A Accor realizou o evento “Juntos pela Erradicação da LGBTI+fobia”, nesta sexta-feira (16), em São Paulo. O encontro reuniu agentes, operadores, executivos, especialistas e autoridades para uma manhã de painéis e conversas sobre práticas, desafios e soluções voltadas à construção de ambientes mais inclusivos e seguros para a comunidade LGBTI+.

De acordo com dados da Booking.com, 58% dos turistas LGBTQIA+ brasileiros já sofreram algum tipo de discriminação durante uma viagem. Os dados mostram que a comunidade ainda enfrenta desafios ao redor do mundo, mas aposta no planejamento para ter uma experiência mais segura.

Outro ponto importante da pesquisa é que, para três em cada quatro (75%) viajantes LGBTQIA+ brasileiros, poder ser autêntico durante a viagem é o segundo fator mais importante na escolha de um destino.

O evento foi realizado às vésperas do Dia Internacional de Combate à LGBTI+fobia, celebrado em 17 de maio. Em entrevista ao Portal PANROTAS, Antonietta Varlese, vice-presidente de Comunicação, Sustentabilidade e Relações Institucionais da Accor, destacou que o apoio à causa LGBTQIA+ é uma prática contínua da companhia, que é signatária do Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIA+ desde 2017.

“Somos uma empresa de hospitalidade, que trabalha para pessoas e com pessoas. Queremos que todos se sintam bem-vindos em nossos hotéis, bares e restaurantes, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero”, afirmou Antonietta.

Segundo a executiva, o Turismo tem papel fundamental na inclusão, e a Accor reconhece tanto a importância da comunidade LGBTQIA+ como público consumidor quanto o valor de promover ambientes seguros e respeitosos.

“É um público que viaja de três a quatro vezes mais do que o público heterossexual, então é fundamental que a experiência seja acolhedora. E isso vale tanto para nossos clientes quanto para nossos colaboradores”

Antonietta Varlese, VP sênior de Comunicação, Sustentabilidade e Relações Institucionais da Accor

O CEO da Accor para as Américas, Thomas Dubaere, compartilhou uma experiência pessoal para reforçar seu compromisso com a diversidade, equidade e inclusão (DEI). Ao contar sobre o momento em que seu filho se assumiu, ele destacou como isso reforçou ainda mais sua visão sobre a importância de ambientes seguros e respeitosos.

“Para mim, diversidade, equidade e inclusão só fazem sentido quando são estruturadas, mensuradas e vividas diariamente. Não é um compromisso de campanha ou algo pontual. É constante e precisa fazer parte da cultura da empresa o tempo todo”,

Thomas Dubaere, CEO da Accor nas Américas

Dubaere ressaltou que a Accor tem avançado de forma concreta nessa agenda. Atualmente, 21% dos colaboradores da empresa no Brasil se autodeclaram membros da comunidade LGBTQIA+, sendo 2% pessoas trans. “Todos os nossos colaboradores têm o direito de ser quem são e de expressar sua individualidade. Não é uma tendência passageira. É um compromisso diário”, disse o executivo

Iniciativas e ações

A Accor tem implementado ações concretas para garantir inclusão, como a criação de comitês LGBTQIA+ em diversos países da América Latina, com embaixadores dedicados e políticas específicas dentro do programa de diversidade e inclusão.

“Temos uma área exclusiva que cuida disso e trabalha com quatro grandes pilares: equidade de gênero, etnias, pessoas com deficiência e a comunidade LGBTQIA+”, explicou Antonietta.

Entre as iniciativas voltadas ao público LGBTQIA+ estão campanhas de conscientização, metas de desenvolvimento interno, benefícios específicos e materiais de comunicação personalizados.

“Temos newsletters com sugestões de bares e restaurantes amigáveis à comunidade, além dos nossos próprios estabelecimentos. Também somos membros da IGLTA, a International LGBTQ+ Travel Association, que mapeia destinos seguros para esse público”, destacou ela.

Impacto no Turismo

Segundo Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, “A Accor está com a gente desde o início, contribuindo com a geração de negócios, empregos e apoiando projetos da Câmara, como nossa conferência internacional.”

Ele também reconheceu a importância histórica do Turismo e da hotelaria na inclusão da população LGBTI+.

“Mesmo há décadas, quando a sigla nem era amplamente usada, esse setor já acolhia profissionais da comunidade. Talvez por termos sido sempre maltratados, devolvemos isso com excelência no atendimento. E o Turismo enxergou esse potencial. É um dos primeiros setores a entender que a população LGBTI+ poderia ser uma força de trabalho qualificada, cuidadosa e respeitosa.”

Ricardo Gomes, presidente da Câmara de Comércio e Turismo LGBT no Brasil

Ricardo ressaltou que o Turismo tem papel essencial, independentemente de governos. “Com governos de esquerda ou direita, a diversidade existe, e o Turismo é um dos grandes aliados da comunidade LGBTI+. O Turismo LGBT é um dos mais rentáveis do planeta. Vai muito além de cruzeiros temáticos ou festivais: envolve turismo de luxo, gastronômico, contemplativo e até religioso.”

Ele concluiu destacando que o público LGBTI+ é mais fiel do que o heterossexual. “Porque não somos bem recebidos em todos os lugares. Onde somos acolhidos, voltamos — e indicamos. Valorizar o Turismo LGBT é socialmente justo e também um excelente negócio. No fim das contas, o que queremos é só igualdade: emprego, qualidade de vida e os mesmos direitos que qualquer pessoa".