Raphael Silva   |   13/08/2018 16:45

Turismo começa a dar fim aos canudos plásticos, mas e agora?

Ação conjunta pelo fim dos canudos deve representar apenas o primeiro passo de uma conscientização em massa sobre o uso do plástico

Nas últimas semanas, o Turismo seguiu a onda do banimento de canudos plásticos. Grandes empresas do setor, como a aérea American Airlines, os grupos hoteleiros Accor e Marriott, as armadoras Royal Caribbean e Norwegian, além dos parques Walt Disney World, oficializaram a decisão de substituir os itens, adotando novas soluções sustentáveis.

A mudança se dá diante de um panorama preocupante envolvendo o meio ambiente. Nos Estados Unidos, a ONG Eco-Cycle relata que 500 milhões de canudos de plástico são descartados por dia. O Fórum Econômico Mundial aponta que há 150 milhões de toneladas métricas de plástico, e que, caso a produção siga nesse ritmo, a previsão é de que exista mais plástico do que peixes no oceano até 2050. Será, porém, que só extinguir os canudos é o suficiente?

"Os canudos são o emblema de um movimento para banir de vez os plásticos de uso único do planeta. O relatório do Fórum Mundial foi fundamental, pois vem das mãos de uma organização comandada por chefes de estado. Isso é sinal de que a situação é séria", afirmou o ambientalista Gabriel Bitencourt, em entrevista ao Portal PANROTAS.

Em um setor que transportará 1,8 bilhão de pessoas até 2030, cresce a importância de medidas sustentáveis envolvendo o operacional das empresas. Hotéis reduzindo o uso de plástico e tentando conscientizar os hóspedes quanto ao uso excessivo de água, aéreas investindo em propulsores que poluem menos o meio ambiente são apenas alguns exemplos a serem citados.
Divulgação
Canudos de bambu e outros materiais começam a surgir como solução
Canudos de bambu e outros materiais começam a surgir como solução

AS SOLUÇÕES
Segundo Bitencourt, substituir o plástico por materiais orgânicos, como o papel e papelão - para o caso de pratos e canudos - e madeira - para garfos e facas - pode ser o próximo passo para empresas ligadas do setor turístico. "Para alguns casos, o plástico é essencial. Para todos os outros, temos que abolir o material", completou o ambientalista.

Um dos empreendimentos brasileiros a adotar o fim dos canudos plásticos, o Grupo Rio Quente afirmou que serão desenvolvidos canudos feitos de raiz de mandioca e cana, que levam, no máximo, dois anos para se decomporem no meio ambiente.

O Grupo Latam Airlines, por sua vez, revelou, com exclusividade ao Portal PANROTAS, que está realizando uma análise do potencial de reciclagem de tudo o que é comercializado na aérea e procurando alternativas para embalagens que não são recicláveis. Assim, a empresa espera adotar um sistema de reciclagem a bordo que inclua a maior quantidade possível de resíduos. Isso, porém, não deve acontecer a curto prazo, segundo a própria empresa.

E POR AQUI?
No Turismo, o prêmio Braztoa de Sustentabilidade é referência no assunto. A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) honra os players que se demonstram como um negócio sustentável, gerando benefícios para a sociedade e reduzindo o impacto ambiental. Para a presidente da entidade, porém, faltam mais ações como essa para incentivar a mudança do setor no País.
Emerson Souza
Prêmio Braztoa de Sustentabilidade, comandado pela presidente Magda, é uma das referências do Turismo no assunto
Prêmio Braztoa de Sustentabilidade, comandado pela presidente Magda, é uma das referências do Turismo no assunto

"O trabalho da Braztoa é um trabalho anual, pois não adianta apenas coordenar ações pontuais. É preciso buscar uma mudança cultural do brasileiro e também do setor", afirmou a mandatária, Magda Nassar. "Isso passa muito mais por um pensamento coletivo do que apenas projetos pontuais", completou.

Uma das gigantes por aqui a anunciar o banimento dos canudos plásticos, a Accor Hotels destacou que esse é apenas o primeiro passo para uma mentalidade mais sustentável.

O objetivo da ação, segundo a vice-presidente de Comunicação e Responsabilidade Social Corporativa da companhia na América do Sul, Antonietta Varlese, é conscientizar tanto o colaborador quanto o hóspede sobre essa situação.

"Acreditamos que percepção precisa chegar a todos, e ações como o banimento dos canudos é o começo. Com grandes companhias tomando a frente desse caso, acredito que podemos fazer com que as pessoas mudem de comportamento", concluiu Antonietta.

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