Pedro Menezes   |   25/07/2025 15:07
Atualizada em 25/07/2025 16:08

CEO do US Travel volta a criticar taxa de US$ 250 para visto americano: "imbecilidade"

Geoff Freeman diz à CNN que nova cobrança pode adicionar até US$ 1.000 ao custo de viagem em família


PANROTAS / Victor Fernandes
Geoff Freeman, CEO do US Travel<br/>
Geoff Freeman, CEO do US Travel

O CEO da U.S. Travel Association, Geoff Freeman, voltou a fazer duras críticas à nova taxa adicional de US$ 250 que passará a ser cobrada para emissão do visto americano. Conhecida como Visa Integrity Fee, a tarifa deve entrar em vigor em outubro e promete criar novos obstáculos ao turismo estrangeiro.

“Se já não bastassem os desafios que temos para atrair visitantes internacionais aos EUA, acabamos de dificultar ainda mais”, afirmou Freeman ao jornalista Richard Quest, da CNN. “É uma tarifa absurda, um junk fee que faria até o Ticketmaster se envergonhar”, disse ele, ao fazer referência a uma crítica comum nos EUA à empresa famosa por cobrar taxas extras muitas vezes consideradas abusivas na venda de ingressos para shows e eventos.

Embora a cobrança não se aplique a viajantes de países integrantes do Visa Waiver Program, como a maioria das nações da União Europeia, vai afetar estudantes e cidadãos de países que precisam solicitar visto, como Brasil e Argentina. Freeman estima que a nova taxa possa representar um aumento de até US$ 1. mil em uma viagem para uma família de quatro pessoas.

“Esses visitantes teriam gasto esse dinheiro em pequenas empresas, movimentando a economia local. Em vez disso, vão entregar esse valor ao governo numa tentativa cínica de reduzir o déficit americano. É algo extremamente decepcionante"

Geoff Freeman, CEO do US Travel

Além do impacto financeiro direto, Freeman apontou que o processo de reembolso da taxa é incerto. Segundo o texto da legislação, o secretário responsável “pode” devolver o valor, desde que o visitante comprove bom comportamento, como sair do país dentro do prazo permitido. Mas, até o momento, não há qualquer sistema definido para operacionalizar esse ressarcimento.

“Vamos ser claros: isso não foi uma medida pensada com cuidado. Foi uma decisão improvisada para gerar receita às custas de estrangeiros que querem nada mais do que contribuir com a economia dos EUA”, disparou Freeman. “É uma das coisas mais imbecis que poderíamos estar fazendo agora", complementou o CEO.

Custo já é o maior obstáculo

Freeman lembrou que os Estados Unidos ainda não conseguiram retomar os níveis de visitas internacionais pré-pandemia. Segundo ele, o principal fator de desestímulo é justamente o custo. “As pessoas querem vir para a Copa do Mundo, para os 250 anos dos EUA, para as Olimpíadas de 2028, mas alguém no Congresso achou que seria uma boa ideia tornar isso ainda mais caro.”

Questionado sobre o panorama atual do turismo, Freeman reconheceu que alguns mercados seguem em alta, como o México, com crescimento de 15%, mas outros, como o Canadá e países da Europa Ocidental, mostram retração. “Não dá para generalizar, mas é evidente que, em muitas regiões do mundo, as pessoas estão deixando de vir aos EUA. Estão dizendo: simplesmente não vale o esforço ou o custo", finalizou.

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