Gol diz que passagem de Anderson Torres não consta em seus registros, afirma PGR
Documento da PGR informa que a companhia aérea afirma que localizador não condiz com dados descritos

A PGR (Procuradoria-Geral da República) apontou possível falsidade no documento apresentado pela defesa do ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, para justificar sua viagem aos Estados Unidos no período em que aconteceu o ataque aos prédios do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso Nacional, em 8 de janeiro de 2023.
Segundo a PGR, a companhia Gol Linhas Aéreas informou oficialmente que o localizador apresentado não corresponde aos dados do ex-secretário.
De acordo com as alegações finais protocoladas pela Procuradoria no STF o código de reserva “MYIDST” apresentado pela defesa não gerou qualquer correspondência nos sistemas da companhia aérea.
A Gol confirmou ao Ministério Público que não há passagem emitida em nome de Anderson Torres para o trecho Brasília-Orlando no voo G3-9460. Procurada, a empresa informou que não comentará o caso.
A viagem de Torres aos Estados Unidos é considerada crucial na acusação da PGR, que sustenta que ele se ausentou deliberadamente da capital para não agir diante de riscos já conhecidos de atos antidemocráticos. A procuradoria afirma que a tentativa de comprovar a viagem com um documento supostamente fraudulento enfraquece a versão de que o afastamento havia sido planejado com antecedência.
A defesa de Torres, por sua vez, nega qualquer irregularidade. Os advogados apresentaram ao STF uma nova petição com documentos que, segundo afirmam, comprovam a veracidade da viagem, incluindo declaração de uma agência de viagens, plano de voo da Gol e comprovantes de aluguel de carro nos EUA.
A mesma defesa alega ainda que o localizador apresentado é de novembro de 2022 e que códigos desse tipo podem ser reaproveitados ao longo do tempo, o que explicaria a divergência.
O caso de Anderson Torres faz parte do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2023. A ausência dele em Brasília no dia dos ataques, assim como a descoberta de um rascunho de decreto golpista em sua casa, são apontadas pela PGR como indícios de conivência e omissão dolosa.