Filip Calixto   |   24/07/2025 08:55

Projeto aprovado na Câmara quer enterrar de vez o horário de verão no Brasil

Medida busca formalizar o fim da mudança nos relógios no País

AgênciaCâmara/MárioAgra
Proposta ainda deve passar por mais duas comissões antes de ser discutida no plenário da Câmara dos Deputados
Proposta ainda deve passar por mais duas comissões antes de ser discutida no plenário da Câmara dos Deputados

A ideia de adiantar o relógio em uma hora durante alguns meses do ano pode se tornar definitivamente coisa do passado. A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou, há alguns dias, um projeto de lei que proíbe a adoção do horário de verão em todo o território nacional.

Embora a prática esteja suspensa desde 2019, quando deixou de ser adotada por decisão do governo federal, a proposta busca formalizar a proibição e impedir que a medida volte a ser implementada no futuro.

O texto aprovado é um substitutivo apresentado pelo deputado Diego Garcia (Republicanos-PR), que unifica o Projeto de Lei 397/07, do ex-deputado Valdir Colatto (SC), com outros nove projetos que tratavam do mesmo tema.

Segundo Garcia, a proposta altera dispositivos legais que ainda permitiam a adoção de "horários especiais" no País, como o Decreto-Lei 4.295/42 e o Decreto 2.784/13, que regula a hora legal brasileira. A justificativa principal para acabar com o horário de verão: a saúde da população.

"A adoção do chamado horário de verão pode acarretar consequências adversas, como distúrbios do sono, fadiga, desequilíbrio hormonal e aumento do risco de doenças cardiovasculares"

afirmou o relator em declaração ao portal de notícias da Câmara dos Deputados

Além disso, ele ressaltou que mudar os horários pode impactar a segurança da população. "Acordar mais cedo e enfrentar deslocamentos em plena escuridão pode gerar sentimentos de insegurança, principalmente diante do aumento da violência urbana", argumentou.

Economia que já não se sustenta

Outra crítica levantada é a eficácia da medida para poupar energia. Diego Garcia citou um estudo de 2017 do Ministério de Minas e Energia e do Operador Nacional do Sistema Elétrico que concluiu que os efeitos do horário de verão hoje são praticamente neutros - ou seja, não há economia significativa de energia e nem impacto relevante na demanda dos sistemas elétricos.

Mas nem todo mundo concorda

Apesar do apoio na Comissão de Saúde, o projeto não teve consenso. O deputado Jorge Solla (PT-BA) apresentou voto contrário à proposta. Para ele, o horário de verão ainda pode ser útil em determinadas regiões e sua adoção deve ser uma decisão técnica e setorial, a cargo do Poder Executivo.

"É atribuição do governo federal executar a política energética. Essa não é uma matéria que deva ser decidida por lei"

defendeu o deputado Jorge Solla.

A proposta ainda precisa passar pelas comissões de Minas e Energia e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), antes de seguir para votação no plenário da Câmara. Se aprovada, será encaminhada ao Senado. Só depois disso poderá virar lei.

Fonte: Agência Câmara

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