Artur Luiz Andrade   |   16/08/2021 08:00   |   Atualizada em 16/08/2021 12:33

Ainda com prejuízo, CVC Corp está otimista com vendas de fim de ano

Balanço do segundo trimestre revela prejuízo mas aponta caminhos de retomada das viagens

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A CVC Corp registrou vendas confirmadas de R$ 1,67 bilhão no segundo trimestre do ano, e de R$ 3 bilhões no semestre. As reservas totais (utilizadas no período) foram de R$ 1,4 bilhão no trimestre de R$ 2,7 bilhões nos seis primeiros meses do ano. O grupo acumulou prejuízo de R$ 176,2 milhões, mais que o dobro do trimestre anterior (sendo R$ 156 milhões somente da operação no Brasil), e R$ 260 milhões no semestre, contra R$ 332 milhões no mesmo período de 2020.

Durante o 2T21 foram embarcados aproximadamente 1,5 milhão de passageiros ante aproximadamente 1,6 milhão no 1T21 (recuo de 8,6%) e 300 mil no mesmo período do ano anterior. O embarque de passageiros no trimestre foi impactado principalmente pelos efeitos da segunda onda da covid-19, que resultou em suspensão temporária de vendas não aéreo com período de embarque curto e de vendas internacionais por conta do fechamento das fronteiras. A redução do número de passageiros, segundo a empresa, tem sido compensada por maior ticket médio, atingindo R$ 794,9 no 2T21, contra R$ 771,8 no 1T21.

O número de passageiros embarcados manteve-se praticamente inalterado no primeiro semestre de 2020 e 2021. As vendas no 2T21 representaram 39% das vendas no mesmo período de 2019, com junho chegando a 50%, quase o mesmo índice do final de 2020, quando acreditava-se em uma retomada real, atrapalhada pela segunda onde do começo de 2021.

“O segundo trimestre de 2021, ainda que sob efeitos produzidos pela maior crise já registrada na história do setor de Turismo e retratada na receita ainda pressionada do período, apontou uma retomada do agendamento de viagens e dos planos de viagens ao longo do segundo semestre e início de 2022, estes refletidos no crescimento de embarques confirmados”, analisou a administração da CVC Corp.

DOMÉSTICO SEGUE CONDUZINDO
Os resultados da CVC Corp no Brasil seguem centrados no Turismo doméstico e a empresa avalia essa tendência como positiva. “Projetamos que o relaxamento de medidas restritivas para entrada em diversos países e o avanço da vacinação podem impactar positivamente vendas, em especial a partir do quarto trimestre.”

“Ainda que tenhamos sinais positivos, avaliamos que o setor ainda está longe de recuperar-se integralmente das perdas causadas pela pandemia”, analisa a CVC Corp.

“Nesse sentido, entendemos estar bem posicionados e prontos para capturar oportunidades, estando a CVC Corp fortalecida em sua saúde financeira e patrimonial, com grandes investimentos em tecnologia e em outras frentes estratégicas estabelecidas, usufruindo da força de suas marcas no Brasil e Argentina e liderança no setor de turismo do cone sul. Permanecemos otimistas com os prognósticos para o segundo semestre e início de 2022 e atentos aos eventuais desdobramentos da pandemia”, pontuou a CVC Corp no documento.

CAIXA
No primeiro semestre de 2021 o grupo consumiu R$ 202,6 milhões de caixa em suas atividades operacionais frente a uma geração de R$ 916,2 milhões no primeiro semestre do ano anterior, resultando em uma variação de R$ 1,1 bilhão. Essa variação se justifica basicamente pelo recebimento de vendas efetuadas antes do período de pandemia, no montante de R$ 1,9 bilhão (incluindo antecipações de recebíveis no montante de R$ 400 milhões no primeiro trimestre de 2020) que foram parcialmente compensadas pelos pagamentos feitos a fornecedores, que totalizaram R$ 647 milhões, resultando em uma geração líquida de caixa no valor de R$ 1,2 bilhão. No período findo em 30 de junho de 2021, a variação de contas a receber de clientes, líquida dos saldos a pagar a fornecedores, geraram um caixa de R$ 59 milhões.

A dívida bruta da companhia permaneceu praticamente inalterada em relação ao 1T21, ao passo que a dívida líquida ao final do 2T21 era de R$ 717,9 milhões, ante R$ 600,2 milhões no trimestre anterior, fruto do consumo de caixa nas operações da CVC Corp.

Está em curso uma capitalização privada, pela qual, até o momento, foram captados R$ 453,7 milhões, já disponíveis no caixa da companhia, e que contará com pelo menos mais um período de rateio de sobras das ações, sendo que o primeiro se encerrou em 9 de agosto de 2021 e o segundo ocorrerá de 16 a 20 de agosto.

B2B CRESCE, B2C RECUA
As reservas confirmadas da CVC Corp Brasil no trimestre cresceram 21% em relação ao 1T21 e de 728,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, início da pandemia. No segmento B2C, houve aumento de 14,4% no 2T21 em comparação ao 1T21, totalizando R$ 790,4 milhões, favorecidas pelo avançar do programa de vacinação no País e que tem sido determinante para o aumento da demanda do Turismo doméstico. “Para as viagens internacionais, observa-se rápida reação de demanda conforme restrições fronteiriças mais severas vão sendo retiradas”, avalia a CVC Corp.

As reservas confirmadas no segmento B2B totalizaram R$ 670,5 milhões no 2T21, aumento de 29,7% vs 1T21 e de 569,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a CVC Corp “devido ao reaquecimento de nichos, ganho de market share e aumento do terrestre no mix de venda, em linha com planejamento estratégico e avanço do projeto de integração da unidade”.

As reservas totais da CVC Brasil no 2T21 recuaram 5,8% em comparação com o 1T21, totalizando R$ 1,18 bilhão. No B2C houve recuo de 24,1% frente o 1T21, enquanto que o B2B apresentou crescimento de 16,6% em relação ao 1T21 com sinais de retomada de viagens corporativas e maior busca por destinos nacionais.

PEDIDOS DE REEMBOLSO
O saldo de remarcação das reservas e dos serviços que foram adiados por causa da pandemia era de R$ 906,1 milhões no final do 2T21, R$ 38,9 milhões inferior ao saldo final de março, o que mostra um volume bastante alto de viagens interrompidas na pandemia e que ainda precisam ser feitas e honradas pela CVC Corp. Os pedidos de reembolsos totalizavam R$ 156,7 milhões, saldo de R$ 24,7 milhões acima do observado ao final do 1T21, mostrando mais uma vez que os viajantes preferem adiar a cancelar suas viagens.
O segmento B2B registrou take rate de 7,9% no 2T21 vs 8,3% no 1T21 (-0,5 p.p.). No semestre, o take rate do B2B foi de 8,1% contra 5,5% do 1S20, um acréscimo de 2,6 p.p.

Divulgação
Leonel Andrade, CEO da CVC Corp
Leonel Andrade, CEO da CVC Corp
MAIS CASH E CARTÃO DE CRÉDITO
No 2T21 a participação do financiamento próprio na CVC representou 9% do total de vendas novas do período, em comparação 6% no 1T21 e 20% no 2T20. Em relação aos demais meios de pagamentos, o destaque é o aumento na participação de cartões de crédito dos 32% no 2T20, 38% no 1T21 para 53% no 2T21 e a redução de Financeiras (32% no 2T20, 40% no 1T21 e 17% no 2T21). Em relação a pagamentos à vista (15% no 2T20, 16% no 1T21 e 21% no 2T21), houve um pequeno aumento no 2T21.

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