Karina Cedeño   |   23/05/2023 11:44

Número de brasileiros com green card dos EUA bate recorde

No ano passado, 23.596 cidadãos do Brasil receberam o documento de residência permanente


Pixabay
A maior quantidade de green cards emitidos para brasileiros havia sido em 2019
A maior quantidade de green cards emitidos para brasileiros havia sido em 2019
No ano passado, 23.596 cidadãos do Brasil receberam o documento de residência permanente nos Estados Unidos – o green card –, o que representa alta de 28,5% sobre o ano anterior e o maior volume da série histórica. É o que revela um levantamento do escritório de advocacia AG Immigration, com informações obtidas junto ao Departamento de Segurança Interna do país.

O Brasil foi o nono país que mais recebeu o documento. O ranking é liderado por México (138 mil), Índia (125 mil), China (68 mil), República Dominicana (39 mil) e Filipinas (36 mil).

De acordo com o CEO da AG Immigration, Rodrigo Costa, os dados reforçam o movimento de fuga de cérebros que já vinha sendo observado no Brasil nos últimos anos. “Os três maiores volumes anuais de emissão de green cards foram registrados justamente de 2019 para cá”, observa. “E não é improvável que um novo recorde seja atingido agora em 2023”.

Na avaliação do executivo, o fenômeno de fuga de cérebros é explicado por dois motivos principais: a escassez de mão de obra nos EUA, que inflaciona salários e estimula a contratação de imigrantes, e a deterioração político-econômica do Brasil na última década, “que muitas vezes provoca um sentimento de desesperança na população”.

A maior quantidade de green cards emitidos para brasileiros havia sido em 2019 (19,8 mil).
O ano de 2022 registrou um crescimento de 284% na emissão do visto EB-2 para brasileiros. O documento é destinado a profissionais com ensino superior. “É um visto que concede o green card e que tem levado trabalhadores qualificados, como médicos, professores, pesquisadores, dentistas, analistas de TI e engenheiros de todas as áreas para os EUA”, afirma Costa.

Recorde de naturalizações e deportações
O levantamento da AG Immigration revelou ainda que a quantidade de brasileiros que obtiveram a cidadania norte-americana também bateu recorde em 2022. Ao todo, foram 12.983 naturalizações, leve aumento de 5,7% sobre as 12.448 de 2021 – até então, a máxima histórica.

O Brasil foi o 19º país que mais teve nacionais obtendo a cidadania dos EUA, atrás de México (127 mil), Índia (64 mil), Colômbia (17 mil), Irã (14 mil) e Bangladesh (13 mil), por exemplo. Em geral, um estrangeiro pode naturalizar-se cidadão norte-americano após cinco anos com o green card, contanto que a maior parte deste tempo tenha sido passada em solo estadunidense. “Quando a pessoa recebe a residência permanente, ela tem que, de fato, morar no país. Caso contrário, o benefício pode ser revogado”, explica o CEO da AG Immigration.

Ele destaca também que, embora haja dificuldades na adaptação de alguns brasileiros à cultura norte-americana, a maioria opta por ficar nos EUA, dadas às melhores condições de trabalho, renda e segurança. “Além disso, com a cidadania, o brasileiro ainda pode patrocinar a vinda de familiares, que apenas como residente permanente ele não conseguiria trazer para cá”, diz Costa, que desde 2008 vive na Flórida.

Os números do levantamento da AG Immigration referem-se aos anos fiscais norte-americanos, que compreendem o período de 1º de outubro a 30 de setembro e é a principal maneira que o governo dos EUA utiliza para divulgar estatísticas oficiais e definir metas orçamentárias.

Salário 30 vezes maior atrai imigrantes
Nos Estados Unidos, profissionais brasileiros da saúde, por exemplo, área em que há muita oferta e pouca demanda local, podem receber salários até 30 vezes maiores do que no Brasil. De acordo com outro levantamento da AG Immigration, com base em números oficiais do Departamento de Trabalho estadunidense, o Brasil ocupa a sétima posição entre os países que mais tiveram cidadãos indo trabalhar nos EUA. Ao todo, 865 brasileiros foram contratados por empresas norte-americanas no ano fiscal passado. Lideraram o ranking Índia (22.967), China (4.039), México (1.779), Filipinas (1.039), Canadá (1.001) e Coreia do Sul (945).

Em média, os brasileiros contratados nos Estados Unidos receberam um salário anual de US$ 72 mil – o equivalente a R$ 30 mil por mês, na cotação atual de cinco reais para cada dólar. Os menores salários identificados pela pesquisa foram para o cargo de babá (R$ 7.314 por mês), auxiliar de limpeza (R$ 7.384) e preparador de comida (R$ 7,8 mil). Por outro lado, a maior remuneração foi para um cardiologista contratado por uma clínica médica, com R$ 208.333 mensais. Em geral, os maiores salários entre os brasileiros foram para profissionais da Medicina, Administração, Engenharia e Economia.

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