Beatriz Contelli   |   03/12/2025 11:42
Atualizada em 03/12/2025 11:52

Turismo avança, mas carece de dados e integração: veja insights do evento da Alagev

Guilherme Dietze e Mariana Aldrigui aguçaram participantes com informações do setor e da economia nacional


PANROTAS / Beatriz Contelli
Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP
Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP

Durante o último encontro do ano da Alagev com seus mantenedores, o presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP, Guilherme Dietze, apresentou os principais pontos do cenário econômico brasileiro e os desafios que deveremos enfrentar no próximo ano.

Conforme apresentado pelo economista, o Turismo brasileiro está na contramão da economia, apresentando números recordes:

"Apesar do aumento do preço das passagens, o Turismo, em geral, registrou o maior volume da série histórica. Enquanto a economia nacional está fraca, o setor está muito fortalecido. Esperamos encerrar 2025 com um crescimento de 6,5% nas viagens corporativas e, ano que vem, o faturamento deve chegar a R$ 153 bilhões",

Guilherme Dietze, presidente do Conselho de Turismo da FecomercioSP.

Dietze explica que, apesar do Brasil ter registrado a menor taxa de desemprego da série histórica (5,4%), a previsão é que a economia nacional cresça apenas 1,8%, nível abaixo do previsto para a economia mundial (3,2%). Para 2026, o economista relembra que enfrentaremos desafios como: dívida pública brasileira em torno de 80% do PIB, reforma tributária, eleição presidencial e taxa de juros a 15% ao ano.

Turismo ainda não é prioridade para países

PANROTAS / Beatriz Contelli
Mariana Aldrigui, pesquisadora em Turismo
Mariana Aldrigui, pesquisadora em Turismo

Mariana Aldrigui, pesquisadora na área de Turismo, instigou os participantes do Café com Conselho da Alagev demonstrando que o Turismo ainda carece de bases de dados consistentes, narrativas públicas claras, mobilização multisetorial e presença junto aos formuladores de políticas orçamentárias.

"O Turismo não é indutor de desenvolvimento. Países que dependem 100% do Turismo, como a Jamaica, por exemplo, não são países desenvolvidos. O Turismo não é prioridade política em nenhum país. O setor ainda é visto como supérfluo, relacionado apenas à festa e diversão",

Mariana Aldrigui, pesquisadora de Turismo na USP.

Mariana ainda recordou que o setor não dispõe de métricas, não mede o impacto de ações públicas e privadas, ainda enfrenta falta de dados confiáveis e contínuos, além de ter baixa continuidade institucional.

"Tivemos péssimos Ministros do Turismo ao longo da história e, ainda assim, não importa quem seja o Ministro, ele será aplaudido, mesmo que fale apenas obviedades. O Voa Brasil, por exemplo, vendeu pouquíssimas passagens desde o lançamento e não engata, mas segue sem receber críticas. No Brasil, não existe oposição na área do Turismo. O Turismo brasileiro não falha por falta de potencial, falha por falta de quem o defenda com método, dados e propósito", reforçou a pesquisadora.

Turismo e política

Mariana Aldrigui também destacou ainda a ausência de integração do Turismo com pastas estratégicas, como Fazenda, Transportes, Planejamento, Segurança, Meio Ambiente e Educação. Ela lembrou ainda que a imagem e a ideologia que um país projeta ao mundo têm impacto direto nos seus números de Turismo, influenciando a decisão dos viajantes.

"Os Estados Unidos serão, provavelmente, o único país do mundo a registrar números negativos no Turismo e isso não está ligado ao setor em si. Cada vez mais canadenses têm evitado viajar para o país, enquanto o governo norte-americano se vê obrigado a flexibilizar políticas de vistos e ajustar rotas para conter a queda no fluxo de visitantes", explicou a professora.

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Sobre o autor

Jornalista formada pela Anhembi Morumbi com pós-graduação em Política e Relações Internacionais pela FAAP. Entrou na PANROTAS em 2019, com foco especialmente em Branded Content, e, desde 2024, atua como repórter da redação.