Artur Luiz Andrade   |   01/01/2022 16:59
Atualizada em 02/01/2022 20:49

Clia discorda de recomendação da Anvisa e contrapõe com argumentos e dados

Entidade apresenta números e dados que comprovam rigor das companhias com os protocolos


PANROTAS / Emerson Souza
Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil
Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil
A Cruise Line International Association Brasil (Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros Brasil), Clia Brasil, presidida por Marco Ferraz e representando as companhias marítimas que operam e/ou têm representação e escritório no Brasil, protestou contra a recomendação da Anvisa para que a temporada de cruzeiros atual fosse suspensa provisoriamente, devido aos casos de covid-19 registrado a bordo dos navios que fazem roteiros pela costa brasileira.

"Esses casos, em sua grande maioria assintomáticos ou com sintomas leves, foram identificados, isolados e desembarcados, conforme o protocolo vigente, assim como seus contatos próximos, representando pouca ou nenhuma carga para os recursos médicos de bordo ou em terra", argumenta a Clia Brasil, que, reforçou a discordância com a nota da Anvisa, mas disse seguir apoiando e colaborando com as regras determinadas pelas autoridades em parceria com o setor.

A associação também usa dados dos Estados Unidos, onde houve uma recomendação para que os americanos não fizessem cruzeiros, mas não houve proibição, com os navios e protocolos ainda em operação. "Nos Estados Unidos, onde a temporada de cruzeiros foi retomada no mês de junho de 2021, mais de 100 navios embarcaram cerca de 1 milhão de pessoas, com mais de 10 milhões de testes de covid-19 já aplicados, taxa 21 vezes maior do que a testagem nos EUA. Os dados mais recentes mostram que, mesmo com taxas de teste mais altas, a indústria de cruzeiros continua a atingir taxas significativamente mais baixas de ocorrência de covid-19 nos EUA, 33% menores do que em terra", explica a entidade.

O Portal PANROTAS apurou que a entidade está disposta a ampliar os protocolos, como a testagem de um percentual bem maior de tripulantes e passageiros, mas a identificação dos casos e o isolamento seguindo o protocolos, para os especialistas, confirma a eficiência do processo. A pandemia não acabou no mundo todo e temos de aprender a conviver com ela neste momento, investindo em vacinação (100% das pessoas a bordo estão vacinadas, daí os casos sem sintomas ou com sintomas leves), protocolos a bordo (como máscara e distanciamento - a capacidade dos navios está em 75%) e testagem.

Os casos identificados representam apenas 0,3% dos 130 mil passageiros já embarcados nessa temporada, que está sendo 100% nacional, devido à proibição de rotas internacionais.

Os navios Costa Diadema e MSC Splendida tiveram cruzeiros interrompidos, mas os outros três, seguem sendo monitorados pelas autoridades e cumprindo seus roteiros: MSC Preziosa, MSC Seaside e Costa Fascinosa

Leia abaixo a nota completa da Clia Brasil, enviada à Anvisa e demais autoridades:

“O setor de cruzeiros recebeu com surpresa a recomendação da Anvisa de suspensão provisória da temporada de navios, tendo em vista que os menos de 400 casos positivos identificados a bordo representam cerca de 0,3%, ou seja, uma pequena minoria dos 130 mil passageiros e tripulantes embarcados desde o início da atual temporada, em novembro.

Esses casos, em sua grande maioria assintomáticos ou com sintomas leves, foram identificados, isolados e desembarcados, conforme o protocolo vigente, assim como seus contatos próximos, representando pouca ou nenhuma carga para os recursos médicos de bordo ou em terra.

Fato este que comprova a eficiência dos rigorosos protocolos da indústria de cruzeiros, que foram desenvolvidos e aprovados em parceria com a Anvisa e outros órgãos governamentais para minimizar a possibilidade de infecções, priorizando a saúde e segurança dos hóspedes, tripulantes e das comunidades visitadas.

Levando em conta que nenhum ambiente está imune ao covid-19, vale destacar que os navios, no momento em que vivemos, oferecem um dos maiores níveis de proteção, destacando-se como uma das mais seguras opções de férias, devido ao seu ambiente muito mais controlado, em relação a outros tipos de viagem ou meios de transporte, com destaque para o fato de que se trata de uma temporada 100% nacional, com hóspedes brasileiros, os mesmos que poderiam entrar nessas cidades por via terrestre ou aérea.

Entre esses protocolos, está o teste diário de mais de 10% da tripulação e dos passageiros, além da obrigação de testes pré-embarque, vacinação completa obrigatória para hóspedes e tripulantes (elegíveis dentro do Plano Nacional de Imunização), menor ocupação no navio, uso de máscaras, preenchimento de formulário de saúde pessoal (DSV – Declaração de Saúde do Viajante), plano de contingência com corpo médico especialmente treinado e estrutura com modernos recursos para atendimento dos hóspedes e tripulantes, além de medidas adicionais que continuam se mostrando eficazes.

Embora discordemos da recomendação dessa nota técnica, que se contrapõe ao que está ocorrendo em regiões como os Estados Unidos, Europa e Caribe, com operações de mais de 250 navios e 5 milhões de hóspedes embarcados, reforçamos o nosso compromisso em continuar colaborando e trabalhando ao lado da Anvisa, do Ministério da Saúde e das autoridades dos estados e cidades que recebem cruzeiros para promover a saúde e a segurança de todos.

Informações Adicionais
- Os protocolos da indústria de cruzeiros estão entre os mais rigorosos para monitorar, detectar e agir contra potenciais casos de covid-19.
São eles:
• Vacinação completa obrigatória para hóspedes e tripulantes (elegíveis dentro do Plano Nacional de Imunização).
• Testagem pré-embarque (PCR até três dias antes ou Antígeno até um dia antes da viagem).
• Testagem frequente de, no mínimo, 10% das pessoas embarcadas e tripulantes.
• Capacidade reduzida a bordo para facilitar o distanciamento social de 1,5m entre os grupos e permitir a distribuição de cabines reservadas para isolar casos potenciais.
• Uso obrigatório de máscaras.
• Preenchimento de formulário de saúde pessoal (DSV – Declaração de Saúde do Viajante).
• Ar fresco sem recirculação, desinfecção e higienização constantes.
• Plano de contingência com corpo médico especialmente treinado e estrutura com modernos recursos para atendimento dos hóspedes e tripulantes.
• Medidas de rastreabilidade e comunicação diária com a Anvisa, Municípios e Estados.

- A temporada atual, que começou em novembro de 2021, tem previsão de movimentar mais de 360 mil turistas, com impacto de R$ 1,7 bilhão, além da geração de 24 mil empregos, envolvendo uma cadeia extensa de setores da economia, entre eles comércio, alimentação, transportes, hospedagem, serviços turísticos, agenciamento, receptivos e combustíveis, entre muitos outros.

- Estima-se, conforme estudo da Clia Brasil em parceria com a FGV, que cada navio gera em torno de R$ 350 milhões de impacto para a economia brasileira. A cada 13 cruzeiristas, um emprego é gerado.

- Nos Estados Unidos, onde a temporada de cruzeiros foi retomada no mês de junho de 2021,mais de 100 navios embarcaram cerca de 1 milhão de pessoas, com mais de 10 milhões de testes de covid-19 já aplicados, taxa 21 vezes maior do que a testagem nos EUA.

- Os dados mais recentes mostram que, mesmo com taxas de teste mais altas, a indústria de cruzeiros continua a atingir taxas significativamente mais baixas de ocorrência de covid-19 nos EUA, 33% menores do que em terra.”

Atualizado dia 2/1, às 20h45 a pedido da Clia Brasil, que fez modificações na nota oficial original

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Sobre o autor

Artur Luiz Andrade é editor-chefe da PANROTAS, jornalista formado pela UFRJ e especializado em Turismo há mais de 30 anos.