Pedro Menezes   |   07/07/2025 09:24
Atualizada em 07/07/2025 20:53

Big Beautiful Bill: Trump sanciona corte no Brand USA e reforço no setor aéreo dos EUA

Com isso, a verba, que antes era de até US$ 100 milhões por ano, cai para apenas US$ 20 milhões


Pixabay
Congresso aprovou projeto de lei que reduz orçamento do Brand USA
Congresso aprovou projeto de lei que reduz orçamento do Brand USA

Após o Congresso Nacional aprovar o projeto de orçamento que reduz drasticamente os recursos federais destinados ao Brand USA, órgão responsável pela promoção dos EUA no Exterior, mesmo após pressão dos destinos e do próprio US Travel Association, foi a vez do presidente Donald Trump sancionar, oficializando assim o "Big Beautiful Bill", na última sexta-feira (4), Dia da Independência dos Estados Unidos.

Com isso, a verba, que antes era de até US$ 100 milhões por ano em fundos equivalentes, cai para apenas US$ 20 milhões no ano fiscal de 2026, ou seja, uma queda de 80%. A drástica redução fará com que o Brand USA perca poder de investimento em promoção, o que pode causar consequências diretas no fluxo de turistas internacionais para o país nos próximos anos.

Além do corte projetado, o Brand USA enfrenta uma crise adicional: a organização não recebe aportes federais desde janeiro, segundo fonte próxima à U.S. Travel Association, o que compromete diretamente os planos da entidade, que se prepara para lançar a campanha internacional “America the Beautiful” em agosto. O projeto deve ser iniciado em menor escala do que o previsto originalmente.

É bom frisar que o corte no Brand USA não estava no projeto de lei original. Foi o Senado que propôs e aprovou o corte, e o relatório oficial confirma que o texto com esse corte foi enviado para a votação hoje na Câmara. Ou seja, a versão aprovada hoje manteve os mesmos cortes sem emendas ou remoções específica.

Geoff Freeman, CEO do US Travel, destacou a necessidade urgente do Congresso restaurar o financiamento federal integral para o Brand USA. Os recentes cortes reduzem a contrapartida federal de até US$ 100 milhões anuais para apenas US$ 20 milhões.

O orçamento proposto por Trump para o ano fiscal de 2026 inclui um pedido para restaurar esse financiamento, e Freeman pediu aos legisladores que cumpram essa meta, ressaltando sua importância para promover os EUA antes do 250º aniversário do país e outros grandes eventos internacionais durante o mandato de Trump.

Pontos positivos do projeto para o Turismo

PANROTAS / Artur Luiz Andrade
Geoff Freeman, CEO do US Travel
Geoff Freeman, CEO do US Travel

Há pontos-chave do projeto considerados positivos até pelo US Travel Association, especialmente as disposições que investem na modernização dos sistemas de controle de tráfego aéreo, ampliam o efetivo da alfândega e aumentam as medidas de segurança de fronteira.

  • Reforma do Controle de Tráfego Aéreo: investimento de US$ 12,5 bilhões será destinado à modernização do Sistema Nacional do Espaço Aéreo (NAS), incluindo melhorias na tecnologia de controle de tráfego aéreo, infraestrutura e treinamento da força de trabalho.
  • Reforço no Efetivo da Alfândega: para ajudar a reduzir o tempo de espera e melhorar a eficiência nos pontos de entrada, US$ 4,1 bilhões serão usados para contratar e treinar pelo menos 5 mil novos oficiais da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP). Outros US$ 2 bilhões serão destinados a bônus de retenção para lidar com a escassez atual de pessoal.
  • Atualização da Tecnologia de Fronteira: um investimento de US$ 673 milhões expandirá o sistema biométrico de entrada e saída nos portos dos EUA, reforçando a segurança das fronteiras e preparando o caminho para o crescimento futuro do Programa de Isenção de Visto (Visa Waiver Program).
  • Preparação para Segurança em Eventos: com grandes eventos globais no horizonte, o projeto destina US$ 625 milhões para apoiar a segurança e as operações da Copa do Mundo FIFA 2026, e US$ 1 bilhão para segurança e planejamento das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2028 em Los Angeles.

One Big, Beautiful Bill Act

O projeto aprovado é um pacote de gastos e cortes fiscais estimado entre US$ 3 trilhões e US$ 4 trilhões, que torna permanentes os cortes de impostos implementados em 2017, introduz isenções fiscais para gorjetas e horas extras, e oferece deduções adicionais para idosos e famílias, incluindo um crédito infantil reforçado de até US$ 6.000.

Para financiar essas medidas, o plano promove cortes de aproximadamente US$ 1,2 trilhão em programas sociais como Medicaid, vale-alimentação (SNAP) e subsídios a energias limpas, além de impor exigências de trabalho e coparticipação que podem excluir milhões de beneficiários.

O pacote também amplia significativamente os investimentos em defesa e segurança de fronteira, com US$ 150 bilhões destinados a agências de imigração e à construção de barreiras físicas. O teto da dívida será elevado em até US$ 5 trilhões. Projeções indicam que entre 11,8 e 17 milhões de pessoas podem perder a cobertura de saúde, e o déficit público pode crescer entre US$ 3,3 e US$ 3,8 trilhões na próxima década.

Impacto do trabalho do Brand USA de 2013 a 2024

PANROTAS / Pedro Menezes
Esforços do Brand USA entre 2013 e 2024 para incrementar Turismo nos EUA
Esforços do Brand USA entre 2013 e 2024 para incrementar Turismo nos EUA

Segundo Fred Dixon, o Brand USA foi responsável por:

  • 10,3 milhões de visitas incrementais entre 2013 e 2024
  • US$ 34,7 bilhões em gastos incrementais no mesmo período
  • 40,3 mil empregos adicionais em média apoiados por ano
  • US$ 9,96 bilhões em impostos federais, estaduais e locais gerados
  • US$ 75,7 bilhões de impacto econômico total

"Em 2024, por exemplo, os esforços de marketing do Brand USA foram responsáveis por 1,6 milhão de visitantes adicionais, por quase US$ 6 milhões em gastos diretos desses visitantes e quase US$ 13 bilhões em impacto econômico total. E isso gerou quase 80 mil empregos incrementais. E isso acontece em um contexto histórico dos últimos 12 anos, incluindo o período da Covid-19"

Fred Dixon, CEO do Brand USA

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