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Janize Colaço   |   14/06/2018 13:20

E-visa teria resultados melhores com China, afirma Lummertz em artigo

O e-visa demonstra uma oportunidade única ao setor, aponta o ministro do Turismo

Marluce Balbino
Vinicius Lummertz, ministro do Turismo
Vinicius Lummertz, ministro do Turismo

O lançamento do e-visa já é apontado como um marco para a indústria, segundo aponta o Ministério do Turismo. Dos quatro países contemplados, Austrália, Japão, Canadá e Estados Unidos, 75% dos vistos foram emitidos eletronicamente. A medida, porém, porém, poderia ter um impacto ainda maior se, por acaso, incluísse o principal parceiro comercial do País, a China.

"Ao dar esse passo, estaremos abrindo o país para algo muito maior, inédito no planeta, ampliando a concepção de um programa lançado pelo governo chinês em meados do ano passado", salienta o ministro, Vinicius Lummertz, em um artigo sobre o assunto.

O novo passo que poderia ser dado pelo Brasil, contudo, poderia se assemelhar ao que o governo chinês fez no ano passado, o One Belt One Road, com inspiração a milenar Rota da Seda, que ligava pelo comércio a Ásia e a Europa.

"Porém, o que nos diferencia de boa parte desses países é que o acesso dos chineses ao Brasil não tem como se dar via terrestre. Excetuando o transporte marítimo que já se realiza e avança ano a ano pelos portos, a via que nos liga à essa nova Rota da Seda é aérea e podemos batizá-la de silk skies, algo como ‘céus de seda", salienta o ministro.

Leia o artigo do ministro na íntegra:

"Nossa rota da seda: as "silk skies"

Um dos grandes marcos do Turismo brasileiro concretizou-se nos primeiros dias deste ano com o lançamento em Nova York do visto eletrônico para norte-americanos, que deve duplicar o fluxo dos cerca de 500 mil turistas daquele país para o Brasil. Em vez de esperar 30 dias e pagar US$ 160 pelo documento, a partir de agora serão, em média, 72 horas e US$ 40. Nos três primeiros meses em que o e-visa entrou em vigor nos EUA, foi registrado aumento de 50,5% na emissão de vistos para os turistas daquele país. O número de vistos solicitados saltou de 29.223 para 44 mil. Se considerarmos o gasto médio de US$ 1.230, temos uma projeção de US$ 18 milhões a mais na economia brasileira. A medida gerou ganhos representativos com nosso segundo maior parceiro comercial, imagina se ampliarmos a mesma para o primeiro, a China, hoje também o maior investidor no Brasil.

Ao dar esse passo, estaremos abrindo o país para algo muito maior, inédito no planeta, ampliando a concepção de um programa lançado pelo governo chinês em meados do ano passado. O ‘One Belt One Road’ (um cinturão, uma rota), é o maior plano de investimentos da história da humanidade, e tem como inspiração a milenar Rota da Seda, que ligava pelo comércio a Ásia e a Europa – o pioneiro movimento da globalização. O plano dos chineses está alicerçado na astronômica cifra de US$ 5 trilhões, três vezes o PIB do Brasil. A nova rota prevê investimentos ao longo de 40 anos em 65 países que, juntos, concentram 63% da população do planeta.

Porém, o que nos diferencia de boa parte desses países é que o acesso dos chineses ao Brasil não tem como se dar via terrestre. Excetuando o transporte marítimo que já se realiza e avança ano a ano pelos portos, a via que nos liga à essa nova Rota da Seda é aérea e podemos batizá-la de ‘silk skies’, algo como ‘céus de seda’. Nessa nova rota, o turismo tem papel fundamental para atração de uma fatia desses trilhões do ‘One Belt One Road’ e dos turistas chineses, que são hoje os que mais viajam e deixam dólares ao redor do planeta. O turismo deve ser uma das principais pontes de integração entre os dois países.

Uma das boas notícias desse novo cenário que se descortina para o Brasil é que os próprios chineses têm um modelo de turismo que pode ser aplicado aqui, inclusive pelas semelhanças continentais dos dois países. De acordo com a OMT 135 milhões de chineses viajaram pelo mundo. No turismo interno os números são ainda mais impactantes: foram 4,4 bilhões de viagens (2016), o que significa que cada chinês fez, em média, três viagens por ano dentro do país.

Não tenho dúvida de que a China redefinirá o mundo e pode vir a salvá-lo, porque acumula capital e tecnologia em escala global — queiram ou não os que continuam conflitando teorias e ideologias oitocentistas acerca do sistema “comunista” ou “capitalista” daquele país. Seja interna ou externamente, o que a China faz hoje objetiva melhorar a qualidade de vida do seu povo, até porque chineses descontentes foram sempre panelas de pressão revolucionárias – esta é a sabedoria confucionista. Desde 1981, retiraram 853 milhões de pessoas (isto é, quatro vezes a população do Brasil) da linha da pobreza – quase 80% da redução do número de pessoas pobres no mundo.

O Brasil também tem esse objetivo – melhorar a qualidade de vida do seu povo — e possibilidades de realizar acúmulo de capital e tecnologia para ser um dos protagonistas do futuro da humanidade. A aproximação do Brasil e China é mais que desejável. É necessário para conseguirmos atingir os nossos objetivos. Nesse sentido, o Ministério do Turismo participou do China Beijing International Fair for Trade in Services (CIFTIS), maior evento de serviços da China. Durante o encontro, foram tratadas as ações que vem sendo planejadas pelo governo brasileiro. Entre eles estão as ações de marketing e promoção, a ampliação de três para 12 visa centers no país até o final deste ano e alinhamento para a formalização de parcerias estratégicas com agentes e operadores de Turismo do maior país do mundo. Um item de destaque da agenda de estreitamento de laços com a China é a discussão sobre a implantação do e-Visa aos chineses. Essa seria uma ação concreta para pavimentar a participação no ‘silk skies’, a nova Rota da Seda do planeta."

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