em 15/06/2020 11:43

Pandemia muda calendário do Mês do Orgulho LGBTI+; confira

Eventos on-line, paradas adiadas e campanhas para ajudar a comunidade marcam as ações do mês

Elvis Fernandes/Tivoli
Em São Paulo, ontem houve comemoração on-line e empresas como o hotel Tivoli Mofarrej celebraram a data de forma criativa e colorida
Em São Paulo, ontem houve comemoração on-line e empresas como o hotel Tivoli Mofarrej celebraram a data de forma criativa e colorida
Em artigo publicado na última sexta-feira na Revista PANROTAS 1.427, o diretor de Comunicação da Câmara LGBT do Brasil, Otavio Furtado, fala da agenda do Mês do Orgulho LGBTI+ no Brasil e no mundo, como as celebrações foram afetadas pela pandemia (ontem, São Paulo teve sua comemoração on-line), e como todos podem participar dos eventos virtuais e de campanhas que ajudam a comunidade.

Otavio Furtado

"Maneiras de celebrar o orgulho LGBTI+ durante a pandemia

Junho marca o Mês do Orgulho LGBTI+ e todos os anos ao redor do planeta celebramos a diversidade. Em 2020, as grande paradas e reuniões em torno do assunto tiveram que ser adiadas ou canceladas por conta da pandemia de covid-19. Mas isso não significa que deixaremos de comemorar a data, apenas descobrimos maneiras de celebrar o Orgulho LGBTI+ durante a pandemia.

Segundo levantamento feito pelo site Gay Travel and Fun, mais de 100 eventos de celebração do Orgulho LGBTI+ em todo o mundo foram adiados ou cancelados. Entres eles, destaques para a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que foi transferida para 29 de novembro. Nos Estados Unidos, no ano seguinte que recebeu a World Pride, Nova York cancelou as comemorações na rua este ano e São Francisco, que comemoraria 50 anos de sua primeira Parada do Orgulho LGBTI+, também anunciou que não terá edição em 2020. Esses dois cancelamentos são especialmente simbólicos para a comunidade pela ligação das cidades com a luta pelos direitos LGBTI+.

Otavio Furtado
A escolha do mês de junho para celebrar a diversidade acontece em homenagem à Revolta de Stonewall. Em 28 de junho de 1969, uma batida policial no lendário bar Stonewall Inn encontrou pela primeira vez resistência por parte dos frequentadores (ações policiais eram comuns na época). Durante a truculenta operação da polícia, pessoas que estavam no local mas foram liberadas, além de uma multidão que se aglomerou para assistir ao que estava acontecendo, se juntaram e reagiram.

Primeiro foram jogadas moedas, em referência à extorsão a que a comunidade era exposta frequentemente pelos policiais, mas não demorou para que objetos mais pesados fossem arremessados, como o famoso “primeiro tijolo”, que até hoje não tem confirmado quem atirou ou se de fato existiu.

Fato é que após uma noite de protestos fortes, nos dias seguintes marchas aconteceram pelas ruas de Nova York. O movimento aumentou a força de organizações que começavam a lutar pelos direitos LGBTI+ e, um ano depois, além da cidade, São Francisco, Los Angeles e Chicago tiveram marchas para lembrar a data da Revolta de Stonewall. Elas são consideradas as primeiras Paradas do Orgulho LGTI+ do mundo.

AGENDA NA PANDEMIA
Em virtude do distanciamento social imposto pela pandemia de covid-19, em uma data histórica que celebraria os 50 anos das primeiras paradas, os eventos ganharam uma nova maneira de celebrar o orgulho LGBTI+. Muitas organizações estão se juntando para fazer eventos on-line nas datas em que aconteceriam as respectivas marchas em seus países.

Além da celebração on-line da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (ocorrida ontem), artistas brasileiros estão confirmadas em eventos on-line pelo mundo, como Luísa Sonza que se apresentará na NYC Pride virtual (28/06 – a partir das 13h) e Pabllo Vittar que foi a primeira atração anunciada pela Global Pride. O evento em 27 de junho, que ocorrerá ao longo do dia, é uma reunião de Paradas do Orgulho LGBTI+ do mundo inteiro para uma celebração on-line.

Otavio Furtado
Mas, além de aproveitar as edições on-line que acontecerão ao longo do mês, ou de até se reunir nas paradas que acontecerão em datas futuras, junho pode ser uma oportunidade de conhecer mais sobre a história da comunidade e a luta pelos direitos LGBTI+. Uma série de livros, filmes, séries e documentários estão disponíveis. O Canal Brasil preparou uma programação especial que inclui bate papos e produções sobre o tema. Nos serviços de streaming é possível consumir muito conteúdo relacionado ao tema, como, por exemplo, os necessários documentários “Morte e Vida de Marsha P. Johnson”, que fala sobre a ativista e discute a invisibilidade trans, ou “Cartas para Além do Muro”, que narra de forma cronológica como foi a pandemia de aids no Brasil.

CAMPANHAS
É importante ressaltar que se todos os anos os eventos LGTI+ têm campanhas de conscientização e arrecadação para ajudar a comunidade, nesse período é mais importante ainda.

A Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil é uma das entidades que estão fazendo campanhas de arrecadação. Todo dinheiro será revertido em compras de cestas básicas e kits de higiene para a população LGBTI+ da periferia em situação de vulnerabilidade.

Os dados para depósito são:
Banco do Brasil (001)
Agência: 1202-5
Conta Corrente: 73654-6
CNPJ: 11.289.776/0001-90
Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil

Não importa a maneira como você opte celebrar, seja até mesmo colocando a bandeira do arco-íris em sua janela. Mas, em um ano em que enfrentamos uma situação atípica, o senso de comunidade e a importância da diversidade ganham ainda mais relevância.

Otavio Furtado
Otavio Furtado, Câmara LGBT do Brasil


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