Entrevista de Renato Kido à PANROTAS gera indignação em agentes de viagens
Segundo MOAV, fundador da ViagensPromo faltou com transparência e não abordou a totalidade do tema

A entrevista exclusiva de Renato Kido e seu advogado dr. Anthonio Araújo (ABLAW Advocacia) ao Portal PANROTAS gerou indignação em dezenas de agentes de viagens. Instantes depois que matéria que foi ao ar nesta terça-feira (30), a reportagem começou a receber respostas seja por meio das redes sociais ou por meio dos canais oficiais da PANROTAS.
Um desses contatos partiu do Movimento Organizado dos Agentes de Viagens (MOAV). O grupo, que dentre várias ações protocolou uma representação no Ministério Público de São Paulo solicitando a abertura de investigação criminal contra a ViagensPromo, Renato Kido e a Faturepag, enviou uma nota oficial pedindo transparência total, documentação comprobatória e restituição concreta dos valores devidos às agências prejudicadas pela crise.

Leia na íntegra o comunicado assinado por André Colaço Cabral, presidente MOAV - Movimento Organizado dos Agentes de Viagens:
NOTA OFICIAL – MOAV RESPONDE À ENTREVISTA DE RENATO KIDO
O Movimento Organizado dos Agentes de Viagens (MOAV), representado por seu presidente, vem a público, em nome dos milhares de agentes atingidos pela crise da ViagensPromo, manifestar seu posicionamento diante da entrevista concedida pelo fundador da empresa, Renato Kido, publicada no Portal PANROTAS.
Embora a entrevista busque apresentar números e versões que minimizam a gravidade do ocorrido, é fundamental esclarecer que a realidade enfrentada pelos profissionais do setor vai muito além do que foi exposto.
Na fala, o senhor Kido limitou-se a mencionar supostos valores devolvidos via chargebacks, mas não apresentou qualquer comprovação detalhada ou documentação que permita atestar a veracidade desses números.
Além disso, omitiu que uma parte significativa dos pagamentos realizados pelas agências se deu por meio de boletos bancários, modalidade em que não há mecanismo de chargeback e que, até hoje, permanece sem solução.
Muitos desses pagamentos sequer tiveram qualquer resposta ou devolução, deixando dezenas de agências em situação de completo desamparo e sem qualquer perspectiva de reparação.
É imprescindível que o senhor Renato Kido apresente os números completos e explique de forma clara e documentada onde foi parar o dinheiro movimentado pela ViagensPromo.
Também deixou de abordar o fato de que diversos chargebacks não foram autorizados pelos bancos emissores, o que agravou ainda mais as perdas de centenas de agências.
Da mesma forma, os pagamentos feitos via PIX, que representaram somas expressivas de recursos, não foram sequer mencionados em sua declaração. É necessário ressaltar que nesses casos as agências, para não prejudicar seus clientes, honraram integralmente os valores com recursos próprios e até hoje seguem acumulando prejuízo. Ignorar esse fato é não apenas omitir a verdade, mas é no mínimo irresponsável tentar transferir para as próprias agências de viagens — as principais vítimas de todo esse processo — a responsabilidade que cabe única e exclusivamente ao senhor Renato Kido.
É importante destacar ainda que seria um absurdo admitir qualquer possibilidade de retorno do senhor Renato Kido ao mercado sem que todos os problemas causados sejam antes solucionados. Sua entrevista e as falas de seus advogados deixam evidente a falta de conhecimento sobre a verdadeira estrutura do Turismo brasileiro e sobre os danos profundos gerados por sua má gestão. Tal postura em nada se assemelha à conduta esperada de um grande player do mercado, que deveria primar pela responsabilidade, transparência e respeito ao trade.
Diante disso, o MOAV reforça que a narrativa apresentada não condiz com a extensão dos prejuízos enfrentados pelos agentes de viagens, clientes e colaboradores. Não basta alegar vitórias judiciais ou citar valores parciais sem comprovação; o que se exige é transparência absoluta, restituição concreta e respeito àqueles que mantêm viva a cadeia do Turismo no Brasil. Os agentes de viagens não podem continuar arcando sozinhos com a conta de um desastre empresarial que poderia ter sido evitado com mais responsabilidade e ética.
Adiantamos que a referida entrevista será encaminhada ao Ministério Público do Estado de São Paulo, uma vez que se trata de mais uma prova cabal da conduta ilegal e doloso praticada pelo entrevistado.
O MOAV seguirá firme em sua missão de acolher, orientar e mobilizar os profissionais, exigindo das autoridades, do mercado e dos responsáveis pela ViagensPromo medidas que garantam justiça, transparência e reparação.
André Colaço Cabral
Presidente
MOAV – Movimento Organizado dos Agentes de Viagens
Brasil, 30 de setembro de 2025
Cartas não valem de nada, diz agente de viagens
Por e-mail, outro leitor relata que teve de fechar sua agência a MS Turismo. Segundo ele, as opções dadas pela ViagensPromo não foram suficientes para reverter o prejuízo causado pela operadora.
Leia o relato:
Meu nome é Marcelo, sou de Itaúna, e fui proprietário da agência MS Viagens e Turismo.
Em decorrência da situação envolvendo a ViagensPromo, perdi minha empresa, deixando mais de 40 clientes lesados. A maioria efetuou pagamentos e não realizou as viagens contratadas. Em muitos casos, os cartões de crédito não efetivaram o chargeback; os pagamentos via boletos continuam em aberto e os nomes de clientes chegaram a ser inscritos no Serasa.
Em nenhum momento a ViagensPromo ou seus representantes legais entraram em contato para oferecer qualquer solução. As cartas enviadas não tiveram efeito prático, pois os bancos não reconhecem tais documentos. Os processos judiciais estão paralisados, já que não se consegue notificar a empresa ou seu proprietário.
Essa situação, além de uma grande injustiça, representa um desrespeito profundo a todos os profissionais e clientes envolvidos. Eu, pessoalmente, perdi meu trabalho e os 27 anos de experiência que dediquei ao setor de Turismo.
Marcelo Souza, da MS Viagens e Turismo