De volta à Accor como VP, Marcus Simões detalha prioridades e expansão nas Américas
Sua segunda passagem acontece em um dos momentos mais ambiciosos da rede nas Américas

BUENOS AIRES - A Accor anunciou o retorno de Marcus Simões neste mês de setembro, como divulgado pelo Portal PANROTAS. O executivo voltou como vice-presidente de Vendas PM&E (Premium, Midscale & Economy), com o objetivo de reforçar a estratégia comercial do grupo nas Américas.
Sua segunda passagem pela companhia, onde já havia atuado anteriormente em posições estratégicas na área comercial, acontece em um dos momentos mais ambiciosos da história da rede nas Américas. Com 450 hotéis em operação no continente e a meta de chegar a 600 até 2027. Para isso, a rede aposta em um crescimento contínuo em mercados estratégicos como Brasil, Argentina, México e Estados Unidos.
Mas quais são os desafios e prioridades de Marcus de volta à Accor agora como vice-presidente? Como está o pipeline de aberturas da rede nas Américas? E como ele encara esse novo desafio? Tudo devidamente respondido em entrevista ao Portal PANROTAS, durante a FIT 2025. Ao lado de André Sena, Chief Commercial Officer (CCO), Marcus Simões recebeu nossa reportagem no Hotel Faena.
O executivo retorna à empresa após sete anos no grupo Hotelbeds. Em entrevista exclusiva, ele e André Sena detalharam o pipeline de novas aberturas, incluindo a aquisição do Treasure Island, em Las Vegas, e 17 hotéis da rede Park Royal no México, além de reforçarem o foco em cidades médias no Brasil e no fortalecimento da sustentabilidade como pilar estratégico para a companhia na região.
PORTAL PANROTAS - Como você avalia seu retorno à Accor e qual o significado deste novo momento?
MARCUS SIMÕES – Estar de volta à Accor é uma honra. Eu estou realmente muito contente com esse desafio, porque a Accor é uma companhia continuamente dinâmica, com uma ambição enorme de crescimento e com uma capacidade comprovada de expandir de forma sustentável. A empresa nunca para, está sempre em evolução. Não é exatamente um “momento de expansão”, porque expansão é algo contínuo na Accor. Mas eu reconheço que agora temos um capítulo muito especial em nossa história na região.
A Accor consolidou de maneira muito exitosa a sua presença em países como o Brasil e em toda a parte sul da América, e agora começa uma fase de expansão ainda mais forte rumo ao norte, com projetos muito relevantes no México e nos Estados Unidos. E eu destacaria, principalmente, a aquisição de um novo produto em Las Vegas, o Treasure Island, que passa a ser o terceiro ou quarto maior hotel da Accor globalmente. Isso é um marco, um ícone para a companhia e nos dá ainda mais energia para o futuro.
"Junto com a alegria de estar de volta, temos também grandes desafios e responsabilidades pela frente"
Marcus Simões, VP de Vendas PM&E da Accor nas Américas
PORTAL PANROTAS - Então conta quais são as suas prioridades nessa nova etapa como vice-presidente de Vendas PM&E (Premium, Midscale & Economy) para as Américas?

MARCUS SIMÕES – Temos alguns pilares importantes. O primeiro é manter e preservar o crescimento da Accor, garantindo que ele siga saudável e rentável. Não basta expandir, precisamos contribuir de forma ativa para o “top line” dos hotéis e das marcas, tanto em destinos primários quanto secundários.
O segundo é assegurar nossa posição de liderança em todos os mercados. Há países onde já somos consolidados, pelo tamanho da nossa presença e pela força da marca, mas existem outros mercados que estão em crescimento contínuo. O desafio é replicar a fórmula de liderança em todos eles. E quando falamos de liderança, falamos em market share, em participação de mercado, em ganho consistente de crescimento.
Junto com isso, vem o terceiro ponto importante: ampliar alianças estratégicas e parceiros estratégicos, além de desenvolver soluções, sejam tecnológicas, de processos ou estruturais, que aumentem o valor para nossas marcas, clientes, parceiros e para toda a cadeia de stakeholders.
Outra parte fundamental desse desafio é garantir alinhamento e divisão estratégica, assegurando que todas as diretrizes centrais estejam em harmonia e comunicação com toda nossa estrutura e vertical de hotéis. É essencial que o ecossistema esteja claro e alinhado dentro de uma única visão estratégica.
Por fim, um ponto crucial é a consolidação de mercado. Como garantir que todos os segmentos e parceiros estratégicos em cada país e mercado estejam cobertos pela gestão da Accor?
Esses são, portanto, os cinco principais desafios desta nova fase. Entre desafios e habilidades, é claro que a Accor já vem avançando com seus próprios processos, e essa retomada representa a oportunidade de navegar em novos mares e implementar novas iniciativas.
PORTAL PANROTAS - Quais são as metas de expansão da Rede Accor para as Américas?
MARCUS SIMÕES – Para este ano, temos 20 aberturas confirmadas entre Brasil e Américas. Isso inclui aquisições de grande porte, como a Paradisus e a rede Park Royal, com 17 hotéis, localizados principalmente no México, mas também em destinos estratégicos como Orlando, Miami e Buenos Aires. Além disso, temos o Treasure Island, em Las Vegas, com 2.884 quartos, que sozinho já representa quase 3 mil novos quartos.
"Somando todos esses movimentos, finalizamos o ano de 2025 com aproximadamente 5 mil novos quartos dentro deste ciclo de expansão"
Marcus Simões, VP de Vendas PM&E da Accor nas Américas
Na Argentina, por exemplo, temos hoje 14 hotéis em operação, entre luxo e lifestyle. Há um pipeline sólido de mais sete propriedades no médio prazo, entre abertura e conversão, em até dois anos. É um objetivo ambicioso, mas com um olhar cada vez maior para América do Norte, incluindo México e Estados Unidos.
"No geral, nosso olhar para a expansão está voltado para mercados estratégicos. Isso inclui tanto capitais e destinos primários quanto oportunidades em cidades secundárias específicas. No Brasil, por exemplo, já avançamos em destinos secundários que são relevantes para determinados segmentos, onde podemos contribuir de forma ativa com a distribuição, seja pela força da marca, seja pela força comercial. A ideia agora é replicar essa estratégia em outros mercados"
Marcus Simões, VP de Vendas PM&E da Accor nas Américas
Se olharmos para Paradise, por exemplo, estão posicionados em destinos litorâneos estratégicos do México, como Cancún, Riviera Maia, Cozumel, Ixtapa e Puerto Vallarta, todos extremamente turísticos e estratégicos para a cadeia de distribuição da Accor.
PORTAL PANROTAS - Como avalia seu retorno? E antes de retornar à Accor, por onde passou a sua trajetória profissional e o que essa experiência acrescenta ao seu novo desafio?
MARCUS SIMÕES – Falando da história recente dos últimos 16 anos, tive a primeira passagem na Accor, sempre na área comercial, de 2010 a 2018, onde tive a oportunidade de aprender muito e contribuir em todo o segmento corporativo, de lazer e nas diferentes áreas que participavam do ar comercial, central e hotel.
Nos últimos sete anos e meio, estive no grupo HBX, conhecido como Hotelbeds na região, onde atuei desde a operação até a parte de sourcing de produtos, inicialmente com o Brasil, depois América do Sul, e mais recentemente, no último ano, fui responsável pela operação Caribe-México-Canadá, ou seja, toda a América Latina dentro do grupo.
Essa experiência me trouxe uma bagagem importante na área de distribuição, no olhar atento à eficiência dentro da tecnologia e da distribuição, e em como conectar diferentes produtos aos clientes de forma eficiente, em diferentes tipos de hotelaria existentes no mercado.
Trabalhar com distribuição me permitiu focar em estratégias diversas, seja na hotelaria familiar, independente, regional ou global como a Accor. Essa oportunidade de aprender e contribuir ao longo desses últimos sete anos e meio me traz agora de volta à Accor, junto com a equipe do André, para avançarmos ainda mais na região.

PORTAL PANROTAS - André Sena, como você complementa esse olhar de futuro para a Accor nas Américas?
ANDRÉ SENA – Hoje temos cerca de 450 hotéis nas Américas, dentro do nosso perímetro. Fechamos a missão de chegar a 600 até o fim de 2027. Só para tangibilizar um pouco quando falamos de ambição e expansão.
Temos dois grandes objetivos: queremos crescer o “top line” dos hotéis, ou seja, continuar aumentando a ocupação. Aqui na região, a ocupação ainda é muito mais baixa do que em outras partes do mundo, e isso nos desafia, às vezes impactando a rentabilidade de alguns empreendimentos. Por isso, estamos trabalhando para continuar atraindo clientes e melhorar o top line dos nossos hotéis
André Sena, CCO da Accor nas Américas
Além disso, temos o motor de crescimento de novos hotéis, e vemos muitas oportunidades nesse sentido. Essa é a missão até 2027, e com certeza, nos anos seguintes, teremos novas metas para 2028, 2029, 2030 e assim por diante.
Como o Marcus mencionou, temos projetos excelentes em andamento, e realmente estamos conseguindo crescer. Nossa ambição é continuar acelerando nos próximos anos e cada vez mais ver esse crescimento acontecendo de forma mais agressiva, inclusive fora do Brasil, em países estratégicos como Argentina, México e Estados Unidos, sem deixar de expandir também no Brasil.
PORTAL PANROTAS - Além da expansão, quais outros pontos estratégicos a Accor está priorizando?
MARCUS SIMÕES – Um tema fundamental é a sustentabilidade. Toda essa expansão vem acompanhada de uma responsabilidade social e ambiental muito clara. Temos metas robustas de ESG e já colhemos resultados. Aqui na Argentina, por exemplo, parte dos novos hotéis já conta com o Eco Certificado Mais Verde, que é a principal certificação ambiental do país. Em outros mercados, trabalhamos com selos reconhecidos globalmente.
Isso mostra que, enquanto expandimos, também garantimos que nossas operações sejam responsáveis, sustentáveis e alinhadas com as expectativas da sociedade. Esse é um compromisso que está em toda a cultura Accor.
A PANROTAS viaja a convite da B2LIVE, com proteção Intermac Assistance.