CVC Corp detalha planos e desafios para a retomada das viagens
Soberania no lazer doméstico, digitalização, revisitação de planos estratégicos são pilares da empresa
![Leonel Andrade, CEO da CVC, que assumiu a companhia no pior mês da pandemia para o Turismo](https://cdn.panrotas.com.br/portal-panrotas-statics/media-files-cache/300826/038b1f4c0002f22bb0bc9afde893bc56leonelandrade/0,9,468,279/670,400,0.73/0/default.jpg)
Carregada de confiança, a previsão transmitida nesta terça-feira aos investidores da maior companhia de Turismo do País, ao apresentar os resultados consolidados de 2019, cuja divulgação foi postergada devido à descoberta de irregularidades em demonstrações financeiras de anos anteriores.
Mas quais são as cartas na manga do dirigente para confiar em tais previsões?
FUNCIONAMENTO PLENO E DIGITALIZAÇÃO
"Todos os investimentos foram mantidos, todas as áreas da companhia estão em pé, operando regularmente, o que é positivo. Estamos colocando em prática a reestruturação que foi alinhada desde a minha chegada. Nosso foco é a digitalização total dos processos da empresa, além da reformulação da equipe, com manutenção de parte dos profissionais e trocas, que têm acontecido", argumenta Andrade.
"Isso sem contar o que talvez seja o mais importante: a unificação das plataformas trará um ganho operacional enorme, pois ainda operamos muito com processos manuais. Temos um plano estratégico em tecnologia, estabelecido para o futuro operacional da empresa, no qual visamos à eliminação de todo e qualquer trabalho manual dentro da CVC Corp. Prevejo que com isso teremos uma altíssima capacidade operacional, baseada sempre em digitalização de processo para o cliente e para o negócio."
REFORMULAÇÃO DA EQUIPE E UNIFICAÇÃO DE NEGÓCIOS
Segundo Leonel Andrade, a CVC Corp contratou 34 executivos nos últimos quatro meses, vindos de empresas do Turismo e de outros setores, sem grandes concentrações de segmentos e empresas, o que em sua visão mostra uma importante diversidade de ideias.
![Edifício Absoluto, um dos prédios da CVC Corp no ABC Paulista](https://cdn.panrotas.com.br/portal-panrotas-statics/media-files-cache/251105/114dac1c26d4d8fed8716dac918612b8dsc9343/full/670,0,1/0/default.jpg)
VANTAGEM NO DOMÉSTICO, APESAR DO CORTE DE LOJAS
Não só CVC Corp, mas praticamente todas as pesquisas do setor realizadas no mundo todo apontam as viagens domésticas como o motor da retomada. Está aí uma notícia que a CVC Corp vê com bons olhos para o segmento de Lazer.
"A retomada vai se iniciar pelo doméstico e isso nos ajuda, pois neste terreno somos soberanos, os melhores do Brasil", afirma Leonel Andrade.
O CEO reconhece que lojas físicas serão fechadas em definitivo por sofrer o impacto da crise. Hoje, de acordo com suas informações, a CVC Corp tem aproximadamente 1,2 mil lojas abertas. Antes da pandemia eram 1,4 mil. Para ele, aproximadamente 100 lojas físicas não reabrirão pós-pandemia, e outras 100 ainda estão fechadas por restrições de seus mercados, mas voltarão até o fim do ano.
"Prevemos de 1.150 a 1.200 lojas funcionando até o fim do ano. As maiores lojas, as mais importantes, que vendem mais, já estão abertas. Terminaremos 2020 com queda de 10% a 15% nas lojas físicas, o que não representa 4% de corte no lazer. O mercado já sabe que a CVC Corp continuará existindo e confia em nossas marcas. Estamos inclusive aumentando o acordo com as companhias aéreas e os hotéis."
O volume de lazer internacional tardará um pouco mais a voltar, e só deve retomar em níveis consideráveis em 2022.
REVISITAÇÃO DO PLANO ESTRATÉGICO
Na gestão Leonel Andrade, a CVC Corp contratou a consultoria McKinsey para auditar e revisitar 100% do plano estratégico existente. O CEO garante que novos processos estejam sendo desenvolvidos e ressalta a importância de colocar "todos na mesma página, do board da empresa aos investidores, em um novo plano estratégico".
Além disso, a CVC Corp está construindo um novo plano para suas marcas, também com consultorias externas, explorando ganho de sinergias e buscando ter marcas cada vez mais fortes e consolidadas.
"Também contamos com consultorias externas em tecnologia, infraestrutura e processos operacionais. Tudo isso é parte de um investimento para que a companhia crie uma nova cultura, não só em controle e compliance, mas principalmente em competitividade. Estamos agregando um novo modelo operacional, em pessoas e estruturas de CRM e Inteligência de Clientes, entre outras ações. A CVC Corp está com uma nova visão, muito apoiada em tecnologia, no mundo digital, trazendo e agregando muito mais capacidade de competir", completa o CEO da companhia.
NÍVEIS DE 2019? APENAS EM 2022
As vendas atuais estão surpreendendo a CVC Corp, que na visão de Andrade traçou um plano conservador para o período atual. A empresa fechou a última semana de agosto com 30% em vendas na comparação com o mesmo período de 2019, índice este que, pelo planejamento, só seria alcançado em outubro. "O brasileiro tem uma cultura muito forte de reservar em cima da hora. Com isto e com os índices atuais, já prevemos vendas de natal e ano novo muito fortes", antecipa Andrade.
De qualquer maneira, o patamar de vendas registrado em 2019, antes da pandemia, só deve ser alcançado no final de 2022. "Prevemos que apenas em 2023 seremos maiores do que éramos em 2019", afirma o líder da CVC. "É um plano conservador, e os resultados vêm surpreendendo. A capitalização exitosa que tivemos visa justamente proporcionar capital para a companhia vender em escala."
Segundo Leonel Andrade, a CVC deve fechar 2020 com 50% do que vendeu em 2019.
CORPORATIVO MAIS LENTO
Para a CVC Corp, o que gera volume em relação ao mercado corporativo são os grandes eventos, feiras e exposições, o que só deve acontecer no final do ano que vem, segundo previsões da empresa. Desta maneira, os próximos embarques são para negócios pontuais e viagens técnico-operacionais, como manutenção e engenharia, o que não acrescenta tanto volume em vendas.
O corporativo deve, portanto, tardar a se recuperar em relação ao lazer.